Qual o histórico, o atual cenário e como maximizar os impactos do investimento social corporativo quando o assunto é voluntariado empresarial?
Para responder estas e outras perguntas e apresentar os dados do Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC) a diretora da Comunitas, que lidera o BISC, Patricia Loyola, e a coordenadora da pesquisa BISC, Anna Peliano, foram convidadas para participar de um encontro do Grupo de Estudos de Voluntariado Empresarial, realizado hoje (05).
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Valiosa ferramenta que traça parâmetros e comparações sobre o perfil do investimento social privado no Brasil, o BISC foi criado em 2008 pela Comunitas. “O BISC foi assumindo novos contornos, buscando, cada vez mais, operar como uma ferramenta de apoio à gestão dos investimentos sociais corporativos. A cada ano, novos temas foram incorporados, trazendo subsídios importantes para a reflexão e a definição de rumos por parte das empresas”, explicou Patricia.
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Anna Peliano foi a responsável por apresentar os dados. A especialista construiu um panorama detalhado sobre os últimos 12 anos do investimento social privado, com ênfase no campo do voluntariado corporativo.
Confira a linha do tempo do voluntariado empresarial, produzida pelo BISC:
2008
No ano de lançamento do BISC, 76% das empresas desenvolviam um programa formal de voluntariado, percentual que não estava longe dos 88% registrados na pesquisa do CECP* com empresas americanas, país com uma tradição muito mais arraigada de trabalho voluntário.
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2009
No BISC 2009, a mediana do número de voluntários era de 3.000 pessoas e uma parte expressiva de empresas (71%) já possuía um sistema de medição desses números. O relatório destacava que “o percentual de empresas que promove o voluntariado via liberação de horas de trabalho, prática tradicional nos Estados Unidos e ainda pouco difundida no Brasil, cresceu de 23% para 40% em relação ao ano anterior”.
2010
Já em 2010, 75% das empresas desenvolviam um programa formal de voluntariado e o número de voluntários era da ordem de 30 mil pessoas o que correspondia a 11% do total dos colaboradores. A mediana dos valores investidos foi de R$ 651 mil reais (em valores correntes). Esse resultado colocava as empresas do BISC entre aquelas que mais investiam em programas de voluntariado, se considerados os resultados da pesquisa Perfil do Voluntariado Empresarial no Brasil, lançada pelo Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial (CBVE). Segundo esta pesquisa, 34% das empresas que mais investiam em programas de voluntariado estavam situadas numa faixa acima de R$ 200 mil por ano.
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2011
Em 2011, quase dobrou o número de voluntários entre 2009 e 2010, e o grupo assinalou o envolvimento de cerca de 55 mil pessoas. Foi destacado no Relatório BISC a necessidade de aprimoramentos nos sistemas de informações das empresas sobre os programas de voluntariado uma vez que 20% delas ainda não informaram o valor investido em programas de voluntariado; 30% não informaram sobre o número de voluntários envolvidos e 94% sequer estimaram o número de horas trabalhadas pelos voluntários.
2012
O BISC 2012 demonstrou que chegou a 83% o percentual de empresas que possuíam pelo menos um programa formal de voluntariado. O número de voluntários manteve-se na casa dos 55 mil pessoas, o que representava um percentual de 8% em relação ao total de colaboradores dessas empresas.Os recursos envolvidos mantiveram-se em um patamar de cerca de R$ 15,8 milhões.
2013
No BISC 2013, o Programa de Voluntariado foi tratado como o tópico especial no BISC. Novos aspectos abordados: motivações; iniciativas que mobilizam os colaboradores; foco e público alvo; metas de engajamento dos colaboradores; iniciativas que levam ao sucesso; participação das lideranças; auto avaliação dos resultados; dificuldades enfrentadas; percepção sobre riscos e os benefícios para as comunidades, colaboradores e a própria empresa.
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O número de voluntários chegou a 70 mil pessoas o que correspondia a 11% do total de colaboradores. Os investimentos foram da ordem de R$ 16,6 milhões. Foco prioritário dos programas: educação (75%) e assistência social (50%) e, em 94% das empresas, o atendimento foi dirigido para crianças e jovens.
