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Comunitas reúne secretários de governo e especialistas para debater gestão cultural

Em busca de caminhos para superar os desafios da gestão cultural brasileira, secretários governamentais e especialistas da área reuniram-se, ontem (10), no Encontro Rede Juntos, iniciativa realizada pela Comunitas que, desta vez, contou com apoio do Insper, GIFE e Instituto CPFL.

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O Rede Juntos trata de diferentes temáticas da gestão, e possui o objetivo de fortalecer a rede de gestores públicos engajados e comprometidos com a busca pela melhoria dos serviços públicos entregues aos cidadãos e proporcionar um espaço de troca e disseminação de boas práticas e iniciativas inovadoras.

Além da diretora-presidente da Comunitas, Regina Esteves, a abertura do encontro contou com falas do secretário-geral do Gife, José Marcelo Zacchi; diretor do CPFL Cultura, Mário Mazzili; e do coordenador do Centro de Gestão e Políticas Públicas do Insper, André Marques.

“Além de educação e saúde, a cultura também é um tema fundamental quando falamos de aprimoramento dos serviços públicos e de mais proximidade entre o governo e a população.”

Regina Esteves

Regina explica que o Encontro Rede Juntos é um ambiente único, onde estimula-se a troca de experiências e a busca por caminhos de melhorias para o futuro, ao reunir diversos protagonistas da transformação.

Financiamento de Cultura

A primeira roda debateu os modelos de financiamento de cultura, com a participação do secretário municipal de Cultura de São Paulo, Alexandre Youssef, e do diretor do Itaú Cultural, Eduardo Saron; sob mediação do cientista político e professor no Insper, Fernando Schüler.

Para Eduardo, a nova forma de convencimento, construção e reedição do financiamento cultural precisa estar centrada na mudança do foco na contagem de catraca e espetacularização para o que ele chama de três “F”: Fruição – para além da democratização do acesso; Fomento – com a construção de políticas públicas voltadas para as artes; e a Formação – com melhorias para a educação e seu alinhamento com a política cultural.

Ainda segundo o especialista, os três “F” estão diretamente relacionados à uma nova forma de convencer o poder público, a sociedade e o setor privado da importância da cultura como ação transformadora da sociedade.

“Talvez mais que falar sobre boa governança ou fontes de financiamento, o mundo da gestão cultural precisa se reposicionar para afrontar problemas altamente desafiantes, como a desigualdade social. Não tenho dúvidas que a forma de enfrentar isso em curto prazo é por meio da arte e da cultura”, afirmou o diretor do Itaú Cultural.

Alexandre Youssef defendeu a criação de uma política integrada entre municípios e entre os estados para fortalecer o financiamento da cultura. O secretário também defendeu a criação de estratégias para ampliar o incentivo de projetos em áreas de vulnerabilidade das cidades.

“Somente a cultura consegue desencadear a sensação de afetividade, de identidade nacional, de reconexão das pessoas com a própria cidade e País”, disse.

Gestão de Cultura

“Não é uma questão de Fla x Flu, onde se prefere modelo de organização social, concessão ou cessão.”

Sérgio Sá Leitão

Já na segunda roda, o foco foi nos modelos de gestão de Cultura, e contou com as presenças do secretário de Cultura do Estado de São Paulo, Sérgio Sá Leitão; do diretor-executivo da Fundação Osesp, Marcelo Lopes; e do secretário de Cultura do Estado de Minas Gerais, Marcelo Matte. A mediação ficou por conta do editor do Estado da Arte/Estadão, Eduardo Wolf.

Para o secretário de Cultura do Estado de São Paulo, não existe um modelo de gestão correto, sendo necessária uma análise para apontar o melhor método para cada caso. “Não é uma questão de Fla x Flu, onde se prefere modelo de organização social, concessão ou cessão. Temos que tentar sempre o oposto da visão ideológica, e buscar uma visão transdisciplinar acadêmica, procurando na realidade os elementos necessários para que possamos entendê-la”, explicou Sérgio.

Ainda para o ex-ministro, a Cultura precisa ser uma das dimensões de uma política educacional holística, abrangente, sistêmica, bem como a Educação precisa estar presente na política cultural. “É fundamental que a gente construa e fortaleça essa relação”, disse.

O secretário de Cultura do Estado de Minas Gerais, Marcelo Matte, compartilhou com o público a experiência mineira. No local, existe um superintendente que visita municípios do Estado, semanalmente, para falar com empresários sobre a importância do investimento privado e, também, sobre o retorno de imagem que a ação pode gerar à empresa.

Para Marcelo, é fundamental defender o papel do Estado como promotor e difusor da cultura brasileira. “Se isso não for entendido, em todos os níveis do Executivo, nós não vamos conseguir preservar o que temos e nem avançar com as políticas”, declarou.

Já Marcelo Lopes, explicou sobre o modelo de gestão da Fundação Osesp, instituição sem fins lucrativos qualificada como Organização Social (OS) da Cultura que mantém contrato de gestão com a Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo para a manutenção e desenvolvimento da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), a Sala São Paulo, o Coro da Osesp, dentre outras atividades.

De acordo com o diretor-executivo da organização, o modelo de gestão via OS trouxe benefícios como a melhoria da captação de recursos, governança colaborativa e ampliação da transparência da administração. “O regime é compartilhado, onde o Estado é dono da orquestra. Então a participação do governo é necessária até para garantir que haja uma boa política pública e o acesso do público em geral”, considerou.

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