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Como a inteligência artificial mudará a sociedade?

Entre as áreas impactadas pelo avanço da Inteligência Artificial está a gestão pública.

Vocês já assistiram ao filme O Homem Bicentenário? Baseado no livro de Isaac Asimov, o filme mostra a história de um robô doméstico que começa a incorporar traços característicos do ser humano. Mas… Será que é possível uma máquina simular sentimentos e comportamentos do homem? Talvez a tecnologia esteja chegando próximo disso.

Existe um ramo da ciência da computação chamado de Inteligência Artificial (AI), voltado especialmente para o estudo e desenvolvimento de máquinas que possuam a capacidade de agir e ter a consciência que lembre o pensamento humano – o que a escritora americana Pamela McCorduck descreveu como “um desejo antigo de forjar os deuses”.

Um dos recursos da AI é o machine learning, que trabalha com a ideia de que máquinas podem identificar padrões, compreender e alterar seu funcionamento de forma automática, por meio de dados apreendidos em sua própria experiência. A tecnologia está presente em ações banais da sociedade, como o corretor ortográfico do celular, que aprende com o hábito do usuário.

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A corporação International Data Corporation estimou que o mercado de software de inteligência artificial saltará da faixa de US$ 8 bilhões, em 2016, para mais de US$ 47 bilhões até 2020.

Mas como isso afeta a sociedade? Saúde, transporte, educação, segurança: inúmeras e diferentes áreas serão impactadas com o avanço de máquinas com inteligência artificial. Cientistas preveem que durante as próximas décadas a AI transformará a forma com que a sociedade se locomove, cuida da saúde, trabalha e utiliza serviços.

Segundo a Universidade de Stanford, uma das mais renomadas do mundo, a medida de sucesso para aplicativos de IA é baseado no valor que eles criam para vidas humanas e na facilidade com que as pessoas usam e adaptam-se à essas tecnologias também determinará amplamente seu sucesso.

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Além disso, como os dispositivos de IA são suscetíveis a erros e falhas, o sucesso dependerá de como os usuários percebem e toleram suas deficiências.  À medida que o AI se torna cada vez mais incorporado no dia a dia e usado para tarefas mais críticas, erros do sistema pode causar uma reação dos usuários e afetar negativamente sua confiança – embora acidentes em um carro autônomo possa ser menos provável do que aqueles conduzidos por seres humanos, por exemplo, eles atrairão mais atenção.

Estratégias de design que aumentam a capacidade dos humanos em compreender os sistemas e decisões da IA, e participar de seu uso, podem ajudar a construir confiança e evitar falhas drásticas. Da mesma forma, os desenvolvedores devem ajudar a gerenciar as expectativas das pessoas, o que afetará sua felicidade e satisfação com dispositivos de IA. Frustração na realização de funções prometidas por um sistema diminui a confiança das pessoas e reduz a sua vontade de usar o sistema no futuro.

Outra consideração importante é como os sistemas de IA que assumem determinadas tarefas afetará as capacidades e capacidades das pessoas. Como as máquinas entregam o “super-humano” em algumas tarefas, a capacidade das pessoas de realizá-las pode diminuir.

À exemplo da introdução de calculadoras nas salas de aula, que reduziu a capacidade das crianças de fazer operações aritméticas. Porém, humanos e sistemas de IA possuem habilidades complementares, isso faz com que as pessoas possam se concentrar em tarefas que as máquinas não podem fazer também, incluindo raciocínio e expressão criativa.

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As crianças já estão cada vez mais expostas a aplicativos de IA, como a interação com assistentes pessoais em telefones celulares (como a Siri, da Apple) ou com agentes virtuais em parques temáticos. A exposição precoce irá melhorar as interações das crianças com aplicações de IA, que vai se tornar uma parte natural de suas vidas diárias. Como resultado, as lacunas aparecerão em como gerações mais jovens e mais velhas percebem as influências da AI na sociedade.

A Inteligência Artificial ainda pode ampliar a igualdade de oportunidades, caso o acesso à tecnologia seja distribuído pela sociedade de forma justa. Essas tecnologias melhoram as habilidades e a eficiência das pessoas que têm acesso a elas. Por exemplo, uma pessoa com acesso à artifício de tradução automática será capaz de utilizar aprendizagens em diferentes idiomas, o que amplia o leque de conhecimento.

Para Ansaf Salleb, especialista em Inteligência Artificial e professora da Universidade de Columbia, a IA pode tornar-se a extensão do ser humano. “A IA tem um poder computacional que não temos, então ela pode nos complementar. Poderia ser, por exemplo, a assistente do médico no diagnóstico de uma doença. Vejo muito potencial no recurso”, afirma.

Assista: Entrevista | Inteligência artificial e o futuro das cidades | Ansaf Salleb

Exemplos de IA na gestão pública

Em Nápoles, na Itália, o X-law foi implementado para auxiliar a polícia italiana a modernizar a forma com que combate o crime. Ao utilizar algoritmos (com dados como comportamento de suspeitos e criminosos e rotina da cidade), o sistema consegue “prever” crimes, identificando localidades com maior possibilidade de ocorrer um delito. Com isso foi possível reduzir a área de patrulhas de 125 km para 23 km por dia.

Nos primeiros dias de utilização, o sistema foi responsável pela prisão de homem que estava prestes a cometer um roubo.

O sistema “Malha Fina de Convênios”, do Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU), permite que o ministério repassador de recursos utilize o machine learning para analisar automaticamente a prestação de contas de transferências voluntárias da união e medir a probabilidade de aprovação ou reprovação das contas.

O objetivo é tornar mais rápido o procedimento de prestação de contas, e eventuais irregularidades, impactando na redução de processos no aguardo – em 2018, o estoque de 15,3 mil contas pendentes soma R$ 16,7 bilhões.

Outro exemplo também vem do Brasil: uma assistente virtual criada especialmente para auxiliar os municípios brasileiros na busca pelo equilíbrio das contas públicas. Criada pela Comunitas e desenvolvida pelo AppCívico, Iara auxilia os servidores públicos a solucionarem, de forma efetiva, as pendências de seu município no CAUC – espécie de “Serasa” para as prefeituras.

Iara é um chatbot fundamentado em inteligência artificial, o que significa que ela tenta reproduzir a capacidade de um ser humano em raciocinar. Através de um denso banco de dados, Iara ganha autonomia para responder sozinha questões sobre o CAUC.

Por se tratar de uma ferramenta de inteligência artificial, Iara trabalha com outros instrumentos de tecnologia como o machine learning, que faz com que ela reconheça as perguntas que estão sendo feitas e a ajude a respondê-las em uma linguagem natural.

 


 

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