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14º Encontro de Líderes da Comunitas ressalta a importância da cooperação entre os setores como solução para o Brasil

O encontro, que contou com diversas lideranças das iniciativas pública e privada, debateu a administração governamental durante a pandemia e os desafios da retomada econômica

Uma noite pensada para debater o Brasil no pós-pandemia. Esse foi o tema central do 14º Encontro de Líderes, realizado pela Comunitas na noite de ontem (07). O evento, que foi realizado de forma híbrida, com participação presencial e online de várias lideranças dos setores púbico e privado, foi marcado pelo tom positivo dos convidados. Isso porque, apesar da crise sanitária que assolou o mundo por quase dois anos, a pandemia dá sinais de enfraquecimento – o que significa o momento de retomada da economia e dos investimentos públicos que precisam ser feitos para alcançar esse objetivo.

Dentre os convidados estavam os governadores João Dória, Ronaldo Caiado e Eduardo Leite, dos estados de São Paulo, Goiás e Rio Grande do Sul, respectivamente; o ex-Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, a Ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Carmen Lúcia, o economista e professor da Columbia University, Jeffrey Sachs. O encontro também contou com a participação de diversos empresários e líderes que fazem parte da governança da Comunitas, que complementaram os debates com a visão da iniciativa privada: Luis Idelfonso Simões Lopes, executive chairman da Brookfield, Carlos Jereissati, CEO do Grupo Iguatemi, Pedro Passos, cofundador da Natura e Regina Esteves, diretora presidente da Comunitas.

O evento debateu a importância da parceria entre os setores público e privado, bem como a importância da sustentabilidade, a preservação da Amazônia, e os investimentos a serem feitos para o crescimento da economia verde, os impactos sociais da pandemia – e de que forma as contratualizações têm agilizado as iniciativas públicas a atender aos anseios populares -, as saídas para o Brasil no pós-pandemia e a convergência das bandeiras políticas em prol da governabilidade do país após o próximo ciclo eleitoral.

Além disso, a Comunitas fez o lançamento de duas novas publicações: livro Jornada de Formação de Novos Prefeitos, que narra a trajetória do projeto desenvolvido em parceria com a Columbia University, que, por quase dez meses, reuniu prefeitos e prefeitas para ajudar a desenvolver Planos de Governo e de Metas em 12 municípios brasileiros; e do livro Mapa da Contratualização, material construído ao longo dos últimos meses, onde pesquisadores apoiados pela Comunitas, pela ENAP e pelo Instituto Votorantim se debruçaram na tarefa de mapear o universo de contratos entre governos e atores não-estatais, como empresas e organizações sem fins lucrativos, com o objetivo de apresentar alternativas que possam otimizar a burocracia tão conhecida no ambiente público.

 

 

Para Regina Esteves, diretora presidente da Comunitas, “a atuação integrada entre a iniciativa privada e a gestão pública durante a pandemia demonstrou o que a Comunitas já sabia: há um caminho muito importante a ser seguido, de trabalho em conjunto em prol de um país saudável e desenvolvido. Este Encontro quer fazer a diferença, provocando o avanço e inovação da gestão pública brasileira. Os desafios são inúmeros, mas ter pessoas dispostas a firmar um pacto coletivo em benefício de todos é muito gratificante”.

 

Jefrey Sachs: “Não há motivo para existir pobreza no Brasil”

 

A abertura das palestras ficou a cargo do economista e professor da Columbia University, Jeffrey Sachs, que também é um dos maiores defensores globais das iniciativas pela sustentabilidade social e a redução da pobreza e é presidente da Sustainable Development Solutions Network, órgão coordenado pela ONU. Ele defendeu que esse momento de incertezas causadas tanto pela pandemia, bem como pela política brasileira, foi o responsável pelo desmantelamento do desenvolvimento social do país e, portanto, devolvendo boa parte da população à pobreza. “Não há motivo para existir pobreza no Brasil”, defendeu ele, enfático. “Para pôr fim à pobreza, é necessário fazer investimentos em três setores: educação de qualidade, saúde e infraestrutura. É necessário fazer um investimento em capital humano, com nutrição de qualidade. Há alguns anos, o Brasil estava avançando nesse sentido, mas, de repente, estagnou. É preciso que o próximo governo tenha o compromisso de erradicar a pobreza até 2030”. Atualmente, mais de 30 milhões de pessoas no Brasil estão em algum nível de insegurança alimentar, o que significa que mais de 30 milhões de pessoas estão nos grupos de extrema pobreza e pobreza.

