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Comunitas lança Pesquisa BISC 2022 e destaca a resiliência do investimento social corporativo no Brasil

Apesar da projeção da redução de volume do investimento social, os ISCs se mantiveram elevados em comparação à série histórica

Na tarde de ontem (10), a Comunitas fez o lançamento da edição 2022 da pesquisa anual do Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC). O evento contou com a participação de cerca de 35 executivos sociais, de sustentabilidade e ESG das empresas que compõem a rede, além de ter promovido dois painéis temáticos, com a participação de representantes dos setores de indústria e de serviços.

A arte tem um fundo azul escuro com o logo do BISC em amarelo. Também é possível ler, em branco e azul claro: "confira os destaques do BISC 2022" 

Dentre os participantes do evento, podem-se destacar representantes de empresas e institutos/fundações como o A.C Camargo Center, Instituto Avon, B3 Social, BP, Cargill, Instituto Coca Cola, Gerdau, Instituto Oksigeno (Ambipar), Instituto Vedacit, Mattos Filho Advogados, Santander, Serasa Experian, Fundação Telefônica Vivo, Fundação Vale e Instituto Votorantim. Também participaram representantes de entidades como FIRJAN, GIFE, IDIS, Liga Solidária, Pacto Global (ONU), UNICEF, Fecomercio e FIESP. 

Manoel Cintra, presidente do Conselho da Comunitas, abriu o encontro reforçando a importância do engajamento dos membros da Rede com a pesquisa, bem como nos Grupos de Debates, organizados pelo BISC, e de suma importância para a análise dos dados. “A Comunitas tem grande responsabilidade de fortalecer o Investimento Social Corporativo (ISC) bem como disseminar as melhores práticas no Brasil. O ESG colocou a sustentabilidade nos debates das lideranças e vem contribuindo para uma governança corporativa com um olhar mais estratégico para a sociedade”. 

A apresentação dos dados ficou a cargo da Diretora de Investimento Social da Comunitas, Patricia Loyola. 

Todos os dados compilados na edição 2022 são referentes à atuação de empresas e ou seus institutos e fundações no ano anterior (2021). A pesquisa abrangeu um universo de 182 empresas e 11 institutos/fundações.  

A foto mostra uma mulher fazendo uma apresentação. Ao fundo, vemos um telão e ela está em pé, falando ao microfone

Crédito da imagem: Acervo Comunitas

A resiliência do investimento social 

O BISC 2022 marca 14 anos de uma pesquisa que visa apresentar padrões anuais do ISC no Brasil, com uma grande novidade com relação às edições anteriores. A análise das informações apuradas trouxe um olhar inédito para as diferentes características entre os setores da indústria e de serviços, inovação justificada por Loyola “Considerando a força do alinhamento do ISC aos negócios e ao ESG, tais recortes setoriais inéditos passaram a ser ainda mais relevantes para a qualificação da atuação social das empresas da Rede e para a disseminação do tema no país” 

As empresas da Rede demonstraram fôlego e resiliência ao manter um alto volume de ISC, aportando R$ 4,1 bilhões no ano. Mesmo que tenha havido uma queda ante o valor aportado de R$ 5,05 bilhões em 2020, o volume de 2021 foi o terceiro maior da série histórica e já considera a retirada de boa parte dos recursos extraordinários de enfrentamento da pandemia aportados em 2020. 

Esse fôlego foi puxado pelo desempenho dos investimentos realizados diretamente pelas empresas. Estes, que foram os principais impulsionadores do ISC durante a pandemia, também registraram queda em seus aportes no ano passado, contudo mantiveram patamar elevado, acima do registrado até 2019. Os incentivos fiscais voltaram com força em 2021, respondendo por 29% do ISC, maior percentual da série histórica do BISC. Os incentivos à cultura seguiram correspondentes a cerca de 50% dos recursos incentivados. 

