Grupo de líderes brasileiros completam o quarto dia do curso International Program for Public Leaders em Washington, DC
Qual é o estado das democracias e como aproximar os eleitores das políticas públicas foram dois dos temas abordados na palestra de abertura do quarto dia do International Program for Public Leaders in Washington DC, curso correalizado pela Comunitas e a Leadership Academy for Development (LAD) – projeto do Center on Democracy, Development and the Rule of Law (CDDRL), parte do Freeman Spogli Institute for International Studies da Universidade de Stanford, e elaborado em parceria com a Escola Johns Hopkins de Estudos Internacionais Avançados.
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“Uma das coisas que alimentam a insatisfação com a democracia é a sensação de que ela resulta em impasse. A desconfiança com a democracia está também na Europa, nos Estados Unidos, não só no seu País”, explicou James Fishkin, especialista em Comunicação Internacional no Departamento de Comunicação da Universidade de Stanford, onde é professor de comunicação e professor de ciência política.
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Em seguida, Fishkin falou com os participantes sobre inovação em democracias. O grupo debateu o orçamento participativo, a validação de decisões de gestores e consultas públicas. “Sou favorável ao modelo de escutar a população. Fizemos 12 audiências públicas, eu mesmo estive presente em algumas delas”, contou , governador do Pará.
Os desafios da era digital também foram abordados. “A sociedade criou um reality show, até que demorou para chegar na política. Agora, a política precisa se adequar a essa realidade, que não vai mudar. Estamos ao vivo 24 horas nos bares, shoppings, universidades, e até velórios”, diz Filipe Sabará, presidente do Fundo Social de São Paulo. “O problema das redes sociais é que só falamos com aqueles que pensam como nós, e não com quem pensa diferente. Criamos em Stanford um moderador automático para deliberação que controla os tempos de fala de cada um e os principais assuntos para criar grupos diversos que possam aprender uns com os outros. Vamos usar esse modelo para as eleições americanas e pode ser usado também no Brasil”, disse Fishkin.
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O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite também comentou:
Temos um descompasso atualmente porque a população quer mais participação e protagonismo de um lado, e, ao mesmo tempo, as pessoas querem respostas mais rápidas por parte do governo, porque a vida está mais rápida, especialmente por conta dos meios de comunicação que temos hoje em dia. As duas coisas são completamente opostas. Mas participação envolve mais custos decisórios e mais tempo.
O governador lembrou da Rede Bem Cuidar, desenvolvida em Pelotas (RS) com o apoio da Comunitas, que já recebeu prêmios como o Center for Active Design nos Estados Unidos, e o InovaSUS, do Ministério da Saúde. “O governo ao invés de chegar com o formato pronto do projeto, fizemos oficinas, envolvimento da comunidade chamando para diversos encontros, em um trabalho de cocriação para definir o sistema de atendimento, quais especialidades estariam ali e o que a população mais queria daquela unidade de saúde.
À tarde, Anthony Williams, o prefeito de Washington DC, entre 1999 a 2007, compartilhou com os líderes brasileiros a sua experiência na transformação da capital americana. “Prefeitos têm oportunidade com as mídias sociais de criar uma administração eficiente e transparente. A maioria dos eleitores não liga para partido político, eles só querem que as coisas funcionem”, disse Williams, que é do partido democrata.
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“Sentimos empatia em escutar como foi o dia a dia de quem comandava a cidade e ver que passou por problemas semelhantes aos nossos”, disse o prefeito de Campinas, Jonas Donizette. Os participantes aprenderam com a experiência de Williams e questionaram o ex-prefeito sobre temas variados como orçamento municipal, metas e estratégias para manter boas práticas de gestão pública.
A segunda metade do dia foi dedicada a uma visita guiada ao bairro NoMa, que surgiu em uma antiga zona industrial e foi modernizada, ao norte da Massachusetts Avenue.
O dia terminou com uma visita ao World Resources Institute (WRI), uma organização independente, não partidária e sem fins lucrativos dedicada ao estudo de políticas que visam proteger o planeta e melhorar a vida das pessoas. Foram realizadas diversas apresentações de práticas da organização com líderes como Elizabeth Cook, vice-presidente de estratégia e desenvolvimento institucional e Aniruddha, diretor global.
As soluções de problemas públicos também passam por parcerias intersetoriais e organizações como a WRI e a Comunitas possuem papel importante nesse sistema”, acredita Manoel Cintra, que falou em nome da governança do Programa Juntos.
Sérgio Avelleda, Diretor de Mobilidade Urbana da WRI e ex-secretário municipal de Mobilidade e Transportes da cidade de São Paulo, tratou de Mobilidade e Acesso para Todos. “É preciso enxergar a mobilidade não apenas como um serviço para conectar as pessoas de um ponto A, ao ponto B, mas como uma ferramenta de avaliação e análise da transformação social e econômica que nossas cidades apresentam”.
Avelleda também agradeceu a parceria com a Comunitas, ainda em sua gestão municipal. “A Comunitas se engajou na gestão que nós participávamos, para apoiar uma gestão menos burocrática, mais participativa, empreendedora, aberta a participação da sociedade civil e parcerias”.
A Comunitas
A Comunitas é uma organização da sociedade civil brasileira que tem como objetivo contribuir para o aprimoramento dos investimentos sociais corporativos e estimular a participação da iniciativa privada no desenvolvimento social e econômico do país.
Por meio do envolvimento de diversos atores, estimula e fomenta ações conjuntas com o propósito comum de promover o desenvolvimento sustentável por meio da parceria de líderes empresariais, engajados nas várias frentes de atuação da Comunitas.
É a segunda vez que a Comunitas promove a ida de lideranças públicas para capacitação e troca de experiências em universidades renomadas mundialmente. Em 2018, a organização coordenou o Accelerating Growth in Brazilian Cities – Special Program for Brazilian Mayors, em uma das mais renomadas universidades do mundo, a Universidade de Columbia, em Nova Iorque (EUA).
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