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No último dia de formação internacional, participantes debatem prevenção da violência juvenil, negociação e resolução de conflitos

Com aulas e debates, a iniciativa trouxe reflexões sobre prevenção da violência, técnicas de resolução de conflitos e os desafios de alinhar segurança pública com o respeito às liberdades individuais

Crédito da Imagem: Acervo Comunitas

No dia internacional de combate ao crime organizado transnacional (15), a Comunitas encerra a 4ª edição do programa de formação internacional. O projeto, que foi desenvolvido a partir de uma parceria entre a Comunitas e a Picker Center Foundation da School of International and Public Affairs (SIPA) da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, contou com 24 pessoas na comitiva, entre lideranças públicas e privadas. 

O curso, que tratou de segurança pública, teve duração de 5 dias e foi desenvolvido com o objetivo de proporcionar conhecimento técnico e oportunidades de aprendizado para impulsionar o desenvolvimento de lideranças engajadas em prol de uma agenda de enfrentamento da criminalidade nos territórios brasileiros. Ao todo, foram aproximadamente 35 horas de conteúdo programático, com aulas de 14 especialistas cedidos pela Universidade de Columbia para o projeto.

O último dia do programa de formação internacional foi marcado pelo debate acerca da prevenção da violência juvenil, da negociação e resolução de conflitos, e nas complexas questões relacionadas ao equilíbrio entre segurança pública e as liberdades civis, especialmente na era digital.

O dia começou com a aula do Professor Adjunto de Assuntos Internacionais e Públicos; Presidente e CEO da Soulsville Foundation; Líder nos Setores Municipal e sem Fins Lucrativos, Richard Greenwald, sobre “Prevenção da Violência: Cidades Enfrentando a Violência Juvenil”, destacando a importância de estratégias eficazes para combater um fenômeno crescente, que vem cada vez mais preocupando gestores em todo mundo. Em seguida, o Professor Assistente Adjunto de Assuntos Internacionais e Públicos; Sócio e Diretor da Prática de Construção da Paz na Consensus, Zachary Metz, ministrou a aula de “Negociação e Resolução de Conflitos”, abordando técnicas para mediação em cenários de alta tensão e conflitos de interesse.

À tarde, o painel moderado por Metz, “Abordagens para Equilibrar a Segurança Pública e as Liberdades Civis na Era Digital: Perspectivas e Desafios”, contou com a participação do Professor Adjunto do Picker Center de Assuntos Internacionais e Públicos, Zach Tumin, do Professor na disciplina de Assuntos Internacionais e Públicos, Harold Stolper, e do Fundador e Diretor Executivo do Surveillance Technology Oversight Project (S.T.O.P.), Albert Cahn, e discutiu as complexas relações entre tecnologia, monitoramento digital, segurança pública e liberdades civis, um tema relevante no contexto atual de vigilância e privacidade.

O dia foi encerrado com a cerimônia de diplomação, em que os cursistas elogiaram a iniciativa da Comunitas e agradeceram a oportunidade de terem participado desta edição do programa de formação internacional.

Prevenção da violência: cidades enfrentando a violência juvenil

Na aula de Richard Greenwald foi discutido o desafio da violência juvenil nas cidades e a importância de abordagens inovadoras para preveni-la. Ele destacou programas bem-sucedidos, como o da Filadélfia, liderado pelo ex-prefeito Michael Nutter, que implementou estratégias focadas em prevenção, intervenção e apoio a longo prazo. Greenwald enfatizou a necessidade de envolver a comunidade, jovens e os setores público e privado, com um plano de ação contínuo e responsabilidade compartilhada entre os órgãos governamentais.

O professor também abordou os desafios da violência juvenil nos EUA, como o fácil acesso a armas e a alta taxa de suicídios entre jovens. Ele observou que a violência ocorre não apenas nas escolas, mas também fora delas, quando a falta de apoio agrava a situação. Programas como mentoria e reintegração social são essenciais para evitar que os jovens se envolvam em um ciclo de violência e encarceramento. “O investimento em programas de saúde mental, treinamento profissional e engajamento comunitário são estratégias valiosíssimas para reduzir a violência e promover a reintegração de jovens em risco”, contou ele.

A partir de exemplos de Filadélfia e Memphis, Greenwald mostrou como a colaboração entre os setores público e privado pode ser eficaz na implementação de políticas de prevenção. Em Memphis, a parceria com a iniciativa privada resultou em investimentos importantes em programas de apoio, destacando a importância da intervenção comunitária no combate à violência juvenil.