Sachs terminou sua palestra defendendo que o Brasil precisa assumir o protagonismo na questão climática, com especial atenção para as fontes de energia renováveis. E, sobretudo, que o país precisa “parar de queimar a Amazônia” e aproveitar todo o potencial econômico da floresta com a bioeconomia. “É preciso ter um plano, uma estratégia ambiental adequada para a conservação da Amazônia. O país precisa voltar a ter grandes ideias de proteção ambiental, com a riqueza da bioeconomia que tem na Amazônia, em lugar de promover a destruição da floresta tropical”.

Além disso, o professor Sachs destacou que o Brasil deve assumir o compromisso de reduzir a emissão de carbono até 2050 e que as empresas podem contribuir com o cumprimento desse objetivo ao desenvolver      tecnologias adequadas, como investir na popularização de carros elétricos e no uso de hidrogênio verde como alternativas.

Governança Compartilhada e Impacto Socioambiental

Solange Ribeiro: “As empresas perceberam que se a gente não mudar, a gente não vai mais estar aqui daqui a 30 anos”

Para debater a relevância da sustentabilidade na governança compartilhada e impacto socioambiental, levantada pelo professor da Columbia University, se seguiu a primeira rodada de debates. Subiram ao palco o já citado Luiz Ildefonso Simões Lopes, Solange Ribeiro, Diretora-Presidente Adjunta da gigante do setor elétrico Neoenergia e Vice-Presidente do Conselho do Pacto Global da ONU; Pedro Passos, co-presidente do conselho diretor da Natura e o responsável por implementar o atual modelo de gestão sustentável da empresa; Raquel Lyra, prefeita de Caruaru, e Gustavo Montezano, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que participou do evento de forma online.

 

Os painelistas, que são nomes fortes da liderança dos setores em que atuam, analisaram que a sustentabilidade já é uma demanda social e que as mudanças relacionadas ao impacto ambiental acontecem mais rapidamente nas empresas por que, se isso não for feito, o modelo de negócio se torna inviável, defendeu Solange Ribeiro. “Essa questão do clima, essa questão de desenvolvimento e sustentabilidade não é mais opcional. As empresas perceberam que se a gente não mudar, a gente não vai mais estar aqui daqui a 30 anos, não vai atrair as melhores cabeças. As empresas, além de fazerem, tem que influenciar os governos também. Nós temos que fazer todos juntos, privado, público e social, e os jovens estão vindo para essa discussão. Os jovens estão cobrando, estão se colocando. A palavra de ordem é: temos que fazer juntos”.

Pedro Passos fez coro à fala de Solange e acrescentou: “daqui a alguns anos, a empresa que não for carbono neutro, não vai existir mais. E as pessoas é que vão cobrar isso. Se o Brasil não tiver uma política ambiental, os nossos produtos serão barrados na fronteira. Nós perdemos o bonde da história aqui no Brasil”. Porém, ele também observou que a pandemia escancarou ainda mais a desigualdade social do país e que esse é um problema “só nosso”. Segundo ele, é preciso que todos os atores sociais, ou seja, os setores público-privado-sociedade, atuem em conjunto para diminuir a pobreza no país.

Impulsionadas pela pandemia, essas ações foram mais fortalecidas, estreitando ainda mais os laços entre os setores público-privado, gerando diversos investimentos, em especial os de cunho social.

