Durante encontro, também foram apresentados dados preliminares do relatório 2019.
A Comunitas realizou, ontem (13), mais um Grupo de Debates BISC, onde reuniu executivos sociais de diversas empresas integrantes da rede do Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC) para debaterem, trocarem experiências e buscarem, juntos, caminhos para ampliar a qualificação e impactos dos investimentos sociais privados. O encontro serviu, também, para auxiliar na construção do BISC 2019, que traçará o novo perfil dos investimentos sociais das empresas brasileiras.
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O primeiro tema em debate foi o papel dos incentivos fiscais. Os dados parciais do BISC 2019 demonstram que, apesar de importante, a participação dos incentivos fiscais na composição dos orçamentos sociais não é fundamental para explicar o desempenho do grupo. Porém, os executivos sociais apontaram tendência de aumento da participação dos incentivos nos valores investidos socialmente – com peso maior para projetos sociais voltados à públicos de vulnerabilidade social, e redução de investimento em audiovisual, por exemplo.
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“A Comunitas tem como missão qualificar os investimentos sociais corporativos, e o BISC, por meio de todo olhar que se teve há 11 anos, decidiu focar no conhecimento do campo, muito mais que atuar no varejo de consultorias específicas. Então, por isso vemos, hoje em dia, a capacidade e o poder do BISC de influenciar tantas empresas em sua tomada de decisões, a pesquisa tem esse papel”, explicou Patricia Loyola, diretora de Gestão e Comunicação da Comunitas.
Já quando o assunto é o campo de atuação social, a educação continua – com larga diferença, como prioridade para a rede BISC. De 2012 até 2017, a parcela dos investimentos em educação cresceu de 31% para 47%. E os dados de 2018 demonstram que a tendência é de manutenção ao até aumento desse percentual. Segundo Anna Peliano, coordenadora de pesquisa BISC, essa forma de investimento demonstra a vontade das empresas (e principalmente, as fundações e institutos empresariais) de alinharem o posicionamento de responsabilidade social às estratégias comerciais, aproximando-se de temas sociais críticos para seu negócio.
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“Precisamos mudar a visão assistencialista que existe lá no fundo do investimento social privado, que causa uma certa miopia na leitura de indicadores. Precisamos construir uma rede para nos fortalecer, com estratégias visíveis, éticas e com mais equilíbrio, onde empresas e sociedade possam ganhar”, acredita Ligia Garcia, Relações Institucionais da Leão Alimentos e Bebidas, uma empresa do grupo Coca-Cola.
Quanto às aplicações sociais obrigatórias, os dados parciais de 2018 apontam que 64% das empresas do grupo declararam executar ou participar de projetos econômicos que incluem a obrigatoriedade legal de realizar ações socioambientais voltadas para as comunidades. Ao separar por área de atuação, metade dos investimentos é voltado para infraestrutura e grande parte (43%) para a região Norte do País.
Voluntariado empresarial também foi pauta do encontro, os dados preliminares apontam que o volume de recursos investidos em programas de voluntariado, em 2017, foi da ordem de R$ 11,5 milhões – um aumento de 11% em relação a 2017, e a proporção de colaboradores das empresas que participam dos programas de voluntariado aumentou de 7% para 8%.
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Mas os executivos demonstram ressalvas para os programas de voluntariado. “Nós queremos voluntários, mas, ao mesmo, exigimos uma alta carga de trabalho da pessoa em diversos setores. Precisamos de formas de balancear para que ele não abandone o programa”, observa Adriana Oliveira, responsável pelo voluntariado na Eletrobrás.
Participação do CECP
Parceiro da Comunitas há quase 10 anos no intercâmbio de boas práticas em investimento social corporativo, o Chief Executives for Corporate Purpose (CECP) também esteve representado no encontro.
Por meio de vídeo, Laura Galindo, associada sênior do Global Exchange, e André Solórzano, gerente sênior de Insights de Dados, apresentaram alguns destaques da próxima edição do Giving Numbers, relatório do CECP que aponta tendências mundiais do investimento social corporativo, e tem lançamento previsto para outubro deste ano.
Um dos dados apresentados foi sobre doações combinadas entre empresas e funcionários (voluntariado ou contribuições de caridade com desconto em folha de pagamento, por exemplo). Os dados mostram que, nos últimos três anos, houve redução de 6% no valor monetário das contribuições dos funcionários. “Pela primeira vez, desde que estou no CECP, testemunho uma redução assim. Perguntamos as empresas o motivo desse dado e uma das possíveis causas é a redução do orçamento geral das empresas, que atinge, também, as doações combinadas”, disse André.
Clique aqui, faça o download da apresentação com os dados do CECP e acompanhe o vídeo abaixo.
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