Em sua aula na trilha “Mudanças Climáticas e Energia”, Roberto Cunha discute o histórico energético, contexto geopolítico e desafios ambientais, revelando oportunidades para o Brasil – incluindo estratégias para o biometano
Cerca de 30 gestores marcaram presença nas aulas do segundo módulo da formação “Mudanças Climáticas e Energia”, com foco na temática de aproveitamento energético e ministrada pelo especialista e CEO da EnClim, Roberto Cunha.
Os participantes selecionados para a formação foram apresentados a um panorama do histórico do aproveitamento energético pelo ser humano, destacando a evolução dos combustíveis fósseis com foco especial no contexto brasileiro. Também foi explorada a relação entre energia e as emissões de gases de efeito estufa, destacando a importância de enfrentar os desafios ambientais associados ao consumo energético.
Além disso, o módulo abordou as reservas de recursos energéticos tanto no Brasil quanto no mundo, destacando as implicações econômicas das mesmas. Por fim, analisou-se o impacto da energia na economia, examinando as dinâmicas em nações desenvolvidas e em desenvolvimento, proporcionando uma visão abrangente das interconexões entre energia, meio ambiente e economia.
O professor dedicou uma atenção especial ao impacto ambiental das emissões de metano (CH4), ressaltando a magnitude dos efeitos adversos associados a esse gás. Nesse contexto, ele enfatizou a importância de explorar o metano para a produção de energia em substituição do gás natural. A produção de biometano também é possível a partir de resíduos orgânicos agrícolas, industriais e aterros sanitários. É uma alternativa que contribui para a construção de um caminho mais sustentável para a matriz energética.
Os fundamentos da energia
O professor Cunha explorou os conceitos introdutórios de energia, como a diferença entre energia primária (como o vento e petróleo) e secundária (quando a energia primária já passou pelo processo de conversão para eletricidade, por exemplo óleo diesel e gasolina). Além disso, ele também abordou os principais combustíveis fósseis, destacando suas altas emissões de gases de efeito estufa, bem como as fontes de energia com baixas emissões, como nuclear, eólica, solar e hidrelétrica.
Cunha também fez uma análise do cenário geopolítico e econômico associados à energia, em que salientou a grande dependência global dos combustíveis fósseis, principalmente a dos países do chamado Sul Global, que necessitam do apoio dos países mais desenvolvidos para uma transição energética justa. Outros fatores citados foram o crescimento exponencial do consumo de energia e os desafios enfrentados na transição para fontes mais limpas.
Questões como o impacto do preço das energias tradicionais nas renováveis, as emissões globais excedendo o orçamento para limitar o aquecimento a 1,5°C e as discussões sobre a exploração de reservas de petróleo, como no pré-sal, foram contextualizadas. A aula ressaltou a importância da transição justa, destacando os desafios econômicos e políticos envolvidos, bem como a necessidade de equidade na distribuição dos custos para esse novo modelo de exploração energética.
A discussão se voltou para o Brasil, em que se analisou sua matriz energética relativamente limpa (61% da matriz é oriunda de hidrelétricas), desafios específicos em setores como transporte e uso da terra e oportunidades apresentadas pelo reflorestamento como meio de alcançar emissões negativas.
Biometano como fonte energética limpa
Cunha ressaltou que o biometano tem sido tema de crescente interesse e com grande potencial lucrativo no Brasil, visto que se destaca como uma alternativa energética ambientalmente sustentável. O professor também abordou a emissão de metano na atmosfera e a oportunidade de mitigar impactos ambientais ao transformá-lo em biometano, enfatizando que o metano contribui consideravelmente para o aquecimento global. “Cerca de 30% do aquecimento global vem do metano”, contou ele.
O professor Roberto também salientou a importância de se criar um mercado de biometano como uma resposta à urgência climática, com a possibilidade de atribuir um valor mais alto ao biometano, pois ao transformar o metano em CO2, tem um impacto ambiental menor.
Além disso, ele apresentou estratégias práticas para a produção de biometano, destacando projetos relacionados a aterros sanitários e áreas com alta concentração de matéria orgânica, como fazendas e indústrias alimentícias.
O desafio da escala e a necessidade de avaliar os custos unitários foram ressaltados, considerando a viabilidade econômica dos projetos. Ademais, foram exploradas diferentes rotas para comercialização, desde a competição com distribuidoras até a entrega direta a clientes industriais, destacando os benefícios ambientais e os desafios associados à expansão de uma promissora fonte de energia renovável no Brasil.
Sobre a Formação
A formação “Mudanças Climáticas e Energia” é realizada a partir de uma parceria entre a Comunitas e o Climate Hub | Rio, laboratório de clima do Columbia Global Centers | Rio, com o objetivo de capacitar gestores públicos para liderar a transição energética, um processo essencial na mitigação das mudanças climáticas.
Voltado para lideranças públicas que atuam na área energética, o curso terá 12h de conteúdo programático distribuídas ao longo de quatro módulos, que abordarão questões essenciais para o tema, como introdução às mudanças climáticas, aproveitamento energético, transição energética e políticas públicas para investimento em descarbonização energética.
O próximo módulo, ministrado por Renata Ribeiro, será realizado nos dias 30/01 e 1º/02 e abordará a temática de transição energética. O propósito das aulas é explorar a transição energética por meio de alternativas tecnológicas e estratégias de descarbonização, bem como o cenário atual, suas projeções e políticas públicas destinadas à descarbonização energética, oferecendo uma visão abrangente das transformações em curso no panorama energético.
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