A Rede #ProgressoSocialBrasil apresentou, na última segunda-feira (16), os resultados do Índice de Progresso Social do Rio de Janeiro (IPS Rio) – um mapeamento social inédito, que permite análises por Região Administrativa (RA) da cidade.
O estudo foi desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Pereira Passos e implementado a partir da metodologia do Índice de Progresso Social, concebido por uma equipe de pesquisadores liderada pelos professores Michael Porter (Harvard) e Scott Stern (MIT). A Comunitas é uma das organizações que integram a rede do IPS.
O diferencial da pesquisa está na utilização de dados secundários para a mensuração de desenvolvimento socioambiental no nível de regiões administrativas. O IPS permite avaliar a eficácia com que o progresso econômico de um país se traduz em desenvolvimento social. Assim, o progresso social pode ser analisado diretamente, independentemente do desenvolvimento econômico dos países, mensurado pelo Produto Interno Bruto (PIB).
O diagnóstico – realizado com apoio da Fundação Roberto Marinho, Fundación Avina e Social Progress Imperative – tem o objetivo de ser uma ferramenta de referência do desenvolvimento humano da cidade do Rio de Janeiro, que possui quase 6,5 milhões de habitantes em suas 32 Regiões Administrativas. O estudo auxiliará na coordenação e priorização de temas para iniciativas sociais desenvolvidas pelo governo municipal, empresas, fundações, institutos e ONGs.
Para calcular o IPS RIO, foram utilizados 36 indicadores de fontes públicas confiáveis, sendo a maioria com publicação anual ou bianual. A pesquisa foi desenvolvida durante oito meses, com o apoio técnico do Instituto Pereira Passos e de dezenas de organizações parceiras que contribuíram com a coleta dos dados necessários para compor os resultados que, segundo a metodologia do IPS, contemplam três dimensões: “Necessidades Básicas”, “Fundamentos do Bem Estar” e “Oportunidades”.
Os indicadores utilizados passam por itens como acesso à água canalizada, população vivendo em favelas não-urbanizadas, homicídios e roubos de rua (em “Necessidades Básicas”); dados de abandono escolar, quantidade de áreas não urbanizadas e acesso à internet (em “Fundamentos do Bem Estar”) e indicadores como homicídios por ação policial, violência contra a mulher, vulnerabilidade familiar e acesso a nível superior por negros e indígenas (no âmbito de “Oportunidades”).
Segundo resultados apurados, os componentes de menor pontuação para o conjunto das Regiões Administrativas foram Acesso à Educação Superior (32.36) e Sustentabilidade dos Ecossistemas (49.58), em função – respectivamente – dos baixos índices de conclusão do ensino superior, especialmente entre os não-brancos, e dos baixos índices de coleta seletiva de lixo.
A maior contribuição do estudo, no entanto, é a explicitação de desigualdades intramunicipais e sua inter-relação com qualidade de vida e a renda per capita. Embora algumas RAs tenham renda per capita muito semelhante, como Maré (R$659) e Rocinha (R$657), seu nível de desenvolvimento pode variar consideravelmente. Neste caso, por exemplo, a Maré fica cinco posições acima da Rocinha, com um IPS de 52,29 contra 44,53, pois tem uma pontuação melhor avaliada em diversos indicadores. Este tipo de análise poderá ser feito com facilidade e maior nível de detalhe por meio da plataforma online que será usada para disponibilização dos dados do IPS RIO.
O IPS RIO é apenas o começo de um processo de acompanhamento do progresso social local. Por ser construído a partir de dados secundários, possibilita uma atualização periódica e ajuda a acompanhar as mudanças e os aperfeiçoamentos de políticas públicas na cidade em maior detalhe. O índice é uma ferramenta que oferece um novo olhar do Rio de Janeiro para entender o que mais demanda intervenção governamental ou privada. E assim, se mostra importante para que o progresso da cidade avance mais rápido e com menos desigualdade.
Sobre o Índice de Progresso Social
Idealizado para medir o progresso social de países e servir de instrumento de planejamento e acompanhamento de políticas públicas, o Índice de Progresso Social (IPS) foi concebido por um grupo do qual faz parte o renomado economista americano Michael Porter (Harvard), em 2010, e publicado pela primeira vez em 2013. O indicador abrange análises de mais de 130 países, a partir do levantamento e do processamento de dados secundários empreendidos pela organização Social Progress Imperative.
Progresso Social, segundo a organização Social Progress Imperative (SPI), é a capacidade de uma sociedade em satisfazer as necessidades humanas básicas dos seus cidadãos, estabelecer os elementos essenciais que permitam às pessoas e às comunidades melhorar e manter sua qualidade de vida, e criar as condições para que todos os indivíduos atinjam pleno potencial.
Até recentemente, o sucesso de uma sociedade era medido somente por meio de índices como o Produto Interno Bruto (PIB) e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que são amplamente influenciados pelo desenvolvimento econômico e não medem a qualidade de vida, a saúde e o bem-estar da população. Em 2013, a criação do Índice de Progresso Social (IPS) – inicialmente proposto para a escala global – possibilitou a medição do progresso social diretamente, independentemente do desenvolvimento econômico. Desde então, diversas iniciativas nacionais e subnacionais estão surgindo, sobretudo em países latino-americanos. Isso levou à criação da “Rede de Progresso Social”, que congrega iniciativas para medir o progresso social em vários países, tais como Brasil, Paraguai, Costa Rica, Chile, Colômbia, Peru e El Salvador, também nos Estados Unidos, Europa e Índia. Em 2014, o Imazon e a Rede de Progresso Social Brasil aplicaram a metodologia em nível municipal, medindo o progresso social dos mais de 770 municípios da região Amazônica. Em 2016, por meio do Instituto Pereira Passos, a “Rede” utiliza o IPS como método de análise da realidade da comunidade do Rio de Janeiro.