Qual o papel do município no oferecimento de uma educação de qualidade e equidade? Como aperfeiçoar o fluxo escolar, resultando na melhoria das médias de avaliações de desempenho? Esses foram algumas das discussões levantadas no Encontro Rede Juntos, realizado pela Comunitas nesta quinta-feira (16), em Curitiba (PR).
O encontro, que busca promover a troca de conhecimento e boas práticas em gestão pública, contou com a participação do prefeito de Curitiba, Rafael Greca, além de secretários de educação de diversas cidades brasileiras como Pelotas, Juiz de Fora, Teresina, Curitiba, Paraty e Santos, bem como técnicos e especialistas na área.
“As cidades não precisam ser governadas, elas precisam ser educadas”
Parafraseando Sócrates, Rafael Greca, prefeito de Curitiba – cidade que faz parte da rede do Programa Juntos desde 2014, abriu mais uma edição do encontro Rede Juntos. Greca salientou a importância da educação e agradeceu poder fazer parte de uma rede que está discutindo um tema tão relevante. Segundo ele, não há fronteira para o conhecimento e a inovação é essencial, mas só existe quando ela se transforma em processos sociais. “Cada geração tem uma obrigação de melhorar a educação e o instrumento para essa melhoria é a transmissão cultural e da herança da nação, por meio da educação”. Para o prefeito, é muito importante que professores e professoras vejam a escola como um território de semeadura e formação do futuro. “Essa é uma tarefa fascinante, tanto para os que que educam, quanto para os que governam”.
Regina Esteves, diretora-presidente da Comunitas, salientou a importância de não se investir apenas em ações pontuais. “Precisamos falar em projeto de Estado, de longo prazo, e não apenas de Governo. E sabemos do desafio que temos de qualidade, inovação e inclusão na área da Educação e, para isso, é importante termos essa agenda em comum”.
Desafios parecidos para realidades diferentes
Durante o encontro, os gestores destacaram que é necessário melhor planejamento da quantidade e qualidade da carga horária em sala, com o aumento da hora-aula, focando na absorção de conteúdos pela criança. Também é essencial revisar a formação dos professores nas universidades, aprimorando sua prática em sala, pois são os principais agentes de transformação.
Em Pelotas, cidade com pouco mais de 300 mil habitantes, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) não passou de 4,8 em 2015. O indicador, responsável por mensurar a área de Educação das redes público e privadas no Brasil, é realizado a cada dois anos. Nele, Pelotas ainda está abaixo da meta, mas se recupera de um número ainda pior, que chegou a 3,9 em 2013. Com esse grande desafio, o secretário municipal, Artur Correia, apresentou soluções que a cidade vem tomando para qualificar a educação.
“Nós temos uma ação muito forte, chamado Pacto Pelotas pela Paz. Pois a segurança pública precisa ser enfrentada não só por policiamento, mas, também, dento das escolas. A proposta é trabalhar em rede, em cima desse aluno, para que ele não se evada, não repita de ano e seja inserido na sociedade por meio de programas de esporte, lazer, música. Esse é um dos grandes desafios da educação”.
A secretária de Educação de Curitiba, Maria Sílvia Bacila Winkler, apresentou a estrutura de funcionamento do setor em Curitiba e destacou o papel da racionalização de gastos e a otimização de recursos humanos para melhorar a qualidade da educação. Segundo ela, o redirecionamento do foco dos investimentos deverá influenciar a elevação dos indicadores do setor. Para a secretaria, os desafios ainda são inúmeros. “Trabalhar com os recursos que são impostos, com equilíbrio, sustentabilidade, responsabilidade e de maneira inovadora. Temos que nos desafiar em todos os aspectos da gestão, tanto pedagógica, quanto de pessoas, gestão dos equipamentos e financeira”.
A alfabetização e a qualificação dos professores também foi um dos principais desafios descritos pelos gestores. Kléber Montezuna, secretário de Educação de Teresina, cidade que superou a meta do IDEB em 2015 e se tornou uma das melhores do país, lembrou que existe um caminho a ser percorrido. Segundo Montezuna, ações como ter os objetivos de ensino definidos, um programa estruturado e a formação de professores orientada pelos resultados, além, claro, de condições básicas para o ensino influencia nesse resultado. “Nós temos um trabalho baseado em objetivos, por meio de um planejamento estratégico que estabelece metas e monitoramento. Segundo ele, “a cidade tem conseguido grandes avanços, mas ainda há inúmeros desafios. Dentre eles, a qualificação dos professore no sentido de que possam ter mais autonomia na sala de aula, para que os alunos produzam mais”.
Carlos Mota, secretário de Santos, parabenizou a Comunitas pela iniciativa. “Essa socialização de diversos municípios e a criação dessa rede é muito importante para apoiar às secretarias de educação com subsídios técnicos e, também, com a conversa sobre as dificuldades enfrentadas. É muito importante que a gente conheça as realidades, tanto do ponto de vista orçamentário, quanto pedagógico”.
Participaram do encontro as secretárias de Educação de Juiz de Fora, Denise Vieira Franco; de Campinas, Solange Villon Kohn Pelicer; de Curitiba, Maria Silvia Bacila; de Paraty, Elaine Thomé de Oliveira; o secretário de Pelotas, Artur Correa; de Teresina Kleber Montezuma; de Santos, Carlos Alberto Ferreira Mota; a representante da UNESCO, Mariana Alcalay e a assessora de Educação da Confederação Nacional dos Municípios, Mariza Abreu; além de gestores e técnicos da área de educação da prefeitura de Curitiba e representantes da Comunitas.
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