A tendência de alinhamento dos investimentos sociais ao negócio das empresas é um movimento cada vez mais forte, no contexto da agenda ESG. Quase 90% da Rede BISC declaram já ter suas agendas direcionadas para tal alinhamento, 80% acreditam que a agenda ESG estará plenamente integrada em um prazo de até 5 anos e 70% enxergam que o protagonismo da agenda ESG pode potencializar o orçamento para o ISC. 

Ademais, a Rede aponta que a mensuração dos fatores ESG é complexa, com destaque para a complexidade da mensuração de fatores “S” – justamente onde a gestão estratégica do ISC pode colaborar de maneira decisiva. “Os departamentos de responsabilidade social das organizações estão cada vez mais animados com o avanço da agenda porque a pauta passou a ser vista como estratégica para a corporação, aproximando-a, inclusive, da alta liderança”, explica Loyola. 

Os dados do BISC revelam que resultados positivos do alinhamento ao negócio já vêm sendo percebidos, especialmente no que se refere à sustentabilidade nos negócios, relacionamento com stakeholders, aproximação com as comunidades e fortalecimento da imagem da companhia. 

A Rede BISC é bastante diversa no que se refere à população-alvo e às áreas sociais de seus investimentos sociais. Isso se reflete na atuação abrangente entre os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Os ODS-8 e ODS-10, relativos ao trabalho decente e crescimento econômico e à redução das desigualdades, obtiveram a maior cobertura pelo ISC em 2021. Os ODS relacionados à vulnerabilidade social se mostraram prioritários nas ações dos institutos e fundações, enquanto que, os ODS mais relacionados ao desenvolvimento econômico tiveram olhar mais atento do investimento empresarial.

Todas as empresas da Rede investiram em Educação em 2021, especialmente no sentido de recuperação das aprendizagens no pós-pandemia. Outro setor que recebeu aportes corporativos no período foi o de Capacitação e Empregabilidade, com 90% das organizações destinando  recursos para essa área. Para Loyola, isso pode ser sintomático “já que indica que as escolas públicas e privadas não têm preparado os profissionais que as empresas buscam”.  

Trocas e rodas de conversa entre setor de serviços e indústria 

Roda 1 – Indústria

A foto mostra quatro pessoas sentadas lado a lado, no alto de um palco, conversando. Ao fundo, vemos um telão. Também é possível ver várias pessoas sentadas ouvindo o debate.

Crédito da imagem: Acervo Comunitas

Ao olhar para o setor da Indústria, é possível perceber um aumento substancial do ISC nos últimos anos, indicando um potencial de crescimento da atuação social do setor. Quando comparado ao setor de Serviços, o investimento da Indústria é mais pulverizado, refletindo a atuação social mais territorializada.

Representando o setor industrial, participaram do painel o Diretor-Presidente do Instituto Votorantim, Cloves Carvalho, a Líder de Responsabilidade Corporativa Cargill Brazil e Diretora-Presidente da Fundação Cargill, Flávia Tayama, e o Gerente de Relações Institucionais e Responsabilidade Social MG da Gerdau, Bruno Castilho. A mediação deste debate ficou a cargo da Diretora do Conselho de Responsabilidade Social da FIESP, Grácia Fragalá. 

O debate foi iniciado por uma provocação de Grácia Fragalá, que comentou sobre as diferenças entre os cenários de investimento entre a indústria e demais setores, mencionando sobre as variáveis impulsionadoras para a indústria.

Para Flávia Tayama, o que impulsionou o aumento no investimento da Cargill foi o enfrentamento à insegurança alimentar, que teve um aumento expressivo no último ano. “Tentamos direcionar o trabalho para fazer diferença na ponta. A empresa tem uma parte focada em agricultura familiar, onde por exemplo, existem editais que são abertos para que a Cargill trabalhe em conjunto com o agricultor familiar, ou seja, direcionando esforços para fazer a diferença socioambiental de forma compartilhada”.