Greenwald também destacou a importância de coletar e analisar dados para medir os resultados das políticas de prevenção. Ele citou a Filadélfia, que implementou um sistema de monitoramento robusto, e defendeu que a gestão eficiente de dados é essencial para avaliar a eficácia das políticas e garantir oportunidades para os jovens, evitando seu envolvimento com a violência.

Negociação e resolução de conflitos

Crédito da Imagem: acervo Comunitas

Zachary Metz abordou a negociação como um processo essencial para resolver conflitos, especialmente em contextos de violência e divisão social. Ele destacou a importância de separar o “como” do “o quê” e de adotar uma abordagem estratégica na comunicação e no relacionamento entre as partes. Usando exemplos como os acordos da Sexta-Feira Santa na Irlanda do Norte, ele mostrou como negociações bem-sucedidas podem transformar relações conflituosas e promover a colaboração entre grupos opostos, baseadas em empatia e entendimento mútuo.

“O sucesso de uma negociação depende da capacidade de criar um processo colaborativo e transparente, onde todas as partes são informadas e compreendem claramente as alternativas e compromissos possíveis”, explicou ele.

Metz também apresentou sete fatores impulsionadores para uma boa negociação, como comunicação eficaz, relacionamento, identificação de interesses e criação de opções. Ele enfatizou a necessidade de distinguir posições de interesses, e recomendou focar nas necessidades reais das partes. A criação de múltiplas opções e o uso de padrões objetivos são fundamentais para alcançar acordos justos e sustentáveis.

Além disso, ele ressaltou a importância de compromissos claros e realistas, com foco na construção de confiança entre as partes. No caso de negociações envolvendo a polícia e a sociedade civil, o relacionamento deve ser baseado no respeito mútuo, não necessariamente na amizade, buscando equilibrar segurança e interesses políticos e sociais.

Painel – Equilíbrio entre segurança pública e liberdades civis na era digital

Crédito da Imagem: Acervo Comunitas

Moderado por Zachary Metz, o painel, que contou com a participação de Zach Tumin, Harold Stolper e Albert Cahn, abordou a complexa relação entre segurança pública e liberdades civis na era digital, destacando as experiências e os desafios enfrentados pela cidade de Nova Iorque. O debate ofereceu uma análise das dificuldades e oportunidades na construção de um modelo de segurança pública que combine eficácia com o respeito aos direitos individuais

Os painelistas abordaram temas como a eficácia do CompStat, a relação entre policiamento e desigualdade racial, o uso de tecnologias de vigilância e a importância da transparência e da prestação de contas nas ações policiais. 

Tumin, por exemplo, questionou a eficácia do CompStat em reduzir a criminalidade, destacando a importância de considerar os crimes não denunciados e a necessidade de uma abordagem mais holística para a segurança pública. Stolper, por sua vez, analisou os impactos da repressão à evasão de tarifas no metrô, evidenciando as disparidades raciais e a falta de dados confiáveis para avaliar a eficácia dessas políticas. Já Cahn abordou as implicações das tecnologias de vigilância para as liberdades civis, alertando para os riscos de vigilância em massa e a importância de garantir a privacidade dos cidadãos.

O painel demonstrou que a busca por um equilíbrio entre segurança pública e liberdades civis é um desafio constante, exigindo a adoção de políticas públicas baseadas em evidências, a promoção da transparência e da prestação de contas e o envolvimento da sociedade civil no debate sobre o futuro da segurança pública. Ademais, ficou evidente a necessidade de desenvolver novas métricas para avaliar a eficácia das políticas de segurança, além dos índices de criminalidade tradicionais.

Desenvolvimento de lideranças

O desenvolvimento de lideranças públicas é fundamental para o desenvolvimento do Brasil. Líderes públicos capacitados e engajados são capazes de tomar decisões estratégicas, implementar políticas públicas eficazes e promover a inovação no setor público.

Por isso, desde 2018 a Comunitas oferece programas de formação internacional exclusivos para líderes públicos e privados brasileiros. Em parceria com as mais renomadas universidades do mundo, como Stanford, Columbia e Johns Hopkins, o projeto visa proporcionar uma experiência única de aprendizado e desenvolvimento.

Abordando temáticas que são escolhidas a partir das demandas da própria Rede da organização, as formações oferecem aos gestores a possibilidade de ampliar sua visão ao adquirir uma perspectiva global sobre os desafios e oportunidades da gestão pública contemporânea. Além disso, o programa permite o desenvolvimento de habilidades para liderar equipes e implementar políticas públicas inovadoras, fortalecendo sua capacidade de impacto.

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