Em sua 16ª edição, a pesquisa destaca o crescente compromisso das empresas com investimentos sociais, abordando desafios e a importância de parcerias para potencializar os impactos positivos na sociedade
Na manhã de hoje (08), a Comunitas fez lançamento da edição 2023 da Pesquisa do Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC), trazendo o cenário atual e perspectivas futuras para o âmbito do investimento social praticado por empresas, bem como suas fundações e institutos. Cerca de 50 pessoas participaram do evento, contando executivos sociais de organizações do setor privado, lideranças públicas e lideranças de entidades do 3º setor.
No decorrer do encontro, foram expostos os principais resultados da pesquisa, bem como as tendências globais no âmbito da sustentabilidade corporativa. Em seguida, foram discutidas as perspectivas para o campo do investimento social no Brasil, com enfoque natural do BISC para o investimento corporativo. Para finalizar, ocorreu uma conversa com a Secretária de Captação de Recursos da Prefeitura do Recife e Coordenadora Geral do Programa ProMorar, Beatriz Carneiro Menezes, abordando a cooperação entre os setores público e privado no contexto de mitigação e adaptação das cidades diante das mudanças climáticas e da maior frequência de situações emergenciais.
Além da secretária, o evento contou com a participação de lideranças do investimento social corporativo associadas à Rede BISC, como a Head da B3 Social, Fabiana Prianti; o Gerente de ESG e Marketing da Serasa Experian, Paulo Gomes; e a Gerente Geral de Investimento Social da Fundação Vale, Pâmella De-Cnop; e o Diretor Presidente do Instituto Votorantim, Cloves Carvalho. Também estiveram presentes lideranças da Comunitas, como a diretora de Gestão e Investimento Social, Patricia Loyola, e seu coordenador, João Morais.
Com uma série de novidades, como o enxugamento do questionário para os respondentes e a realização de um grupo focal com lideranças das empresas da Rede, o BISC mantém seu compromisso de buscar a qualificação do investimento social corporativo nas empresas por meio de dados e evidências que direcionam a tomada de decisão, além de ressaltar a importância do ISC na construção das agendas ESG e de Sustentabilidade nas empresas.
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Roda 1 – Tendências e futuro do ISC no Brasil
Com mediação de Patricia Loyola, o primeiro painel do dia contou com a participação da Head da B3 Social, Fabiana Prianti; do Gerente de ESG e Marketing da Serasa Experian, Paulo Gomes; e da Gerente Geral de Investimento Social da Vale, Pâmela De-Cnop.
A plenária debateu as temáticas de alinhamento dos investimentos sociais aos negócios e da importância das parcerias para potencializar o impacto positivo gerado, duas frentes estratégicas que apareceram com força na pesquisa.
“A gente não vai conseguir dar escala em todos os projetos que apoiamos sozinhos. Nas formações que promovemos, precisamos não apenas dos computadores, mas também garantir que o beneficiário finalize o programa de formação. Precisamos garantir que ele tenha o vale transporte e a alimentação, por exemplo. E é possível encontrar parceiros que nos ajudem a reduzir esses custos”, contou Paulo Gomes.
Além disso, o grupo enfatizou que o alinhamento aos princípios ESG das companhias não se limita ao cumprimento de requisitos, mas requer uma abordagem estratégica de longo prazo para impulsionar avanços na sociedade.
“Nosso desafio é causar um impacto social profundo e em escala. Para isso, atuamos em territórios estratégicos, onde desenvolvemos um programa integrado de saúde e educação que já impactou mais de 100 mil alunos e 5 mil professores. Se a gente quer causar um impacto positivo, a gente não pode ficar em um território por apenas um ano. A gente fica por pelo menos quatro anos para transferir esse conhecimento para o poder público depois”, explicou Pâmella De-Cnop.
Roda 2 – Cooperação entre os setores público e privado em um cenário de crescimento do ISC em situações emergenciais e iniciativas climáticas
A segunda roda, conduzida por Cloves Carvalho, Diretor Presidente do Instituto Votorantim, teve início com uma breve apresentação da atual situação climática da Terra, destacando a elevação da temperatura global em 1,2ºC e o aumento da ocorrência de eventos climáticos extremos. O foco da discussão foi o impacto dessas mudanças, com ênfase nas consequências das inundações em Recife (PE) em 2022, que expuseram a vulnerabilidade da cidade, que é listada como uma das 16 cidades com maior probabilidade de desaparecer em decorrência da subida do nível do mar.
