Há 11 anos, o relatório BISC está em constante transformação a fim de se tornar, cada vez mais, uma ferramenta de apoio à gestão social. Clique aqui e faça o download.
Com a participação de mais de 250 empresas, fundações e institutos empresariais, está disponível a versão completa do Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC) 2018, relatório produzido pela Comunitas – por meio de metodologia internacional, que traça o perfil dos investimentos sociais corporativos brasileiros e apresenta tendências e desafios da área.
Em 2018, o BISC abordou a “Sustentabilidade” como tema, e buscou responder questões como: a importância atribuída pelas empresas, fundações e institutos à temática; quais políticas de sustentabilidade são realizadas; como o alinhamento aos negócios interfere na relação com a sustentabilidade; e quais os avanços na direção da incorporação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Com a abordagem da temática no relatório, a intenção é auxiliar os gestores sociais a refletirem sobre às práticas na perspectiva dos princípios da sustentabilidade e aproximar os investimentos sociais da estratégia geral da empresa.
O novo retrato dos investimentos sociais corporativos brasileiros
Adaptação, apesar das incertezas – é como o BISC define o cenário geral dos investimentos sociais corporativos. Operando num ambiente adverso, marcado por retração nos negócios, os resultados do BISC apontam para, ainda assim, as empresas e fundações mantiveram no mesmo patamar os recursos aplicados em 2017, na comparação com o ocorrido no ano anterior. Assim, o valor total investido permaneceu na casa dos R$ 2,4 bilhões.
“Os investimentos sociais brasileiros estão consolidados, e o que nos leva a fazer essa afirmação é acompanhar a evolução dos valores aplicados ao longo dos últimos 11 anos” afirma Anna Peliano, coordenadora da pesquisa BISC.
Com esse patamar de investimento, as empresas brasileiras se igualam aos padrões internacionais, se levarmos como referência a participação dos investimentos no lucro bruto das corporações pesquisadas pelo CECP – organização parceira da Comunitas no intercâmbio de experiências, pesquisas, estudos e ferramentas sobre o investimento social corporativo ao redor do mundo.
Porém, o resultado reflete movimentos distintos dentro do grupo, consequência de diferentes impactos da conjuntura econômica no setor do negócio. Entre 2016 e 2017, 39% das empresas aumentaram os seus investimentos, e tais aumentos foram suficientes para compensar a redução dos demais e garantir a manutenção do total investido pelo grupo.
Qual a importância dos incentivos fiscais para os investimentos sociais privados?
Os incentivos fiscais são importantes, mas não explicam o desempenho do grupo, diz a pesquisa. Em 2017, o valor dos incentivos fiscais utilizados foi da ordem de R$ 514 milhões, o que representa um aumento de aproximadamente 6% em relação ao volume captado no ano de 2016. Mas a elevação observada em 2017 decorre de mudanças na composição do grupo. Comparando o volume de recursos incentivados utilizados pela mesma composição de empresas, em 2016 e 2017, houve uma queda de 11% no total dos recursos incentivados.
Para além da famosa Lei Rouanet, ganharam peso nos anos recentes os incentivos a ações na área da saúde, que aportaram 44 milhões de reais a investimentos privados no setor, um acréscimo de 33% na comparação com os recursos captados em 2016. Acréscimo este que se deve especialmente ao PRONOM, que aumentou para 81% sua contribuição para os investimentos do grupo na saúde em 2017 em comparação com o percentual de 51% registrado em 2016.
Educação como prioridade
Em 2017, o volume de recursos destinados à educação pelo grupo BISC foi da ordem de R$ 920 milhões, mantendo-se, assim, o patamar do investimento observado ao longo dessa década. A maior parte desses recursos (87%) foi aplicada diretamente pelas fundações ou institutos empresariais.
O que dizem os indicadores BISC sobre a qualidade da gestão dos projetos educacionais?
A superação das deficiências nas políticas educacionais no país constitui um grande desafio e é sabido que os problemas não se limitam à falta de recursos, mas também à falta de qualidade na gestão. novo retrato do padrão de qualidade na gestão dos projetos educacionais é favorável, mas indica que há bastante espaço para avançar: a nota média foi de 7,5, numa escala de 0 a 10.
