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Gestores participam de debate sobre inovação em saúde pública

O que as cidades têm feito para administrar os gargalos da saúde pública referentes a orçamento e recursos humanos foi o tema que permeou a roda de debates sobre Gestão e Inovação em Saúde, no 8º Encontro de Comitê Gestor, realizado pela Comunitas nesta terça-feira, em São Paulo. O evento recebe representantes públicos de municípios que integram o programa Juntos e tem como objetivo fomentar a troca experiências sobre os desafios e os sucessos vivenciados na administração pública.

“A gente acredita muito nessa rede criada com o Juntos e saúde pública é uma pauta que domina nossa agenda. É um debate que queremos ampliar e trazer representantes de outras cidades que já manifestaram interesse em conhecer as soluções implementadas com o apoio do programa, que refletem na melhoria do serviço e na eficiência dos processos”, afirmou a diretora-presidente da Comunitas, Regina Célia Esteves de Siqueira.

Durante as exposições, a secretária adjunta de Saúde de Pelotas, Ana Costa, relatou a experiência da Rede Bem Cuidar e ressaltou a importância de a administração pública mudar alguns paradigmas para conseguir inovar.  “O processo de construção do projeto, cocriado em parceria com o Juntos e a Agência Tellus, fez com que inaugurássemos alguns serviços como o de educação física e acolhimento dos pacientes. Também foi implantada a cozinha experimental e a farmácia distrital. Essas mudanças têm feito a diferença na qualidade do atendimento à população”, citou. Além disso, foi inaugurado o Programa Mãe Pelotense, experiência replicada de Santos, que dá assistência à gestante durante toda a gravidez, incluindo o período pré-natal, parto e pós-parto, além de acompanhar o bebê até os 24 meses de vida.  A Rede Bem Cuidar foi eleita a 2ª melhor experiência em saúde do Brasil em 2015 pelo Prêmio InovaSUS, do Ministério da Saúde.

Januario Montone, representante da consultoria Monitor Saúde, chamou a atenção para modelo de financiamento que subsidia a saúde pública: “É necessário discutir o formato de investimento no setor, que gera perda sistêmica de aplicação do recurso”. O consultor sugere um ativismo governamental para tornar o processo híbrido e mais eficaz, por meio de parcerias e inovações, sem aumento dos impostos. “A prefeitura de Pelotas buscou parcerias de financiamento, de implantação e de gestão com a atuação de Organizações Sociais. Há, portanto, um falso dilema quando discute-se que para melhorar a administração é preciso ter mais recursos”, exemplificou.

O desafio de implementar projetos que garantam a perenidade dos serviços públicos com a troca de mandato permeou a fala do diretor de comunicações da RioSaúde, Bruno Aragaki. Ele apresentou o modelo de gestão híbrido que incorpora as melhores práticas do privado com a transparência exigida pelo público.  “Nosso objetivo é atender a demanda com qualidade, otimizar o serviço público e aumentar a satisfação dos pacientes. Para isso, usamos indicadores que sinalizam a aprovação dos pacientes e um sistema de metas que bonifica as equipes”, explicou.  A RioSaúde gerencia quatro unidades de emergência no Rio de Janeiro, responsável pelo atendimento de cerca de 60 mil pacientes ao mês.  Na avaliação de junho, aprovação de cada uma delas ficou acima de 80%.

Já Marcos Calvo, Secretário de Saúde de Santos, discorreu sobre o desafio da Escola de Mães de contribuir para a redução do índice de mortalidade infantil na região, atualmente na margem de 10,8 para cada mil nascimentos. “Em parceria com a Agência Tellus, parceira técnica da Comunitas, pensamos em ações que poderiam trazer uma melhoria na qualidade das atividades educativas para as gestantes e que fortalecessem diversos grupos que já existiam antes do programa”, relatou. O mapeamento do cenário, realizado junto às mães, com entrevistas e visitas locais, resultou na criação de 10 oficinas e 20 soluções que ainda estão em fase de implementação. “O projeto tem um olhar além da gestação. Observamos os aspectos biológicos, emocionais e sociais”, complementou.

No encerramento da roda de discussão, o Secretário de Finanças de Paraty, Leonidas Santana, falou o que a cidade tem feito para diminuir a dependência dos royalties do petróleo (compensação paga ao poder público pela realização da atividade extrativista), que representava 60% do orçamento e que com a crise no setor, foi fundamental que a administração municipal buscasse fortalecer outras fontes de receita. “Fizemos uma estruturação orçamentária e financeira do fundo municipal de saúde.  Nesse processo, contamos com o  apoio de uma especialista, via Comunitas, que nos ajudou muito”, disse. Dentre as medidas adotadas, a reavaliação de fundos bloqueados incrementaram em cerca de dois milhões ao mês a receita para o setor.

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