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Investimento social corporativo e poder público: qual a relação?

Na economia, o Produto Interno Bruno (PIB) do primeiro trimestre de 2018 oscilou somente 0,1% em relação ao trimestre anterior (e a previsão para o segundo trimestre é ficar “próxima de zero”). Na política, praticamente oito em cada dez brasileiros estão descrentes com a classe política.

Esses são alguns dos dados que demonstram a atual instabilidade econômica e social enfrentada pelo Brasil. Porém, esses mesmos dados demonstram que a gestão pública precisa renovar. É necessária uma máquina pública mais eficiente, para prestar serviços melhores para o cidadão; rápida, para responder aos diferentes anseios na velocidade que a população pede; e, principalmente, próxima, que dialogue com cada setor da sociedade e fortaleça e estimule sua participação.

Iniciativa privada e a responsabilidade no apoio às políticas públicas

Nesse cenário de mais engajamento e participação da sociedade, houve uma mudança na postura das empresas. No final da década de 1990, ainda predominava nas empresas a concepção de que sua atuação no campo social deveria se desenvolver de forma independente e distante do poder público.

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“No momento em que decide como e onde atuar, a maioria das empresas declara que não leva em consideração os investimentos governamentais, ou seja, que não há relação entre os investimentos sociais privados e os investimentos sociais de governo. As justificativas caminharam para a linha de uma atuação independente do Estado, ‘de um não alinhamento’, ou para uma linha de desconhecimento do que o governo faz e de crítica a respeito de que ‘o Estado não faz sua parte’, e, por isso, as empresas ‘atuam para tapar buracos’, com a sensação de que não avançam, mas evitam prejuízos maiores”, dizia um relatório do Ipea, divulgado em 2001.

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Mas esse pensamento vem mudando gradativamente, especialmente entre as empresas que possuem uma atuação social expressiva e estruturada, como é o caso das que integram o grupo BISC. Atualmente, 75% das empresas que respondem ao BISC fazem parcerias com organizações governamentais para a realização dos investimentos sociais. Essas empresas veem no alinhamento às políticas públicas governamentais uma forma de compartilhar responsabilidades no enfrentamento dos problemas sociais – isso concede uma nova dimensão aos investimentos sociais, mais conectados com os desafios sociais do país.

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Dentre os principais benefícios gerados pelo alinhamento às políticas públicas, os executivos sociais das empresas que participam do BISC destacam uma maior visibilidade dos seus investimentos sociais e a melhoria da qualidade dos próprios projetos.

O estreitamento dessa união se dá principalmente à nível municipal, com 56% das empresas declarando fortalecer esse vínculo.

Mas o que as empresas têm feito nesse trabalho conjunto com o poder público?

Além do apoio direto a organizações governamentais, as empresas também dão sua contribuição ao alinhar seus próprios projetos às políticas públicas. O que significa esse alinhamento? Significa que os projetos são desenhados e implementados de acordo com as diretrizes de governo, a partir de um diálogo ordenado com os gestores públicos, e que eles contribuem para o alcance dos resultados previstos nas políticas governamentais.

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Exemplo disso é o Programa Juntos. Liderado pela Comunitas, a iniciativa nasceu da reflexão de líderes e acionistas de empresas brasileiras, presentes no 5º Encontro de Líderes, em 2012, de como transformar seus investimentos sociais em ações que impactem positivamente as cidades brasileiras.

Além do aporte financeiro, os líderes empresariais envolvem-se diretamente nos projetos e compartilham experiências com os gestores públicos, acompanham a evolução das iniciativas e colaboram para definir as diretrizes das ações.

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“A proposta é mostrar que a iniciativa privada, a sociedade e as prefeituras podem investir em parcerias inovadoras que fortaleçam a gestão pública, promovam o desenvolvimento local e melhorem os serviços à comunidade. Nosso intuito é fortalecer o papel de protagonistas da administração pública municipal no desenvolvimento econômico e social do país e aproximar sua relação com o cidadão”, explica Regina Esteves, diretora-presidente da Comunitas e cofundadora do Programa Juntos.

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O trabalho realizado pelo Juntos nas cidades parceiras foca na melhoria da gestão das cidades, e busca gerar impacto sistêmico e sustentável, em áreas como, por exemplo, o equilíbrio das contas, entendido como condição para o mínimo planejamento e entrega de resultados em áreas de grande demanda da população como saúde e educação.

Atualmente, o Juntos está presente em diversas cidades brasileiras, como São Paulo, Salvador, Teresina e Campinas, e atinge mais de 24 milhões de cidadãos. Além disso, atua por meio da replicabilidade das ações em diversas outras cidades do país, à exemplo da parceria inovadora com o Governo do Pará.

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As ações e resultados do Juntos deram origem à diversas publicações, produzidas para poderá auxiliar inúmeras outras cidades na resolução de desafios em segurança pública, licenciamento urbano, gestão fiscal, parcerias público-privadas, tecnologia, e diversos outros. O programa anda gerou a Rede Juntos, uma plataforma aberta e gratuita que visa empoderar e possibilitar a troca entre servidores públicos municipais.

 

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