Escritório de arquitetura de Jaime Lerner trará soluções a longo prazo para antigos problemas.
Em 2046, Santos completa 500 anos de fundação. E uma cidade do futuro começa a ser planejada agora. Amplo estudo coordenado pelo escritório Jaime Lerner Arquitetos Associados, de Curitiba (PR), trará soluções urbanísticas a problemas do Município. O estudo se baseia em cinco pilares complementares e foi apresentado nesta quinta-feira (29), na última reunião do ano entre técnicos da Prefeitura e do grupo Comunitas, realizada no auditório da TV Tribuna.
“O grande desafio na administração pública é a continuidade para alcançar os resultados. Ter uma agenda, não de governo, mas de geração da Cidade, é fundamental. Nossa intenção é fazer esse planejamento estratégico envolvendo todos os setores da sociedade”, disse o prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB).
Ele ressalta que a iniciativa poderá ser utilizada como instrumento de desenvolvimento contínuo. Segundo ele, o estudo dará subsídio aos futuros governantes para executar projetos de expansão da Cidade. “Planejar a cidade numa pespectiva de futuro é fundamental para preservar as conquistas até aqui e acumular novas”.
Dentre as questões que o estudo deve contemplar. estão o conflito entre Porto e área urbana e a erradicação de submoradias em áreas de preservação ambiental.
Dinamismo
Coordenados pelo arquiteto e sócio-proprietário do escritório paranaense, Paulo Kawahara, os estudos tiveram início há cerca de 90 dias. Segundo ele, o planejamento foi desmembrado em áreas: geração de renda por meio da economia criativa e turismo, mobilidade urbana, moradia e sustentabilidade. A empresa tem entre seus fundadores o ex-prefeito de Curitiba, Jaime Lerner, responsável por mudanças urbanas na capital do Estado do Paraná.
“Santos tem diversos componentes positivos, um dinamismo econômico fantástico. É uma cidade compacta e está no meio do maior mercado produtor e consumidor da América Latina. Então, o desafio é como tirar proveito desse dinamismo para melhorar a Cidade e diminuir a desigualdade”.
Das ações planejadas, ao menos duas vertentes devem sair do papel ainda na atual gestão municipal: a reestruturação urbanista no entorno do futuro Parque Tecnológico e ao redor do Mercado Municipal. Sobre esta parte, Kawahara destaca que a área reúne componentes que podem ser explorados para fins turísticos e culturais. “A travessia de catraias é uma atração a parte. Trata-se de uma região de beleza arquitetônica incrível”.
A Administração já tem planos de transformar aquela área em um dos polos de economia criativa (setor produtivo baseado em atividades culturais ou serviços que utilizam a habilidade humana).
A prioridade nas imediações do Mercadão tem um motivo: em 2020, Santos vai abrigar o maior evento mundial de economia criativa.
“Vai ser uma oportunidade de mostrar o talento da Cidade e da região para todo o mundo. Serão mais de 180 países que vão participar do encontro”, afirma o secretário municipal de Governo, Rogério Santos.
Menos carro
Outro pilar do planejamento é reestruturar a rede de transporte público para reduzir a quantidade de veículos de passeio nas vias públicas. “No futuro, vai sobrar ruas para as cidades que se prepararem”, diz Kawahara. Para isso, ele cita o caso de Curitiba, cujo modelo de transporte de massa é considerado exemplo para cidades em todo o mundo.
O arquiteto indica ainda a utilização de 200 quilômetros de rios para o transporte de passageiros entre as cidades da região. “Ajudaria a aliviar as rodovias”. Também é indicada para reduzir o conflito entre veículos de passeios e caminhões em direção ao cais santista. “A leitura que a gente faz é muito positiva, é questão de canalizar os esforços. O planejamento ajuda também a minimizar conflito entre porto e cidade, com equilíbrio”, diz.
Postado originalmente no jornal A Tribuna.
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