A informação foi consolidada pela Comunitas e o GIFE, responsáveis pelos mais importantes levantamentos referentes ao Investimento Social Privado no país
O valor de investimento total ao computar os valores informados para o BISC e o Censo GIFE foi de R$ 6,9 bilhões, montante bem superior aos R$3,6 bilhões, apontados na consolidação anterior, feita em 2018
Impulsionado pela pandemia, esse foi o maior aporte destinado à realização de iniciativas sociais privadas já visto desde o início de toda série histórica dos levantamentos realizados pela Comunitas, através da pesquisas BISC, e do Censo GIFE, que é realizado a cada dois anos pelo Grupo de Institutos Fundações e Empresas, associação de investidores sociais do Brasil. O volume de investimento na Rede BISC em 2020 teve um aumento superior a 95% em relação a 2019 e no Censo GIFE tal crescimento foi de 71% no mesmo período.
O BISC (Benchmarking do Investimento social corporativo), e o Censo GIFE abrangeram o universo de 324 empresas e 17 Institutos e Fundações Corporativas (BISC) e 131 organizações (GIFE). O trabalho de consolidação dos resultados soma os volumes de investimentos de ambas as amostras, eliminando duplicidades.
Há muitas convergências entre as pesquisas e poucas discrepâncias. Dentre as similaridades é possível apontar a identificação do fortalecimento da sociedade civil, que se consolidou com um papel fundamental de execução de ações e projetos durante a pandemia. O número de organizações apoiadas pela Rede BISC em 2020 foi 3 vezes superior ao visto em 2019. E segundo o Censo GIFE, lançado na última quarta, 01 de dezembro, 87% dos recursos de iniciativas de enfrentamento aos efeitos da Covid-19 foram destinados a terceiros.
Outra convergência foi o apontamento da ascensão do alinhamento dos investimentos sociais privados às políticas públicas. Segundo o Censo GIFE ganha força entre os investidores sociais o advocacy para influenciar políticas públicas. Dentre a Rede BISC a principal estratégia prevista para os próximos dois anos, neste campo, é a participação indireta por meio do apoio e fortalecimento de organizações sociais ou das comunidades para que elas influenciem as políticas públicas.
A crise mobilizou colaborações producentes e provocou um olhar mais sistêmico que oportunizou que públicos reconhecidamente vulneráveis e alocados em espaços que aprofundam a desigualdades (grandes centros urbanos e estados mais pobres) fossem beneficiados e esta característica ficou evidente em ambas as pesquisas.
Há também algumas discrepâncias e a principal diferença está na priorização de temáticas, no Censo GIFE o foco se manteve em Educação – historicamente a principal área receptora de recursos – enquanto Saúde passou ao topo da lista da Rede BISC no ano pandêmico.
Em linhas gerais, as duas pesquisas demonstraram a contundência da resposta privada no enfrentamento à pandemia. Tanto as organizações associadas ao GIFE, bem como à Rede BISC, aportaram valores muito maiores do que o previsto em orçamento. As ações de enfrentamento à pandemia fizeram com que os investidores sociais aumentassem o volume de recursos significativamente 67% da Rede BISC apontou em 2020 um aumento superior a 25% em relação a 2019. Ambas as pesquisas, apresentaram, também, percentuais similares de recursos destinados ao enfrentamento à Covid-19, 47% na Rede BISC e 43% no Censo GIFE.
Para Patricia Loyola, diretora de Gestão e Investimento Social Corporativo na Comunitas “No período em que o país vivenciou esta pandemia sem precedentes, o investimento social privado foi alçado a um posto ainda mais estratégico. A geração de dados e análises sobre como a crise impactou a atuação das empresas, assim como institutos e fundações é fundamental. Esta produção de conhecimento em torno do campo suporta e orienta a atuação dos gestores sociais mirando em fortalezas e lacunas, daí a importância da realização periódica de tais pesquisas”.
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