Cloves Carvalho explicou a visão do Instituto Votorantim, mencionando, também, que é preciso adaptar os investimentos para direcioná-los às áreas mais necessárias. “Tendo em vista este planejamento, o investimento vem subindo nos últimos anos, ainda mais se levarmos em conta o mundo em que estamos vivendo. Hoje em dia, falamos para além do investimento de impacto, nós falamos sobre o investimento consciente, ou seja, como investimos de forma sustentável a fim de que a cadeia econômica cresça”, explicou ele. 

Bruno Castilho concorda com a afirmação, mencionando que uma empresa de mineração, por exemplo, provavelmente investirá no seu território de atuação. “Isso significa que a empresa atua na necessidade da região onde ela está inserida”. 

Roda 2 – Serviços

A foto mostra outras quatro pessoas sentadas em cima de uma palco. Ao fundo, podemos ver um telão em que se lê ""BISC 2022"

Crédito da imagem: Acervo Comunitas

A segunda roda de debates foi com o setor de Serviços que, segundo dados do BISC, passou a apresentar uma queda em seus investimentos no pós-pandemia, apesar de ter aportado mais durante a crise. Entretanto, este setor se mostra mais otimista quanto ao investimento social corporativo no futuro quando comparado com o setor de Indústria. 

O setor de serviços foi representado pela Head de Impacto Social do Santander, Renata Biselli, pelo Gerente Sr. de Estratégia e Gestão da Fundação Telefônica Vivo, Odair Barros, e pelo Head de Sustentabilidade Latam da Serasa Experian, Roger Cruz. A moderação ficou a cargo da Assessora Técnica do Comitê ESG da FecomercioSP, Cristiane Cortez. 

Odair Barros explicou que o momento é ideal para elevar o volume do ISC que, para ele, está diretamente relacionado com a retomada da economia. “Ao se levar em consideração que o país passou os dois últimos anos fechado, vejo esse momento como uma grande oportunidade de retomar a perda de aprendizagem por conta da pandemia, e consequentemente fortalecer políticas públicas que tragam esse recorte quando olhamos para o campo da educação (a área mencionada responde por 68% do ISC do setor de serviços)”. 

Ao se levar as diferenças entre indústria e serviços no que diz respeito a investimento territorial, é preciso se entender de que forma o setor de serviços vêm promovendo o desenvolvimento social de forma pulverizada. 

Roger Cruz explica que existe uma necessidade de se ter uma capacidade analítica de entender a demanda da sociedade como um todo, e não apenas para uma comunidade específica. Por isso, ele não considera que o investimento seja pulverizado, mas direcionado para as necessidades. “Novos modelos não matam modelos antigos. Ou seja, tudo vai de acordo com a capacidade analítica dos gestores de definir qual ação faz mais diferença na situação”, explicou ele.

Para que o ISC seja mais efetivo, é necessário fazer parcerias com demais setores e empresas, uma tendência já identificada pelo BISC ao longo dos anos. Renata Bizelli explica como o Santander tem conseguido alavancar o investimento social. “O crescimento do ISC no Santander se dá por meio de alianças, pois dessa forma é possível crescer juntos. No banco também existe uma área de microcrédito, que também está tentando falar com o banco nessa linha de ISC porque o cliente que também precisa de emprego será revertido positivamente para o banco”, explica ela. 

De acordo com Patricia Loyola, a conclusão de ambas as rodas de debate é que existe a necessidade de se explorar o que está por vir e quanto o IS pode contribuir na capacidade de inovação no enfrentamento dos nossos desafios sociais. “Em duas rodas, percebemos a importância das alianças e como o IS vai conseguindo penetrar neste universo corporativo, que inicialmente tinha um caráter mais apartado. Chama também a atenção às capacidades de escuta das comunidades, para entender o que o público precisa e o que a empresa pode devolver para a sociedade. E, por fim, a questão do impacto que pode sair fortalecido quando há o alinhamento do IS com políticas públicas”. 

 

Quer saber mais? Acesse os destaques do BISC 2022 aqui.

 

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