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Gestão de crises foi tema central do 1º dia do programa de formação internacional

Em parceria com Universidade de Columbia, Comunitas reúne 24 lideranças em Nova York para enfrentar os desafios da segurança pública no Brasil

Crédito da Imagem: Acervo Comunitas

Na manhã de hoje (11), a Comunitas deu início à quarta edição de seu programa de formação internacional, realizado em parceria com a Picker Center Foundation, da School of International and Public Affairs (SIPA) da Universidade de Columbia. Neste ano, a iniciativa tem como foco a segurança pública e conta com uma comitiva de 24 participantes, incluindo lideranças dos setores público e privado. O programa seguirá até a próxima sexta-feira (15).

O objetivo dos programas de formação internacional é ampliar o olhar dos participantes para os desafios e oportunidades relacionados à sua ação como agentes implementadores de políticas públicas. Neste sentido, a iniciativa visa promover conhecimento em relação a práticas internacionais que possam melhorar a segurança de territórios por meio de políticas inovadoras, governança e parcerias intersetoriais.

O primeiro dia do curso foi marcado por um intenso debate sobre gestão de crises. O professor Dr. William Eimicke, especialista em Prática em Assuntos Internacionais e Públicos, iniciou a jornada com as aulas de “Avaliação de Riscos e Resiliência em Crises” e “Parcerias Público-Privadas para Segurança”. Na sequência, Joe Pfeifer, líder global em liderança em crises e chefe de bombeiros aposentado do Departamento de Bombeiros de Nova York, abordou as melhores práticas para liderar equipes em momentos de grande pressão. Para finalizar, a Diretora dos Programas Executivos de Segurança Pública na School of International and Public Affairs (SIPA) da Universidade de Columbia, Joann Baney, apresentou estratégias eficazes para comunicar de forma clara e objetiva em situações de emergência.

Entre os selecionados para participar desta edição do programa de formação internacional, destacam-se o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e os líderes do legislativo federal, os deputados Pedro Paulo Teixeira (RJ), Renan Ferreirinha (RJ) e Tabata Amaral (SP). Também estão presentes os prefeitos João Campos, de Recife (PE), e Rodrigo Neves, de Niterói (RJ), além dos vice-prefeitos eleitos do Rio de Janeiro, Eduardo Cavaliere, e de São Paulo, Coronel Mello Araújo.

Também foram selecionados para participar da ação diversos secretários estaduais, como Álvaro Duboc, da Economia e Planejamento do Espírito Santo; Antônio Videira, da Justiça e Segurança Pública do Mato Grosso do Sul; César Roveri, da Segurança Pública do Mato Grosso; Roberto Sá, da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará; e Marcel Beghini, Secretário-geral de Minas Gerais, bem como líderes de órgãos públicos, como a Procuradora Geral do Estado de São Paulo, Inês Coimbra; e o pesquisador o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), Daniel Cerqueira. 

Representantes do Núcleo de Governança da Comunitas também também estão presentes, a exemplo de Carlos Jereissati (Grupo Iguatemi) e Luiz Ildefonso Simões Lopes (Brookfield Brasil), acompanhados pelos parceiros institucionais Rafael Poço, Diretor-Executivo do Instituto de Filantropia Corporativa Galo da Manhã, e Fernando Schuler, professor do Insper e coordenador acadêmico do Mapa da Contratualização, bem como o jornalista da Revista Exame, Léo Branco.

Representando a Comunitas, estarão presentes a presidente da organização, Regina Esteves; a Diretora de Comunicação, Conhecimento e Inovação, Dayane Reis; a Diretora de Gestão e Investimento Social, Patricia Loyola; e a Diretora de Estratégias e Parcerias, Ronyse Pacheco.

A presidente da Comunitas, Regina Esteves, iniciou a formação com uma mensagem de boas vindas aos participantes: “Este curso foi preparado a partir de uma parceria entre a Comunitas e a Universidade de Columbia, trazendo um benchmarking que inclui não apenas cases americanos, mas também exemplos internacionais. Estamos reunindo líderes públicos comprometidos com o bem-estar da população, uma agenda que é tão importante para nós. Teremos uma semana de aprendizado enriquecedor e de troca intensa entre todos”, declarou ela. 