A Secretária de Captação de Recursos da Prefeitura do Recife e Coordenadora Geral do Programa ProMorar, Beatriz Carneiro Menezes, compartilhou a experiência da cidade após a tragédia das chuvas. Foi enfatizada a importância de que o apoio privado na mitigação dos efeitos tenha relação com as reais necessidades e capacidades do poder público. Além disso, reconheceu-se a necessidade de a agenda evoluir da mitigação para a adaptação climática e que o investimento social privado pode ter papel decisivo na agenda nas frentes de fortalecimento das capacidades estatais, por exemplo para a elaboração de projetos, e de capacitação e empregabilidade.
Neste contexto, surge o ProMorar, maior programa de requalificação e resiliência urbana da história do Recife. Com um investimento estimado em R$ 2 bilhões, o projeto visa tornar as regiões mais vulneráveis do Recife mais resilientes às mudanças climáticas. As obras incluirão água canalizada, coleta e tratamento de esgoto, pavimentação, e etc. Porém, o ProMorar não se limita a obras físicas. O programa também inclui ações de educação e conscientização da população sobre a importância da resiliência urbana.
A colaboração entre o setor público, empresas e instituições financeiras, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) desempenhou um papel vital na captação de recursos e na implementação do ProMorar. “Nós tivemos um apoio muito grande do BID, e o programa ProMorar é o maior programa de resiliência urbana do BID no mundo atualmente. É preciso pensar em grandes estratégias de infraestrutura com um olhar voltado para o social. É moldar a engenharia para o social, e não o contrário”, explicou Beatriz.
A discussão também enfatizou a importância de alinhar os interesses do investimento privado às políticas públicas, criando uma relação de ganha-ganha que beneficia tanto as empresas quanto a sociedade. “O ProMorar é um projeto com tanta capilaridade que várias empresas querem dar visibilidade para elas. E elas conseguem ver que o pouquinho que elas fazem aqui vai trazer um benefício enorme lá na frente”, finalizou a secretária.
Destaques do BISC 2023
A pesquisa revelou aumento da importância dada pelas empresas aos seus investimentos sociais corporativos. O ISC como proporção do lucro bruto das empresas subiu de 0,69% para 0,80% entre 2021 e 2022. O setor industrial registra forte tendência de alta, tendo atingido 1,13% do lucro bruto.
A despeito de o ISC ter mostrado evolução superior ao desempenho financeiro das empresas, o valor total de ISC apresentou ligeira redução de 6,1%, somando R$ 4,026 bilhões. A queda foi influenciada pela redução dos investimentos incentivados. Além disso, a pesquisa aponta uma redução da abrangência da atuação social quanto a populações e temáticas trabalhadas.
Em sua 16ª edição, o BISC traz mudanças significativas com relação às edições anteriores, fruto de um cenário de constante transformação. O questionário da pesquisa foi reduzido em 40%, focando na quantificação do investimento social corporativo, incluindo volume de recursos, segmentações, focalização por beneficiários, temáticas sociais, territórios e estratégias de atuação. Mesmo com tal diminuição, a pesquisa manteve o seu caráter reflexivo.
“Estamos felizes pela publicação de mais essa edição do BISC. E com as mudanças que ocorrem na sociedade, nos sentimos na obrigação de acompanhar essas tendências. Quem vem acompanhando a pesquisa ao longo dos anos, sabe que nós fazemos o lançamento dos destaques e, no ano seguinte, lançamos a edição completa. Este ano, pela primeira vez, conseguimos fazer o lançamento da edição completa no mesmo ano”, contou Patricia Loyola.
Destaque para a aplicação da metodologia de pesquisa por meio de grupos focais com lideranças sociais da Rede BISC, capturando tendências, desafios e oportunidades no ISC. A ideia é que essas mudanças venham a reforçar o papel do BISC como uma comunidade de aprendizado e disseminação de conhecimento entre profissionais do setor social, institutos e fundações, agregando valor público ao conhecimento gerado nesse campo.
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