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No último dia de curso, participantes debatem infraestrutura e metodologias de contabilidade de emissão de carbono

Curso de 5 dias em economia verde visou capacitar lideranças para impulsionar o crescimento sustentável. Mais de 45h de programação com especialistas de Stanford e líderes empresariais, promovem aprendizado avançado e oportunidades de desenvolvimento

Crédito da Imagem: Bira Cosme

A Comunitas concluiu hoje (14), mais uma edição do programa de formação internacional. O projeto, que foi desenvolvido neste ano a partir de uma parceria com a Leadership Academy Development (LAD), foi realizado na Universidade de Stanford, na Califórnia, e contou com 24 pessoas na comitiva, entre lideranças públicas e privadas, das 5 regiões do Brasil. 

O curso, que tratou de economia verde, teve duração de 5 dias e foi desenvolvido com o objetivo de proporcionar conhecimento técnico e oportunidades de aprendizado para impulsionar o desenvolvimento de lideranças engajadas na promoção do crescimento sustentável e na transição para uma economia verde. Ao todo, foram mais de 45h de programação, com aulas de mais de 10 especialistas, dentre professores de Stanford e líderes empresariais. 

No último dia de formação, foram abordados temas como a importância das instituições e do aprendizado institucional na implementação de projetos de infraestrutura, a partir do estudo de caso “Construindo Gaobeidian: Desenvolvendo Infraestrutura Ambiental da Pequim Moderna”, com o professor Michael Bennon. Na aula “Navegando na Estrada do Net Zero”, com a Diretora na Iniciativa de Finanças Sustentáveis, Alicia Seiger, foram discutidos aspectos fundamentais com relação à padronização das regras de contabilidade de carbono e outras medidas importantes para a implementação de um mercado de carbono em nível global. 

O dia foi encerrado com a cerimônia de diplomação, em que os cursistas elogiaram a iniciativa da Comunitas e agradeceram a oportunidade de terem participado desta edição do programa de formação internacional. 

“Viemos aqui em Stanford, em mais um curso promovido pela Comunitas, com a presença de governadores, secretários e líderes empresariais, fazendo esse movimento que realizamos já há alguns anos, que é o fortalecimento de lideranças públicas”, contou a diretora-presidente da organização, Regina Esteves

Estudo de Caso – Construindo Gaobeidian: Desenvolvendo Infraestrutura Ambiental da Pequim Moderna

Crédito da Imagem: Bira Cosme

No último estudo de caso da formação, com o professor Michael Bennon, foram abordadas questões como a importância das instituições, a necessidade de aprendizado institucional e a influência de fatores políticos e econômicos na implementação de projetos de infraestrutura. Também foram destacadas a competitividade entre diferentes atores e instituições internacionais na área de financiamento e desenvolvimento de infraestrutura.

O Grupo de Drenagem de Pequim (BDG) enfrentou desafios significativos na implementação e gestão da infraestrutura de tratamento de águas residuais da cidade chinesa devido à sua rápida urbanização. Com uma população que cresceu de cinco milhões para mais de 20 milhões de habitantes, foi necessário expandir e reformar continuamente a capacidade de tratamento de resíduos. 

“Apesar do estouro no orçamento, que foi três vezes maior do que o previsto, a China assumiu os custos adicionais. O projeto teve avanços tecnológicos significativos, incluindo a utilização de água reciclada, o aumento da capacidade e avanços tecnológicos”, contou Bennon

A Estação de Tratamento de Esgoto de Gaobeidian foi uma das principais instalações envolvidas nesse processo de expansão e evolução da rede de esgoto da cidade. Durante o projeto, foram consideradas abordagens institucionais, incluindo a perspectiva do Japão, que focava na reforma ambiental com base em instituições, e na orientação do Banco Mundial para transformar o governo chinês em uma concessionária e adotar uma abordagem institucional mais ampla.