Cultura tem investimento reduzido
Em 2017 os investimentos em cultura foram da ordem de R$ 400 milhões, o que equivale aos menores patamares observados nesta década. É nessa área que se destaca a relevância dos incentivos fiscais: eles representaram 74% do total investido pelo grupo.
Vale ressaltar, no entanto, que essa participação ainda é inferior à observada em alguns anos anteriores. Por exemplo, em 2010, os incentivos fiscais à cultura chegaram a representar 83% dos investimentos do grupo.
É interessante destacar que 56% dos recursos investidos em cultura foram destinados para projetos em comunidades pobres. “Mudanças nos critérios de aprovação dos projetos incentivados pela Lei Rouanet podem ter contribuído para esse resultado”, avalia a coordenadora da pesquisa.
Outro dado interessante do BISC: ao contrário do que se costuma supor, o percentual de empresas ou fundações/institutos que apoiam espetáculos de artes cênicas – teatro, dança, óperas, circo e congêneres –, assim como festivais de músicas, manutenção de orquestras e produção de obras cinematográficas, é relativamente pequeno. Em nenhum desses casos o percentual é superior a 33% dos participantes e, em alguns deles, reduz-se a apenas 17%.
Distribuição mais uniforme
Nas primeiras edições da pesquisa, as regiões mais desenvolvidas do país absorviam mais da metade dos recursos (52%) investidos pelas empresas do grupo. Já em 2017, o percentual dos investimentos destinados para as regiões Sul e Sudeste se equiparou àquele destinado para o Norte e o Nordeste.
Como caminha o processo de alinhamento dos investimentos sociais aos negócios?
Atualmente, todas as empresas e 90% dos institutos já redirecionaram sua agenda para alinhar os investimentos sociais aos negócios, ou pretendem fazê-lo no futuro próximo, revelando o alto nível de adesão do grupo a essa nova forma de conduzir a atuação social privada.
O volume de recursos destinados aos projetos alinhados aos negócios é um bom indicador do estágio em que se encontra esse movimento entre os participantes do BISC. Atualmente, quase 60% das organizações destinam mais da metade dos seus recursos para os projetos alinhados, sendo que em 42% das empresas e em 22% dos institutos o volume de recursos chega a representar mais de 80% do total investido na área social.
Como caminham as relações das empresas com as organizações governamentais?
Cerca de 60% das empresas que hoje trabalham em conjunto com os órgãos governamentais declaram ter mantido parcerias com organizações das três esferas de governo, mas um quinto delas admite recuos em relação aos órgãos no Governo Federal. Além das mudanças do governo, cortes de orçamento e descontinuidade de parte das equipes dos órgãos federais, ocorreram também mudanças no marco regulatório das parcerias com as organizações da sociedade, gerando inseguranças jurídicas tanto por parte das empresas, quanto por parte das administrações públicas.
Menos de um quarto das empresas está prevendo que elas serão fortalecidas nos níveis municipal e estadual, e nenhuma assinalou a possibilidade de avanços em relação aos órgãos federais.
Como as empresas expressam os seus compromissos com a agenda de sustentabilidade?
Todas as empresas do grupo indicam que os compromissos com o desenvolvimento sustentável estão formalmente inseridos na cultura e na estratégia da organização.
Cresce o percentual de empresas que se comprometem com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O reconhecimento dos impactos positivos da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável, a crença de que os investimentos sociais podem contribuir para o alcance das metas globais e a importância atribuída pela sociedade ao tema são os principais motores para a adesão das empresas aos desafios lançados pelas Nações Unidas em 2016.
Sobre o BISC
Liderado pela Comunitas, o Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC) acompanha anualmente os investimentos sociais corporativos brasileiros e funciona como ferramenta para o aprimoramento da gestão social privada, atribuindo mais impacto na tomada de decisões e distribuição do orçamento. O BISC é construído com o uso de metodologia internacional, obtida por meio da parceria com o CECP – que reúne os mais expressivos líderes empresariais dos Estados Unidos em prol do desenvolvimento social.
Fazem parte do grupo BISC empresas como Bradesco, Itaú, CCR, Gerdau, Invepar, Instituto BRF, TIM, Santander, Fundação Telefônica (Vivo), Fundação Vale, Instituto Votorantim, Vale, Instituto Coca-Cola e Neoenergia.
Confira uma retrospectiva dos investimentos sociais corporativos brasileiros nos últimos 10 anos.
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