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“Não é mais tolerável a intensidade e gravidade da desigualdade que vivemos”, diz economista social durante conferência da Comunitas

O economista social Ricardo Henriques foi um dos convidados para debater transferência de renda em tempos de crise durante conferência virtual realizada pelo Inova Juntos, hub da Comunitas

Transferência direta de renda como opção para reduzir os impactos socioeconômicos gerados pelo coronavírus nas famílias em situação de vulnerabilidade. Este foi o assunto que entrou em debate, ontem (14), durante conferência virtual realizada pelo Inova Juntos – hub de inovação em gestão pública liderado pela Comunitas.

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O encontro teve como objetivo qualificar a discussão sobre o tema, que está em voga nos últimos dias, elencando os desafios e oportunidades que se apresentam para municípios e estados brasileiros, principalmente para mitigação dos efeitos negativos na educação.

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O debate foi formado por Rossieli Soares, secretário de Educação do Estado de São Paulo e ex-ministro da Educação; Fernando Schüler, professor do Insper e ex-Secretário de Estado da Justiça e do Desenvolvimento Social do Rio Grande do Sul; Ricardo Henriques, superintendente executivo do Instituto Unibanco; e Regina Esteves, diretora-presidente da Comunitas.

“De certa forma, a população em geral está conhecendo esta pobreza agora, mas é uma realidade que já existe há bastante tempo. Estamos em um momento crítico e precisamos tirar aprendizado disso, um legado que mude o futuro do País. Esse é o propósito da Comunitas, do Inova Juntos e, consequentemente, deste encontro: cocriarmos propostas para o avanço sustentável do Estado”, explicou Regina.

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Segundo o economista social Ricardo Henriques, atualmente está mais consolidada a ideia de que o Estado pode se aproximar cada vez mais do cidadão, de maneira duradoura, por meio da transferência de renda.

O especialista acredita que é necessário unir o setor público, a iniciativa privada e a sociedade civil organizada para potencializar esforços em torno do avanço social da população brasileira. “Não é mais tolerável a intensidade e gravidade da desigualdade que vivemos, e subir o piso social deveria ser responsabilidade de todos. Para isso, a variável ‘solidariedade’ assume outra função, pois isso não é somente um ato de generosidade, mas um compromisso individual contra esse cenário que estamos vivendo”, pontuou.

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Para Fernando Schüler, o País deve passar, ao menos, os próximos três anos em situação emergencial, somada à ampliação da extrema pobreza, o que torna a transferência de renda um assunto importante a ser debatido.

De acordo com o cientista social, para além da aplicação das políticas públicas, é fundamental, também, acompanhar e avaliar os resultados obtidos quanto à autonomia dos beneficiados. Ele citou a experiência realizada no Quênia, que visa a erradicação da pobreza em aldeias rurais pobres, denominado Renda Básica Universal (UBI). O experimento dividiu os cidadãos em grupos para avaliar os diversos impactos da transferência de renda quando oferecido em formatos diferentes para cada um deles.

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“Nenhuma política pública serve para que o cidadão se mantenha dependente do Estado. É preciso monitorar e criar alternativas para que o indivíduo vá, gradativamente, ganhando autonomia da própria vida”, considerou.

A Comunitas e o apoio na implementação de ações de enfrentamento à pandemia

Desde o início da pandemia no Brasil, a Comunitas – organização dedicada à integração de uma agenda Brasil há 20 anos, resolveu reunir sua rede e buscar soluções rápidas para a crise enfrentada pela área da saúde no combate ao coronavírus.

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Uma das iniciativas, inclusive, foi em parceria com o Governo de São Paulo. Liderado junto com o próprio secretário Rossieli Soares, o projeto mobilizou recursos privados para potencializar esforços e levar renda para as famílias mais vulneráveis do Estado paulista. “Muitas vezes fica o setor público batendo cabeça de um lado e o setor privado de outro, em busca de saídas para a crise. Essa iniciativa foi fundamental para unirmos esforços em busca de uma alternativa rápida, e acredito que, mesmo com muitos pontos de melhora, estamos conseguindo. Obrigada à Comunitas pela parceria, que considero inovadora”, declarou Rossieli.

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Para o secretário, um dos maiores desafios atualmente, acerca da implementação de políticas públicas de transferência de renda, é a falta de informação. Segundo ele, 25% dos cidadãos não sabiam que tinham o direito de receber o benefício do governo.

Ainda para Rossieli, o tema da transferência de renda para a educação precisa ir mais longe mesmo pós-pandemia, pois uma das consequências que surgirá posteriormente será a evasão escolar, com o aumento de jovens abandonando a escola em busca de emprego para auxiliar no sustento da família. “Se não dermos saída para que a juventude permaneça na escola, nós vamos perder este estudante”, disse.

 

Assista ao debate completo clicando no banner abaixo.

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