Patricia Loyola, Diretora de Gestão e Investimento Social da Comunitas, destacou o papel estratégico que o ISP pode ter na Agenda ESG na frentes de transparência e indicadores
Na última quarta (12), a Diretora de Gestão e Investimento Social da Comunitas, Patricia Loyola, participou, como palestrante convidada, no painel “Aliados da Agenda ESG: transparência, métricas e comunicação”. A discussão ocorreu no evento de lançamento da publicação do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) intitulada “Investimento Social Privado: Estratégias que Alavancam a Agenda ESG”, que contou com o apoio técnico da Comunitas.
Em um contexto de crescimento e consolidação de regulamentações de reporte e práticas ESG, o painel teve o objetivo de debater as fragilidades ainda presentes em relatos do Investimento Social Privado e do próprio ‘S do ESG’ em geral, eixo que é comumente reconhecido como o mais difícil de ser monitorado e reportado pelas empresas.
Loyola citou estudos recentes que mostram as inconsistências que diferentes estruturas ESG possuem entre si no modo como rotulam, descrevem e organizam aspectos sociais. Foi mostrado que a dimensão ‘S’ é a menos compreendida ou bem definida por essas estruturas de mercado, gerando fortes discrepâncias na cobertura de aspectos sociais e divergências entre diferentes padrões de reporte, índices e ratings.
Ademais, Loyola destacou que uma das principais agendas do BISC tem sido, justamente, a defesa de uma maior padronização nos reportes relacionados ao ISP para que o tema possa evoluir no país e contribuir com a agenda de parametrização de aspectos ESG.
“Na discussão sobre ESG, enfrentamos desafios consideráveis na mensuração e rotulação dos indicadores sociais. Observamos que, tanto em estudos internacionais quanto na nossa própria experiência, medir e reportar indicadores sociais é particularmente complexo. Isso é corroborado por uma pesquisa do CECP [Chief Executive for Corporate Purposes], onde mais de 50% das empresas relataram dificuldades nessa área”, contextualiza Loyola, emendando:
“No Brasil, importamos muitos problemas do cenário internacional, incluindo a inconsistência nos parâmetros de medição social em frameworks ESG. O olhar europeu, por exemplo, destaca essas dificuldades de consistência e é fundamental que integremos essa perspectiva em nossa análise. Precisamos enfrentar esses desafios, pois somos parte de uma comunidade global que busca melhorar a transparência e a comunicação em ESG”, concluiu ela.
Sobre o evento
O evento teve como objetivo apresentar os principais achados da publicação, discutir as primeiras reações de empresas e representantes da sociedade civil organizada, além de promover um debate sobre a relevância da transparência para o avanço das agendas do ISP e ESG.
Para isso, foram realizados dois painéis, que também contaram com a participação da Gerente de Relações do Itaú, Luciana Campos; do Secretário-geral do Grupo de Institutos Fundações e Empresas (GIFE), Cássio França; da Gerente Sênior de Gestão de Conhecimento e Parcerias na Pacto Global da ONU (Rede Brasil), Christiane Cralcev; do Diretor de Projetos do IDIS, Marcos Alexandre Manoel; do Diretor de Inclusão, Diversidade e Sustentabilidade, Corporativa da PwC Brasil, Renato Sousa; da Gerente de Relacionamento Institucional do Pacto de Promoção de Equidade Racial, Nalva Moura e da Gerente Sr. de Monitoramento e Avaliação do IDIS, Denise Carvalho.
Sobre a publicação
O estudo do IDIS teve o objetivo de responder questionamentos como “de que forma as práticas de ISP e cidadania corporativa se correlacionam com a performance em sustentabilidade empresarial? Há mesmo uma sinergia entre o ISP e a Agenda ESG”? Dessa forma, foram analisadas as informações referentes a ISP no Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de Valores do Brasil (ISE-B3) para o triênio de 2022-2024.
A análise indica que empresas com bom desempenho em ISP geralmente obtêm melhores resultados em sustentabilidade empresarial. Além disso, demonstra a relação positiva entre boas práticas de investimento social privado e maior performance em sustentabilidade, oferecendo um mapa estratégico para guiar a atuação empresarial.
Outros achados dão conta de que:
- A correlação entre Investimento Social Privado (ISP) e sustentabilidade empresarial é alta e manteve-se entre as dez mais importantes no triênio 2022-2024.
- A atuação empresarial por meio de um veículo filantrópico influencia as práticas de investimento social privado, desde que bem conectado aos compromissos da empresa.
- O olhar atento aos diferentes stakeholders e valorização do protagonismo local da sociedade civil são importantes.
- Setores como Transporte, Eletricidade & Gás e Financeiro apresentam o maior desempenho mediano tanto no ISE-B3 geral quanto em ISP.
O BISC colaborou de forma técnica com o estudo do IDIS, atuando como ponto focal e acompanhando o desenvolvimento do material desde suas concepções iniciais. Além disso, o BISC contribuiu com o artigo “Indicadores de ISP são estratégicos para fortalecer agenda do desenvolvimento sustentável”, em que defende o grande potencial que indicadores de Investimento Social Privado (ISP) possuem para apoiar o desenvolvimento de parâmetros do “S” do ESG.
O texto também destaca que o ISP confere robustez e consistência à sustentabilidade empresarial, permitindo que as empresas enfrentem os desafios sociais. Além disso, o ISP desempenha um papel estratégico na construção de indicadores “S” sólidos, que aprimoram as atividades realizadas e fortalecem a legitimidade da agenda de sustentabilidade corporativa.
Quer saber mais? Baixe a publicação do IDIS aqui.
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