O Índice de Progresso Social (IPS), divulgado hoje pela instituição global sem fins lucrativos Social Progress Imperative, sugere que os países da América Latina devem ter como meta priorizar o progresso social. O IPS indica ainda que as desafiadoras condições econômicas locais não devem necessariamente ser um obstáculo à melhoria de vida dos cidadãos.
O IPS 2016 – que classifica 133 países com base em seu desenvolvimento social e ambiental – foi criado por uma equipe cujo assessor principal é o professor Michael E. Porter, da Harvard Business School. Ele foi criado como um complemento a outros indicadores, com o objetivo de permitir uma compreensão mais holística do desempenho geral das nações pesquisadas.
De modo geral, os países da América Latina e do Caribe foram relativamente piores em suas colocações em relação à edição 2015 do levantamento, ao registrarem queda em índices comparados com seu poder econômico em uma faixa de medidas de progresso social. Esse recuo é percebido especialmente em relação à tolerância e inclusão e liberdade pessoal (itens avaliados dentro da chamada dimensão de “Oportunidade”, uma das três medidas básicas empregadas pelo Índice). Seguindo esta linha de avaliação, o IPS mostra que os países da região têm baixa classificação em outras várias medições. As questões de segurança pessoal, em especial, são problemáticas, assim como o acesso à educação superior.
Os resultados desagregados de progresso social no Brasil confirmam as tendências regionais: enquanto o País aparece inserido no grupo de médio-alto progresso social, na 46ª posição na avaliação média de todos os indicadores, ele aparece em 77º e 123º lugares, respectivamente, nos quesitos moradia e segurança pessoal.
Apesar disso, o Brasil lidera o grupo dos BRICS, seguido por África do Sul, Rússia, China e Índia. Exceto o Brasil, cujo avanço social, na 46ª posição, é mais alto do que seu PIB per capita (54ª), todos os BRICS têm baixo desempenho no IPS. Já em relação aos países da América do Sul, o Brasil ocupou a 4ª posição, ficando atrás de Chile, Uruguai e Argentina.
O perfil apresentado pelo Brasil demonstra desafios-chave para o progresso social nos próximos anos, particularmente na dimensão de necessidades humanas básicas. Nesse quesito, o País fica na 75ª posição no ranking global, com déficits importantes em segurança pessoal (ele aparece entre as dez últimas posições do ranking) e também em cuidados médicos básicos e de moradia. Outros desafios para o Brasil envolvem, na frente de fundamentos de bem-estar, a necessidade de endereçar questões de acesso à informação e comunicações. Na dimensão de oportunidades, o País deve melhorar os índices relacionados ao acesso à educação superior.
Os resultados da edição 2016 do IPS mostram que, embora haja uma correlação entre o progresso social e o PIB, o crescimento econômico está longe de garantir avanços no campo social. Por outro lado, permitem verificar também que as nações podem continuar a melhorar a vida dos cidadãos, apesar das dificuldades econômicas enfrentadas por milhões de pessoas na América Latina.
O Índice
O Índice de Progresso Social permite avaliar a eficácia com que o progresso econômico de um país se traduz em desenvolvimento social. Assim, o progresso social pode ser analisado diretamente, independentemente do desenvolvimento econômico dos países, mensurado pelo Produto Interno Bruto (PIB). A Comunitas é uma das organizações que integram a rede.