O evento trouxe reflexões acerca do diálogo entre os setores público e privado para qualificação do ambiente público com vistas à promoção da ocupação dos espaços urbanos pela população
Na última quinta (20), a Comunitas sediou o primeiro encontro presencial do Esquina, conhecido por promover debates sobre temas urbanos, que retomou suas atividades após hiato causado pela pandemia. Durante o evento, os especialistas convidados destacaram, entre outros assuntos, as Parcerias Público-Privadas (PPPs) como fator potencializador para a ocupação de espaços públicos, possibilitando melhorias nos serviços oferecidos à população e ampliando as oportunidades de interação de pessoas com o ambiente urbano.
Ao promover encontros como esse, o Esquina e a Comunitas buscam contribuir para a construção de ambientes urbanos mais plurais e acessíveis onde os espaços públicos são verdadeiramente apropriados e apreciados pela população. “Em 2020, a pandemia deixou bem claro que precisamos de espaços públicos de qualidade. Precisamos ter espaços públicos para contemplação e descanso, sem ter que pagar para isso,” declarou a jornalista e mediadora do debate, Marianne Wenzel.
A discussão envolveu a análise de marcos importantes da cidade como ponto de encontro. O evento destacou, por exemplo, a fundação da Associação Parque Minhocão em 2013, que reivindicou a apropriação do elevado como espaço público pela população. Além disso, foram lembrados eventos emblemáticos, como a primeira Virada Cultural de São Paulo, realizada em 2005, que promoveu o encontro das pessoas nos espaços públicos da cidade.
O debate também abordou a importância da fruição urbana em empreendimentos privados, o que foi destacado pela aprovação do Plano Diretor da cidade de São Paulo em 2015, que colocou como prioridade a oferta de espaços de convivência e contemplação para a população. Os convidados também abordaram o fechamento da Av. Paulista para veículos aos domingos, para que a população possa ocupá-la, efetivada no mesmo ano
Além de Wenzel, participaram do evento o arquiteto e co-diretor da Associação Parque Minhocão, Felipe Rodrigues; a gerente de projetos do Instituto Semeia, Bárbara Matos; a sócia-diretora do Aflalo e Gasperini Arquitetos, Grazzileli Rocha.
Parcerias Público-Privadas para a ocupação de espaços públicos
O evento reforçou a importância do diálogo entre o poder público, a iniciativa privada e a sociedade civil para encontrar soluções eficientes e inclusivas, que tornem a cidade mais acolhedora, diversificada e acessível a todos os seus habitantes. As Parcerias Público-Privadas (PPPs) surgem como uma ferramenta para somar esforços entre os setores, possibilitando melhorias nos serviços oferecidos nos ambientes urbanos, a exemplo de parques e praças, bem como ampliando as oportunidades de interação da população com a cidade.
As Parcerias Público-Privadas foram apontadas como recursos importantes para a viabilização de projetos de parques e espaços públicos Essas parcerias possibilitam, por exemplo, a exploração de serviços voltados à visitação, como estacionamento, venda de alimentos e atividades culturais, contribuindo para melhorias nos parques e atração de público diversificado.
“Geralmente, projetos de parques urbanos não envolvem bilheteria. Qualquer pessoa que quiser, consegue entrar no Ibirapuera, por exemplo. A modelagem econômico-financeira [da parceria público-privada da concessão do Parque] permitiu que o Ibirapuera, que era considerado um parque rentável, fosse capaz de viabilizar melhorias em outros cinco parques na periferia”, explicou Bárbara Matos.
Além disso, o evento também debateu a integração entre espaços públicos e privados. Os convidados enfatizaram a necessidade de tornar os empreendimentos mais convidativos, com espaços abertos e disponíveis para todos. Nesse sentido, o urbanismo tático foi mencionado como uma abordagem rápida e de baixo custo para transformar espaços urbanos, tornando-os mais atraentes e acolhedores para a população.
A relação com pessoas em situação de rua também foi tema de destaque, enfatizando a importância de buscar soluções adequadas para cada contexto urbano e de equilibrar a segurança e a acessibilidade para todos os frequentadores. “É um problema social. Se eu colocar um banco, uma pessoa em situação de rua vai dormir, mas se não colocar, o idodo não vai sentar. É necessário ter um diálogo entre o público e privado. Um espaço, quando é bem cuidado, convida as pessoas a frequentá-lo”, explicou Grazzieli Rocha.
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