O BISC ainda cita levantamento da Rede Brasil Voluntário e Ibope Inteligência (de 2011), apontando que em relação “à participação em programas de voluntariado empresarial, 24% dos pesquisados dedicam entre 1 a 3 horas mês, em média, mas para 27% deles não foi possível definir o número de horas trabalhadas”.
2014
Já em 2014, apesar de uma diminuição de 30% no volume de recursos investidos entre 2011 e 2013, O BISC demonstra que no mesmo período o número de voluntários permanecia alto, na casa de 60 mil. Os recursos investidos foram da ordem de R$ 12,3 milhões.
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O clima era de otimismo e 23% das empresas pretendiam ampliar a participação dos voluntários para mais de 11% dos seus colaboradores e 53% declararam estar fortalecendo os Comitês de Colaboradores para ampliar a adesão ao programa.
2015
O BISC 2015 demonstrou que 86% das empresas possuíam pelo menos um programa formal de voluntariado. O número de voluntários atingiu a casa de 85 mil pessoas, o representava um percentual de 15% em relação ao total de colaboradores dessas empresas. Observou-se, novamente, que o programa se expandiu apesar da redução de recursos para cerca de R$11 milhões.
2016
Em 2016, o relatório indicou que 94% das empresas possuíam um programa formal de voluntariado envolvendo 10% do total de seus colaboradores – cerca de 59 mil pessoas. Os investimentos nesses programas estavam na casa de R$ 14,6 milhões e a mediana R$ 680 mil.
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Destacou-se no Relatório que o reconhecimento dos benefícios gerados para as comunidades e, sobretudo para os próprios voluntários e para a empresa ajudava a explicar os bons resultados até então obtidos. Vale ressaltar que muitos dos benefícios percebidos pelo grupo BISC foram captados em outras pesquisas realizadas sobre o tema, sendo destacado resultados de um trabalho lançado pela Fundação Itaú Social, que reunia uma análise de diversos estudos realizados dentro e fora do país.
2017
No BISC 2017, 69% das empresas possuíam um programa formal de voluntariado e investiram recursos da ordem de R$ 11, 8 milhões (a mediana foi de R$570 mil). Foram envolvidos cerca de 60 mil voluntários (a mediana 2 374) o que representou 11% do total dos colaboradores.
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O grupo BISC destacou que, de modo geral, as empresas estavam cumprindo, ou até superando, as metas estabelecidas para seus programas de voluntariado – a maioria delas buscava garantir que até 10% dos seus colaboradores fossem envolvidos em atividades voluntárias e, conforme observado, no conjunto esse percentual já havia sido atingido.
2018
Na última edição do BISC, em 2018, os resultados captados surpreenderam. Contrariando a tendência de fortalecimento dos programas de voluntariado, observada nas edições anteriores da pesquisa, os dados recolhidos e analisados no BISC apontaram que o voluntario sofreu um significativo recuo no ano de 2017. Em que pese o percentual de empresas que desenvolvem programas de voluntariado ter permanecido elevado – 79%.
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Entretanto, na percepção das empresas, os resultados captados não representaram uma deliberação explicita de reduzir os programas de voluntariado. Mas, sim, que os programas de voluntariado sofreram o impacto da crise e das mudanças internas. Porém a análise demonstra que o fenômeno não é permanente e, espera-se que, passado o momento mais conturbado, poderão recuperar a prioridade anterior.
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Sobre o BISC
Liderado pela Comunitas, o BISC é uma valiosa ferramenta que traça parâmetros e comparações sobre o perfil do investimento social privado no Brasil, acompanhando a evolução dos compromissos sociais das empresas participantes, que acreditam na sua parcela de responsabilidade na proteção do meio ambiente e geração de solidariedade social.
O objetivo do relatório BISC é aprimorar a gestão social privada, qualidade e impacto do investimento social, influenciando, decididamente, na eficácia do gasto social, permitindo que o responsável pelo investimento compreenda como e onde investir de forma mais aperfeiçoada. Além disso, por meio de uma parceria abrangente e inovadora com o *CECP (Chief Executives for Corporate Purpose) e com The Global Exchange, consegue-se comparar esses investimentos aos padrões internacionais e promover uma convergência mundial, reunindo os mais expressivos líderes empresariais em prol do desenvolvimento social.
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