No Brasil, uma a cada cinco crianças de oito anos não sabe ler adequadamente textos curtos, segundo o MEC, em 2014. Esse tipo de dado demonstra a frágil situação do ensino público brasileiro, que ainda necessita, e muito, de ações que melhorem a qualidade do aprendizado e contribuam para a redução da evasão escolar.
Um dos motivos que podem ser apontados para isso é o material didático usado pela rede, que não incorporam os importantes avanços das novas tecnologias e das neurociências.
Mas o que fazer?
A qualidade da alfabetização tem impacto direto na aprendizagem do aluno ao longo de sua vida escolar. Por esse motivo, é essencial que o ensino da criança seja eficiente, envolvente e atrativa desde a base, influenciando o restante da caminhada.
Em Paraty (RJ), com apoio da organização Comunitas, a Prefeitura Municipal implementou na rede pública de ensino uma metodologia de aprendizagem chamada Conecturma. Ela reúne vários elementos digitais e não digitais, combinados para aumentar a motivação, o interesse e a concentração de crianças de 3 a 11 anos de idade. O método pode aumentar em até 30% a aprendizagem infantil.
A Conecturma trabalha as habilidades de língua portuguesa, matemática e socioemocionais, a partir de uma única narrativa, contada por diversos meios, utilizando os princípios da ‘narrativa transmídia’ – como música, games e, também, apoio de livros didáticos.
No centro da metodologia de ensino está o uso de técnicas de ‘contação de histórias’ e ‘gamificação’, visando despertar o interesse dos alunos e transmitir o conhecimento de maneira lúdica. Toda a ação é desenvolvida com cuidado e respeito com a singularidade de cada aluno e cada professor.
Elementos de ensino utilizados pela metodologia:
- Atividades construídas sobre descritores de matrizes de referência nacionais e internacionais;
- Games adaptativos, baseados no nível de dificuldade da última pergunta respondida;
- Ferramentas de gestão e acompanhamento para pedagogos, com relatórios e diagnósticos.
O Conecturma equipa os professores com as ferramentas e os processos atuais necessários, tanto para uso na sala de aula, como em qualquer outro lugar em que as crianças possam utilizar os materiais, servindo como reforço de aprendizado.
Enquanto as crianças aprendem com a ferramenta, a plataforma digital gera relatórios que possibilitam intervenções pedagógicas frequentes e precisas. Em Paraty, a Secretaria Municipal de Educação (SME) possui uma equipe voltada para monitoramento do projeto. Além disso, é oferecido ao corpo docente um processo contínuo de formação, que explora aspectos como socialização, ludicidade, gamificação, metacognição e aprendizagem personalizada.
E teve resultado?
Com apoio da Comunitas, o Conecturma atendeu 420 crianças no município de Paraty, em 2018 – sendo 302 crianças na Escola Municipal Parque da Mangueira, 80 na unidade escolar Cilencina Rubem de Oliveira Mello e 38 na E.M. Domingos Gonçalves de Abreu. Antes da implementação, o núcleo de alfabetização da secretaria analisou as apostilas fazendo um comparativo com as habilidades propostas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), e percebeu que o material do Conecturma contempla em sua maioria este documento norteador de nível nacional, facilitando a implementação da mesma.
Nesse período, o desenvolvimento efetivo do projeto em sala de aula foi fortalecido com a realização de duas formações especiais para professores e coordenadores, que puderam conhecer a proposta do projeto, bem como os desdobramentos pedagógicos com os materiais em sala de aula.
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