Avaliação de riscos e resiliência em crises

Aula do professor Eimicke. Crédito da Imagem: Acervo Comunitas

O professor Eimicke abordou a importância da liderança eficaz em momentos de crise, com ênfase na comunicação clara e transparente como um fator essencial para a mobilização da sociedade. Ele destacou a importância de equilibrar a comunicação com o que já é sabido com o que ainda é incerto, de forma a restaurar a confiança pública e orientar a população. “Essa habilidade de comunicação clara é uma competência essencial para líderes em situações extremas, sendo complementada pela capacidade de ouvir e formar equipes competentes”, declarou ele.

A aula também enfatizou a necessidade de um propósito social, incentivando os líderes a buscarem o bem coletivo. Eimicke destacou que a liderança eficaz depende não apenas da competência técnica, mas também da integridade e da habilidade de trabalhar com as equipes. Ele mencionou ainda que, além de dados quantitativos, é fundamental que a tomada de decisões em crises leve em conta a experiência e o instinto dos líderes, evitando a dependência excessiva de números que podem distorcer a realidade. 

Outro ponto abordado foi a gestão de riscos, que inclui a identificação de ameaças e a preparação para cenários diversos, como desastres naturais, riscos tecnológicos e ambientais. Eimicke mencionou as ações de mitigação adotadas após o furacão Sandy, como a realocação de equipamentos no metrô de Nova York para andares superiores de forma a evitar o contato com a água em casos de alagamento, como exemplo de planejamento estratégico para reduzir danos e manter o funcionamento do transporte. 

A capacidade de atuar com foco na prevenção, ao invés de apenas responder às emergências quando essas acontecem, é fundamental para minimizar os impactos de futuras crises, seja na segurança contra incêndios, chuvas extremas ou na saúde pública. Neste sentido, o professor Eimicke mencionou o caso do incêndio no Deutsche Bank como um exemplo de aprendizado sobre a necessidade de sistemas de segurança eficientes e inspeções regulares

Parcerias público-privadas para a segurança 

A segunda aula do dia, também ministrada por William Eimicke, abordou diversos aspectos sobre como parcerias intersetoriais podem contribuir para a resolução de problemas sociais complexos, especialmente no contexto de segurança pública, saúde, educação e mudanças climáticas. A ideia foi destacar como a colaboração entre setores público, privado e organizações sociais pode gerar soluções inovadoras para questões que parecem insolúveis.

Ao longo da aula, Eimicke enfatizou que “as parcerias público-privadas (PPPs) não se limitam a resolver problemas; elas também geram valor social significativo, especialmente quando há inovação, colaboração efetiva entre os setores e um bom planejamento estratégico”, explicou. 

Eimicke também abordou a importância do setor privado para fomentar a inovação, principalmente em áreas de alto custo, como tecnologia avançada e saúde, mencionando a SpaceX como exemplo. Ele apresentou os “5 Ps” como elementos fundamentais para o sucesso dessas parcerias: Processo (definição clara de objetivos e medição de sucesso), Pessoas (redes descentralizadas de colaboração), Performance (avaliação de resultados), Lugar, “place” em inglês, (integração local das partes interessadas) e Portfolio (investimentos adaptados ao contexto local).

Foram apresentados exemplos concretos de PPPs bem-sucedidas, como a revitalização do Central Park e a transformação do High Line em Nova York, ambos projetos que contaram com a colaboração entre o governo, organizações não-governamentais (ONGs) e o setor privado, evidenciando o potencial transformador das colaborações intersetoriais. Além disso, Eimicke ressaltou o papel dos dados e da tecnologia na eficácia das PPPs, citando o Sistema Aadhaar da Índia, um projeto de identificação digital que atribui a cada cidadão um número único de 12 dígitos, baseado em dados pessoais e biométricos, como um exemplo de inovação que facilitou a inclusão financeira da população.

Crédito da Imagem: Acervo Comunitas

Liderança em momentos de crise

A aula de Joe Pfeifer, baseada em sua vivência como chefe do departamento de bombeiros de Nova York (|FDNY) no 11 de setembro, ofereceu um olhar sobre a liderança em momentos de crise. Pfeifer, através de sua narrativa pessoal e de estudos de caso, destacou a complexidade e a importância de liderar equipes em situações extremas, onde a tomada de decisões rápidas e eficazes é fundamental.

Um dos pontos centrais abordados por ele ao longo de sua aula foi a importância da resiliência adaptativa. Através de sua própria jornada e de exemplos de outras lideranças, Pfeifer demonstrou como a capacidade de se adaptar, aprender com as experiências e encontrar um novo propósito são essenciais para superar crises. A resiliência adaptativa envolve não apenas a capacidade de lidar com o trauma, mas também a habilidade de transformar a dor em ação e de inspirar outros a fazerem o mesmo.

