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Planejamento é fundamental | por Regina Esteves e Carlos Jereissati Filho

No final de janeiro, tivemos a oportunidade de conhecer o trabalho do professor William Eimicke, diretor do Picker Center, o centro de educação executiva da Escola de Relações Públicas e Internacionais da Universidade Columbia (EUA).

Ele já atuou como consultor de gestão para diversos governos e organizações privadas, além de lecionar nas universidades de Pequim e Cingapura.

Eimicke elenca o planejamento como o terceiro de quatro elementos fundamentais para um governo mais eficiente, com entregas de qualidade para a população.

O primeiro ponto é a existência de lideranças políticas fortes, com legitimidade para comandar esse processo. O segundo, o equilíbrio fiscal que permite um planejamento mínimo e mostra qual a capacidade financeira para a adoção de ações futuras.

Em seguida, o planejamento estratégico e, por fim, a mensuração de resultados, permitindo que a efetividade das decisões tomadas seja analisada.

Como se vê, as dificuldades fiscais enfrentadas por União, Estados e municípios seriam um entrave para a formulação de um planejamento estratégico amplo e efetivo. No entanto, isso não impede que o debate seja iniciado, sob o risco de passarmos os próximos anos com a sensação de estarmos sempre tentando minimizar os impactos de escolhas que nem sempre são as mais adequadas.

Além disso, mesmo no difícil cenário econômico atual, é possível nos depararmos com administrações públicas de melhor equilíbrio financeiro. É o caso de cidades que integram o Juntos pelo Desenvolvimento Sustentável, programa de aprimoramento da gestão e dos serviços públicos municipais liderado pela organização social Comunitas.

O Juntos aposta na união entre sociedade civil, setor público e iniciativa privada para promover essas mudanças. O programa conta com líderes empresariais que formam seu núcleo de governança, onde são tomadas as decisões estratégicas e se acompanha o desenvolvimento dos projetos executados.

Em 2016, o programa, focado em ações de equilíbrio fiscal, inovação, fortalecimento de lideranças públicas e engajamento da sociedade, passa a dedicar-se também ao planejamento estratégico das cidades parceiras.

Para que seja real e efetivo, ele precisa ser criado de forma transparente e envolver a sociedade, organizações sociais, setor produtivo e entidades representativas de forma geral. Assim, não será vinculado a uma corrente política, e sim à própria sociedade.

Naturalmente, esse debate requer maturidade institucional, política e social. Afinal, um planejamento estratégico deve elencar prioridades, e sabemos que os recursos são finitos. Logo, não é possível atender a todos os interesses.

Como sociedade, devemos refletir e escolher qual é a questão mais importante a ser melhorada. Precisamos também mensurar os investimentos necessários para isso, assim como determinar de onde os recursos seriam tirados.

O ano passado certamente foi difícil para os brasileiros. Este ano também reserva desafios. É natural que, em uma crise, atitudes emergenciais sejam tomadas.

Todavia, não podemos abrir mão de um debate sério e estruturado sobre o nosso futuro enquanto sociedade. Esse processo deve atingir todos os níveis de governo, sempre com a participação ampla de diversos setores.

Afinal, como bem diz o professor Eimicke, o planejamento estratégico mostra como as ações adotadas hoje podem nos fazer chegar aos objetivos de amanhã. Para isso, é urgente definir que direção queremos, afinal, seguir.

*Regina Esteves é diretora-presidente da Comunitas, organização social dedicada a projetos de desenvolvimento social e econômico. Carlos Jereissati Filho é presidente da Iguatemi Empresa de Shopping Centers e membro do Núcleo de Governança do Programa Juntos, iniciativa liderada pela Comunitas.

Postado originalmente no jornal Folha de São Paulo.

 


 

Confira depoimentos de alguns dos membros da Governança do Programa Juntos:

 

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