O caso evidenciou a importância das instituições internacionais na microgestão de projetos, enfatizando a condicionalidade como um fator crucial para o êxito. Além disso, o estudo de caso destacou a importância do aprendizado institucional e da renegociação da concessão, bem como os desafios relacionados ao crescimento tarifário. As mudanças institucionais foram consideradas fundamentais para o desenvolvimento da infraestrutura ambiental, incluindo a viabilidade de utilizar investimentos privados e parcerias para financiar projetos.

Navegando na Estrada do Net Zero

Crédito da Imagem: Bira Cosme

No encontro com a professora Alicia Seiger, foi discutido o tema da contabilização de carbono e os desafios associados a ele. O resumo das últimas três décadas mostra que a tentativa de atribuir um valor ao carbono como solução para os problemas ambientais enfrentou obstáculos na implementação de políticas globais. A conferência climática de Paris, em 2015, trouxe à tona a questão da democracia ambiental e da financeirização verde, sugerindo que soluções ambientais podem ser adquiridas por meio de investimentos financeiros.

Seiger salientou que o caminho para alcançar o Net Zero (emissões líquidas zero) tem enfrentado desafios significativos. Houve uma falta de atenção à equidade, e problemas como a precificação inadequada de ativos e políticas de moradia trouxeram problemas indesejados. O conceito de Net Zero emergiu como um apelo democrático e tem ganhado impulso desde 2018, com grandes empresas adotando iniciativas nessa direção.

De acordo com ela, a contabilização de carbono desempenha um papel crucial nessa jornada. No entanto, é importante distinguir entre diferentes escopos de emissões e considerar fatores como o aumento das emissões de carbono na atmosfera. A transparência, previsibilidade e auditabilidade dos modelos e previsões também são essenciais para garantir uma contabilidade de carbono de forma precisa. Nesse contexto, o conceito de ELM (Environmental Liability Management, ou Gestão de Responsabilidade Ambiental) é mencionado como uma abordagem que busca equilibrar as responsabilidades e criar obrigações e limites para a contabilização de carbono. No entanto, existe um debate de como países em desenvolvimento podem trabalhar com esses sistemas e como empresas e organizações podem adotar a contabilidade de carbono. São necessários conhecimentos especializados em contabilidade financeira e de balanço, além da fluência em tecnologia e dados relacionados às emissões de carbono. A criação de certificações para o mercado de carbono também é discutida, com o objetivo de garantir a qualidade dos créditos de carbono.

Seiger também destacou que o mercado de carbono ainda está em estágio inicial e é baseado em filantropia, não sendo amplamente transacional nem integrado aos balanços financeiros. “Para que o mercado de carbono se torne uma nova economia, é necessário capitalizar os ativos de carbono e estabelecer regras e regulamentações claras e padronizadas. A contabilidade de carbono em si não reduzirá as emissões, mas é uma peça fundamental no processo de aquisição de informações para uma discussão e implementação efetivas”, explicou ela.

Outro ponto abordado foi a necessidade de padronizar as regras de contabilidade de carbono em nível global, a fim de criar um entendimento comum e superar a heterogeneidade dos padrões atuais. Essa padronização pode desempenhar um papel importante na transformação do paradigma vigente relacionado ao fluxo de carbono.

Quem participou da formação?

Ao todo, 24 gestores dos setores público e privado participaram da 3ª edição do programa de fortalecimento de lideranças da Comunitas. Dentre os líderes públicos, podem-se citar: os governadores Eduardo Leite (RS), Eduardo Riedel (MS) e Helder Barbalho (PA). Também fazem parte da comitiva a Conselheira do Tribunal de Contas do PA, Daniela Barbalho; o Secretário de Planejamento do PR, Luiz Augusto Silva; a Secretária de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de MG, Marília Melo; a Secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de SP, Natália Resende; o Secretário de Planejamento e Entregas Prioritárias da Cidade de SP, Fernando Chucre; a Secretária Nacional de Planejamento e Orçamento, Leany Lemos; o Secretário Nacional de Geologia, Mineração e Transformação Mineral, Vitor Saback; e os deputados federais por SP, Paulo Alexandre Barbosa e Pedro Paulo Teixeira de Carvalho.

 

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