Após debates de décadas, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou, em 2015, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma iniciativa com foco na agenda socioambiental. A lista define 17 temas humanitários que devem servir como prioridade nas políticas públicas globais até o ano de 2030. Apesar dos desafios de implementação, as empresas estão se sentindo motivadas a alinhar suas ações de responsabilidade social aos ODS e percebem nesse movimento uma oportunidade para alçar os investimentos sociais a uma nova dimensão, mais abrangente e mais conectada às políticas públicas e ao campo dos negócios.
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É preciso saber, no entanto, em que medida esse otimismo empresarial se reflete na adesão das metas. Segundo a pesquisa BISC – Benchmarking do Investimento Social Corporativo, entre 2016 e 2017, mais do que dobrou o percentual de empresas que estão adotando as diretrizes dos ODS como um referencial para o planejamento e a gestão dos seus projetos sociais – o número pulou de 24% para 50%.
O investimento social corporativo alinhado aos ODS cresceu de 24%, em 2016, para 50% em 2017
No entanto, os desafios a serem enfrentados pelas empresas para avançar no alinhamento dos investimentos sociais aos ODS não são simples. Essa conexão significa adotar diversas recomendações da Organizações das Nações Unidas (ONU), como garantir uma abordagem multissetorial no tratamento dos problemas sociais, intensificar as parcerias e considerar os impactos (positivos e negativos) na implementação de cada um dos projetos nos demais ODS.
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Os 17 ODS estão conectados e têm como base o princípio de que os direitos humanos não podem ser divididos. Ou seja, nenhum direito pode ser integralmente implementado sem que os outros também sejam. Por exemplo, isso significa observar se um projeto de estímulo à produção de alimentos pode implicar maior consumo de água.
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Segundo a pesquisa BISC, esse é um dos motivos que desafiam as empresas em alcançar cada um dos objetivos isoladamente, uma vez que o desenvolvimento sustentável demanda a realização de todos eles de forma integrada e complementar, conforme ressalta a Agenda 2030.
Os executivos ainda elencam mais alguns diversos desafios na incorporação dos ODS em seus investimentos sociais. Os três que empatam na primeira posição são:
- Garantir recursos financeiros para investir em novos projetos;
- Conseguir que diferentes unidades da empresa se comprometam e apoiem a proposta de incorporação das diretrizes dos ODS nas suas práticas de negócios;
- Integrar as três dimensões da sustentabilidade (econômica, social e ambiental).
Superintendente do Itaú Social, Angela Dannemann, enxerga a aproximação dos investimentos sociais corporativos aos ODS como indispensáveis para a organização onde atua. “É um alinhamento necessário e relevante, considerando nossa responsabilidade, declarada na nossa missão, de contribuir com a promoção de uma educação de qualidade para todos. Este ano estamos alinhando nossos objetivos institucionais às estratégias dos ODS 4 e 17, que tem mais relação com nossos programas e a área de sustentabilidade do Itaú Unibanco também está fazendo esse trabalho, apoiada nos ODSs específicos para as ações, além do 4, também o 5, o 8 e o 10”, explica.
Considerando que a vigência dos ODS é ainda muito recente, é natural que as empresas não tenham tido tempo suficiente para se preparar. Porém os resultados do último BISC, relatório liderado pela Comunitas que acompanha os compromissos sociais corporativos, apontam que as empresas estão dispostas a enfrentar os desafios e avançar nesse alinhamento, e, para tanto, os gestores concentraram suas sugestões em dois aspectos principais: ampliar o conhecimento interno sobre o tema e comprometer a empresa como um todo.
Sobre o BISC
Liderado pela Comunitas, o relatório Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC) é uma ferramenta criada para o acompanhamento anual dos investimentos sociais privados no Brasil. Com a pesquisa, é possível aferir a evolução dos compromissos sociais das empresas participantes do grupo, extrair a percepção dos gestores sobre a qualidade das aplicações, buscar novos temas para subsidiar a formulação de estratégias e melhorar a contribuição para o desenvolvimento do país. Além disso, por meio de uma parceria abrangente e inovadora com o CECP e com a Exchange, consegue-se comparar esses investimentos com padrões internacionais.
Em 2017, a pesquisa completou uma década, e aproveitou a ocasião para traçar e comparação os investimentos sociais das empresas parceiras nos últimos dez anos.
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