 

O Desafio do Crescimento: o Papel do Estado e Iniciativa Privada

 

Para conversar sobre o Desafio do Crescimento: o Papel do Estado e da Iniciativa Privada, foram convidados para o debate Rodrigo Garcia, vice-prefeito de São Paulo, Zeina Latif, consultora econômica e uma das mulheres mais influentes do mercado financeiro, Luis Henrique Guimarães, executivo do setor de combustível e CEO da Cosan, e Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro.

Para Rodrigo Garcia, as demandas da sociedade é que mobiliza o setor público a buscar as parcerias com a iniciativa privada. “Hoje, São Paulo tem 60% do serviço de saúde contratualizado”, exemplificou ele. “A demanda da sociedade é o que força o Estado a fazer o investimento nas áreas. Em São Paulo, pela primeira vez, conseguimos assinar um contrato por resultado na Fundação Casa. Nós temos um nível muito alto de reincidência dos egressos da organização, que são menores infratores, e conseguimos fazer uma parceria com uma entidade social onde ela será remunerada no ponto de vista dos seus custos integralmente, mas terá um prêmio por resultado, e o prêmio é a diminuição da reincidência”.

Zeina Lafit salientou que a discussão dos nossos desafios como sociedade dependem fundamentalmente da melhora do debate público. “A gente vê iniciativas que são boas, que são importantes, mas que o debate fica interditado por conta do preconceito ideológico devido à polarização política. A academia e a imprensa são      os setores responsáveis por desatar esses nós”, cobrou ela.

Para Latif, crises são fatores que geram uma mudança de crenças na sociedade. “Eu acho que a pandemia teve esse poder de mudar a crença. Essas crises não podem ser desperdiçadas por que é aí que você ‘chacoalha’ e faz as mudanças. O ambiente de negócios do brasil é extremamente difícil e é necessário que seja mais facilitado para que a iniciativa privada continue a ter o espírito de coletividade”.

 

A Governabilidade no País e Prioridades para a Próxima Década

Eduardo Leite: “não pode ser sobre as vaidades, não pode ser sobre o que a política pode fazer por nós, mas pelo o que nós podemos fazer pelo povo”

Para o último debate, com o tema de Governabilidade no País e as Prioridades Para a Próxima Década, subiram ao palco João Dória, governador de São Paulo, Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, que participou de forma online, bem como a ministra do STF, Carmen Lúcia, o ex-governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e Luiz Henrique Mandetta, o ex-ministro da saúde.

Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo, defendeu que o Brasil precisa parar de perder os bondes da história e que o Brasil precisa se organizar para não perder, também, o bonde da economia verde. E salientou que os candidatos cotados para serem a 3ª via devem se unir em torno de uma agenda em comum, e não na figura de uma pessoa. “Precisamos deixar as vaidades e projetos pessoais de lado”, tudo em prol da governabilidade no país a partir de 2023.

Tanto Mandetta, quanto Dória, Caiado e Leite concordaram com a afirmação e declararam que abririam mão da candidatura em 2022 se fosse para atender as necessidades do país. Todos os caminhos apontam para convergência, segundo eles, inclusive citando o exemplo da fusão entre os partidos PSL e DEM no dia 06.

Eduardo Leite declarou: “não pode ser sobre as vaidades, não pode ser sobre o que a política pode fazer por nós, mas pelo o que nós podemos fazer pelo povo. As pesquisas mostram claramente o que a população não quer. O Brasil acabou de passar por uma década perdida e as pessoas se perguntam quando vamos ter uma década boa. Nós já perdemos tempo demais. Eu apoio a candidatura que melhor esteja mais afinada com os anseios da população”.

Carmen Lúcia, ministra do STF, salientou que o pleito de 2022 vai transcorrer normalmente, conforme previsto em constituição. “Eu posso garantir a confiabilidade do sistema de pleito. Nós temos todo um processo de audibilidade das urnas, as urnas são seguras. Durante quatro anos, nós preparamos, garantimos, testamos, formamos e informamos as pessoas. A confiabilidade do processo está introjetada. Ano que vem, nós teremos um processo eleitoral com honestidade, transparência e o respeito ao direito constitucional do povo brasileiro de escolher os seus líderes”.

 

Abaixo o vídeo do encontro completo:

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