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BISC discute caminhos para o investimento social

“Se vamos refletir sobre o investimento social, o papel das empresas e suas contribuições, é preciso explorar múltiplas possibilidades e soluções e evitar o caminho único.” Com esta fala, a professora Anna Peliano encerrou a primeira roda de conversa do Grupo de Debates do BISC – Benchmarking do Investimento Social Corporativo, realizado pela Comunitas nesta última quinta-feira, 12.

Formado por executivos sociais de grandes empresas e institutos, o grupo foi criado com a proposta de, a partir dos resultados captados na última pesquisa BISC, identificar caminhos para o aprimoramento da condução dos investimentos sociais destas empresas. “Nosso objetivo é utilizar a pesquisa como um instrumento de reflexão sobre a prática de cada empresa”, pontuou Peliano, que coordena a pesquisa BISC.

Durante a manhã, os participantes discorreram sobre mudanças recentes na condução dos investimentos sociais. Resultados captados na 7ª edição do levantamento forneceram elementos importantes para uma análise sobre a aproximação crescente dos investimentos aos negócios. Segundo a pesquisa, esse alinhamento pode representar um movimento de mão dupla: uma adaptação das atividades sociais ao cores business das empresas e vice versa, a adequação dos negócios aos compromissos sociais e ambientais das empresas.

Receita única

A tendência apontada na pesquisa foi confirmada na fala dos participantes, com a ressalva de que o alinhamento não segue uma receita única. “Quando a gente compara a atuação das empresas de diferentes setores, fica claro que o alinhamento dos investimentos sociais tem implicações muito distintas para cada setor da atividade econômica. O alinhamento pode ser muito amplo e tem vários caminhos a serem seguidos,” disse Peliano.
Um ponto em comum verificado na condução dos investimentos sociais entre empresas e institutos, mesmo que de diferentes setores, é a preocupação com a sustentabilidade de seus investimentos sociais. Atualmente, essas organizações estão muito interessadas em garantir que os projetos sociais apoiados sejam absorvidos pelas comunidades e tornem-se independentes da empresa.

Começar bem

Durante a segunda roda de conversa, realizada no período da tarde, os participantes do Grupo de Debate do BISC intercambiaram experiências de trabalhos conjuntos com instituições de governo, organizações sociais e com demais empresas privadas. A proposta foi identificar o que funciona e o que não funciona nessas parcerias. O grupo destacou que a identificação de organizações com objetivos em comum e o estabelecimento de uma real cooperação, na qual os parceiros sejam parte do processo, são elementos-chave para que os projetos realizados com as organizações sociais sejam bem-sucedidos.

Na modalidade de parceria com o poder público, a adoção de edital para seleção de municípios foi apontada, por exemplo, como uma estratégia bastante eficiente. Apesar do alto custo, a alternativa permite um processo de seleção transparente, criterioso, educativo e formativo. As experiências relatadas mostraram que o edital qualifica a seleção e traduz muito da disponibilidade do município de engajar-se nos projetos e cuidar do seu desempenho.
A mobilização da sociedade civil no momento da construção das parcerias com os municípios também foi destacada. Para osgestores sociais, vincular o projeto ao desenvolvimento local faz total diferença para um maior grau de envolvimento do município.

De modo geral, a definição de metodologias de trabalho, o acompanhamento sistemático, a realização de visitas e o diálogo permanente, a delegação de controle e definição clara de atribuições além da comunicação aos órgãos de controle competentes e oficialização das parcerias foram práticas pontuadas como essenciais para uma parceria bem sucedida.

Para a professora Anna, o debate possibilitou um grande aprendizado sobre os caminhos a serem construídos para parcerias de sucesso. O processo de adesão , por exemplo, é fundamental para o comprometimento dos envolvidos em todas as etapas posteriores . “Para funcionar bem, tem que começar bem. Às vezes a gente pensa muito em como desenhar e gerir um projeto social, mas nos esquecemos das precauções e dos cuidados iniciais.Seja por convite, por edital ou por visitas, se uma parceria começar bem, a chance de dar certo é muito maior”, afirmou.

BISC

O BISC – Benchmarking do Investimento Social Corporativo – é uma pesquisa que busca dimensionar todos os recursos financeiros, em bens e serviços, aplicados por empresas privadas em projetos e atividades de interesse social. A pesquisa é realizada pela Comunitas, organização da sociedade civil que tem como objetivo estimular o engajamento da sociedade e dos setores público e privado no desenvolvimento do país.
Para que os resultados da pesquisa BISC 2014 possam ser mais bem explorados, a Comunitas propôs que o Grupo de Trabalho se reúna periodicamente ao longo do ano de 2015. O objetivo é aprofundar a reflexão sobre temas selecionados pelas próprias empresas parceiras e colher subsídios para aprimorar a condução dos investimentos sociais do grupo.

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