Ao todo, serão quatro sessões de mentoria ministradas por gestores e especialistas, que fazem parte da Rede da Comunitas, com experiência na implementação de projetos em gestão de pessoas em secretarias de saúde
A Jornada Líderes da Saúde iniciou uma nova etapa do conteúdo formativo das cidades participantes. Na manhã de sexta (24), as equipes de Ananindeua (PA), Fortaleza (CE), Pelotas (RS) e Petrolina (PE) receberam a primeira sessão de mentoria de gestores e especialistas, que integram o quadro da Rede da Comunitas, com experiência na implementação de projetos em gestão de pessoas em secretarias de saúde.
Ao todo, estão previstos quatro encontros com as mentoras convidadas para participar da Jornada Líderes da Saúde: a Secretária de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (MG), Elizabeth Jucá; a Secretária de Saúde do Município de Mogi das Cruzes (SP), Andreia Godoi; e a Secretária Adjunta de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul, Ana Costa.
O encontro apresentou as especialistas aos participantes e, sobretudo, permitiu que as equipes dialogassem com as mentoras sobre os projetos-pilotos que estão sendo idealizados para solucionar os desafios enfrentados na gestão de pessoas das secretarias de saúde dos municípios em questão.
Iniciado com a Jornada de Transformação da Gestão de Pessoas no Setor Público, o Programa de Mentores tem a finalidade de apoiar os municípios participantes da iniciativa com o desenvolvimento das soluções dos desafios enfrentados localmente. Nesta edição da Jornada, as cidades selecionadas indicaram dores em questões como engajamento de servidores e avaliação de desempenho, por exemplo.
Andreia Godoi: “Não treinar e nem reciclar os seus funcionários é uma deficiência do gestor”
Ao abordar a questão do mapeamento de competências, com foco no desenvolvimento de lideranças, Godoi foi taxativa ao explicar que a falta de treinamento e reciclagem de funcionários é uma grande falha do gestor, pois impede que a chefia identifique novas lideranças.
Mas, para isso, é preciso que haja um planejamento alinhado com o projeto de governo do prefeito ou governador. “Esse governo criou uma Secretaria de Planejamento Estratégico, que fez um treinamento norteador com os secretários e com pessoas que eles identificaram como pontos focais em suas secretarias. Esse ponto focal, obrigatoriamente, precisa ser da casa, tem que ter o perfil administrativo com foco em planejamento e com a própria secretaria, que definiu esse ponto focal. De acordo com o plano de governo do prefeito, a gente alinhou o plano plurianual e cada secretaria tem um departamento de planejamento, que fica cobrando suas ações”.
Ana Costa: “Mapear competências é bom, mas não é o suficiente”
Ana Costa fez coro à fala de Andreia Godoi, acrescentando que o desenvolvimento de lideranças, a partir de um mapeamento de competências, pode não ser a melhor estratégia, visto que as mudanças necessárias não ocorrem com a velocidade desejada. “A formalização do mapeamento é necessária, mas não é garantia de que será possível desenvolver competências, ainda mais pelo fato de que existem muitos municípios distantes do centro [administrativo]”.
Um outro desafio que ela apresentou trata da resistência dos servidores de trabalharem a partir de demandas por resultados. Para ela, para isso ser resolvido, é necessário que as metas sejam pactuadas de cima, a partir da esfera governamental, para baixo, com os servidores.
Elizabeth Jucá: “A mudança de cultura é muito difícil porque existe muita resistência”
Jucá explicou que um dos maiores desafios do serviço público é a mudança de cultura e engajamento dos servidores. Para ela, não adianta apenas estabelecer metas porque, no serviço público, não há o costume de trabalhar em cima de métricas. E isso vai gerar uma grande resistência junto aos servidores públicos. “Para romper essa resistência, é necessário deixar claro que ele [o servidor] é importante também e que ele pertence àquele objetivo da gestão. Isso é engajamento”.
Para que esse engajamento possa ser construído, deve-se fazer um trabalho intenso de comunicação junto aos servidores. “Trabalhar com pessoas e avaliá-las é um grande desafio, mas é uma grande oportunidade de melhoria. E investir na comunicação é fundamental. Quem trabalha com serviço público, não é só salário, é um propósito. É buscar a melhoria da sociedade como um todo e para todos”.
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