Mais uma vez, a Comunitas reuniu diversos especialistas e gestores de áreas de sustentabilidade das empresas durante encontro do Grupo de Debates, iniciativa do Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC). Realizada ontem (01), em São Paulo, a reunião é uma oportunidade dos gestores das empresas integrantes do BISC debaterem e compartilharem experiência acerca dos desafios e perspectivas no campo social empresarial.
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O objetivo dessa reunião, em especial, foi analisar alguns dados e comportamentos identificado durante a elaboração do próximo BISC, com previsão de lançamento para dezembro. “Selecionamos alguns resultados que consideramos fora da curva e queríamos analisar essa tendência e ver a percepção de vocês quanto a eles”, explicou Anna Peliano, coordenadora do BISC, durante abertura do encontro.
Voluntariado
O primeiro tema debatido foram os programas de voluntariado implementado pelas empresas. Apesar da redução dos recursos investidos nessa área, o número de voluntários corporativos apresentou um crescimento de 53%, segundo a última pesquisa BISC, em 2017 – dado que demonstra consolidação nos últimos dez anos. O número de colaboradores envolvidos nos programas de voluntariado passou de 41.000 para 62.842.
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Porém, com a atual instabilidade vivenciada pelo país, os números podem alterar. “Na minha percepção, o voluntariado sempre foi um ponto sensível nas organizações, por esse motivo, em momento de crises, os pontos mais sensíveis andam sofrendo mais. Quem fazia programa de voluntariado, descontinuou; quem estava em processo de implementação, engavetou; e quem pensava em debater o assunto, parou”, Fernanda Medeiros, especialista em Negócios de Responsabilidade Social no Sistema FIRJAN (Federação da Indústrias do Estado do Rio de Janeiro).
Mas os executivos pontuam que, mesmo em momentos de instabilidade econômica, as empresas que já tenham um programa estruturado e inserido na cultura da empresa, precisam mantê-lo, com criatividade e fortalecendo a comunicação. Para eles, um forte programa de voluntariado precisa de uma força-tarefa entre a área de comunicação da empresa, criando campanhas para engajamento; o Recursos Humanos, motivando os colaboradores para participar; e as áreas de responsabilidade social, responsáveis por estruturar os programas.
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Quanto ao futuro dos programas de voluntariado, os participantes consideram importante aumentar a variedade de trabalhos voluntários oferecidos aos colaborados. “Percebemos funcionários que desejam participar do programa, porém alguns têm menos tempo para dedicação que outros”, afirmou Fernanda.
Parcerias público-privadas
Atualmente, 75% das empresas que respondem ao BISC fazem parcerias com organizações governamentais para a realização dos investimentos sociais. Essas empresas veem no alinhamento às políticas públicas governamentais uma forma de compartilhar responsabilidades no enfrentamento dos problemas sociais – isso concede uma nova dimensão aos investimentos sociais, mais conectados com os desafios sociais do país.
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Porém, o novo marco regulatório tem dado insegurança aos executivos dos institutos e fundações empresariais, Organizações da Sociedade Civil (OSCs), e também ao poder público, para o fechamento de parcerias. Decretado sob a Lei 13.019/2014, o novo marco regulatório determinou a criação de regras e instrumentos jurídicos específicos para cada objeto contratual, estabelecendo denominação e conceituação jurídica às organizações do terceiro setor, que não existiam até o presente momento.
Segundo os participantes, muitas instituições de base comunitária sofreram grande impacto com a implementação das normas, pois não estavam estruturadas para realizar as parcerias estabelecidas pelo marco legal.
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O grupo defende maior diálogo, transparência e estabilidade jurídico-institucional para fortalecer a relação entre o público e o privado. “Devemos debater mais o marco relatório, para tornar mais segura a relação entre os institutos e fundações empresariais com as prefeituras, por exemplo”, disse Antonio Cardozo, gerente Administrativo Financeiro do Instituto Votorantim.
Cultura
Na última parte do encontro, o tema foi os investimentos sociais corporativos na área da cultura. Na primeira edição do relatório do Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC) foi destacada a concentração dos incentivos fiscais nos projetos culturais apoiados pela Lei Rouanet. Na ocasião eles respondiam por 81% do total utilizado pelas empresas. De lá para cá, outros incentivos foram criados e essa participação caiu quase à metade: 44%, em 2016.
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Algumas empresas, ao receber propostas para patrocinar, aceitam produções da capital para a realização de espetáculos no interior, priorizando a facilitação do acesso do público à grandes espetáculos. Porém os executivos destacam, também, que é importante a contratação da mão de obra local, fomentando a economia da cidade.
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Grupo de Debates BISC
Para o encontro são convidadas empresas participantes do BISC, fazendo com que compartilhem, entre o grupo, a metodologia e os instrumentos utilizados para captação, divulgação de resultados dos diferentes parceiros, bem como os desafios e as estratégias utilizadas nos projetos de investimento social.
Sobre o BISC
Liderado pela Comunitas, o relatório Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC) é uma ferramenta criada para o acompanhamento anual dos investimentos sociais privados no Brasil. Com a pesquisa, é possível aferir a evolução dos compromissos sociais das empresas participantes do grupo, extrair a percepção dos gestores sobre a qualidade das aplicações, buscar novos temas para subsidiar a formulação de estratégias e melhorar a contribuição para o desenvolvimento do país. Além disso, por meio de uma parceria abrangente e inovadora com o CECP e com a Exchange, consegue-se comparar esses investimentos com padrões internacionais.
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