Pfeifer também apresentou um modelo de múltiplas forças da crise, que inclui a força física (desastres naturais, ataques terroristas e outros), a força operacional (capacidade de resposta), a força cognitiva (tomada de decisões, análise de dados), e a força social (colaboração, empatia). Ao entendê-las, os líderes podem desenvolver estratégias mais eficazes para lidar com crises complexas.

“Como gerenciamos crises, sejam incidentes com vítimas em massa, desastres naturais ou outras emergências em nossas comunidades? A resposta está nos três princípios de liderança: conectar, colaborar e coordenar. Conectamos por meio de áudios, vídeos e dados; colaboramos entre instituições, governos, setor privado e sociedade civil; e coordenamos nossos esforços, desde crises locais até as de impacto nacional”, explicou ele. 

A aula também abordou a importância da colaboração e da comunicação em momentos de crise. Pfeifer destacou a necessidade de criar redes de colaboração, compartilhar informações de forma rápida e eficiente e construir confiança entre os membros da equipe. Além disso, a comunicação com o público é fundamental para manter a calma e a confiança em momentos de incerteza.

Comunicação em momentos de crise

Na gestão de crises, a comunicação eficaz é fundamental. E Joann Baney destaca três princípios centrais: conectar, colaborar e coordenar, conforme apontado por Pfeifer. Quando ocorre uma crise, a rapidez da resposta de uma organização é decisiva, já que as redes sociais e a mídia aumentam a pressão para reações imediatas. Baney enfatiza que um problema torna-se uma crise quando foge do rotineiro e exige respostas coordenadas para mitigar danos e atender às expectativas de diferentes públicos.

Baney propôs, portanto, o método AIM – Audience, Intent e Message (Público, Intenção e Mensagem, em tradução livre) – para estruturar a comunicação de crise. Primeiramente, é essencial entender o público que se quer atingir: saber quem são, o que esperam, e como querem receber informações, especialmente em momentos de alta carga emocional. A empatia e a credibilidade devem ser transmitidas pela expressão facial, postura e tom de voz, elementos fundamentais para criar conexão e confiança.

Em seguida, definir a intenção (Intent) da mensagem ajuda a moldar o comportamento do público e a resposta desejada, considerando o impacto emocional da situação. Mensagens-chave claras e repetidas garantem que a comunicação seja memorável, mantendo a atenção do público e reforçando o ponto central.

Por fim, elementos não verbais, como postura, gestos e contato visual, desempenham um papel importante na percepção da mensagem. A prática é essencial para gerenciar emoções, controlar a velocidade da fala e aumentar a credibilidade. Baney argumenta que a comunicação em crise vai além das palavras ditas; “o tom e a ‘cor’ da voz refletem autenticidade e intenções, garantindo que a mensagem seja recebida com clareza e impacto”, concluiu ela.

Desenvolvimento de lideranças

O desenvolvimento de lideranças públicas é fundamental para o desenvolvimento do Brasil. Líderes públicos capacitados e engajados são capazes de tomar decisões estratégicas, implementar políticas públicas eficazes e promover a inovação no setor público.

Por isso, desde 2018 a Comunitas oferece programas de formação internacional exclusivos para líderes públicos e privados brasileiros. Em parceria com as mais renomadas universidades do mundo, como Stanford, Columbia e Johns Hopkins, o projeto visa proporcionar uma experiência única de aprendizado e desenvolvimento.

Abordando temáticas que são escolhidas a partir das demandas da própria Rede da organização, as formações oferecem aos gestores a possibilidade de ampliar sua visão ao adquirir uma perspectiva global sobre os desafios e oportunidades da gestão pública contemporânea. Além disso, o programa permite o desenvolvimento de habilidades para liderar equipes e implementar políticas públicas inovadoras, fortalecendo sua capacidade de impacto. 

Eduardo Leite apresenta resultados do programa RS Seguro  

Após a primeira aula, o governador Eduardo Leite apresentou o case RS Seguro, programa transversal e estruturante criado pelo governo do Rio Grande do Sul, e em parceria com a Comunitas, com o objetivo de reduzir os principais indicadores criminais através da focalização territorial, priorizando 23 municípios com os maiores índices de violência e criminalidade. 

Saiba mais sobre os resultados apresentados aqui

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