Em roda de debates realizada no Centro Ruth Cardoso, especialistas defendem reformulação da área
“Polícia faz parte da solução, mas não é a única solução. Podemos ter a melhor polícia do mundo, mas precisamos nos desenvolver como sociedade e como Estado”. Com esta afirmação, o delegado federal e ex-secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Beltrame, abriu a roda de conversa sobre Violência Urbana e Desigualdade de Gênero, promovida pelo Centro Ruth Cardoso, nessa segunda (07).
De acordo com dados da 10° edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em 2015, os gastos com segurança pública no Brasil totalizaram R$ 76,2 bilhões (11,6% a mais que no ano anterior). No entanto, esse valor não é investido em ações eficazes no combate à violência, na opinião do diretor do FBSP, Renato Sérgio. “Estamos vivendo um grande fracasso civilizatório. Numa sociedade onde 57% das pessoas acreditam que bandido bom é bandido morto, existe algo errado”, disse.
Na opinião de ambos, os investimentos em segurança pública devem ir além de medidas ostensivas, com a atuação das polícias e da guarda civil. “Os governos precisam desenvolver outros mecanismos na segurança pública, voltadas para cidadania”, avaliou Renato.
O secretário de segurança pública de Santos, Sérgio Del Bel, também participou da roda de conversa e acredita que para os governos iniciarem um processo de mudança é necessário começar pela definição das secretarias. “Por que não substituir a Secretaria de Segurança por uma Comportamental?”, sugeriu. Além disso, para ele, é preciso repensar a atuação dos municípios nessa empreitada, que acaba complementando o papel do Estado, em vez de focar em outras ações.
A roda de conversa foi realizada no Centro Ruth Cardoso e contou também com a presença do secretário de segurança de Paraty, Almir Botelho, e do secretário adjunto, Daniel Almeida. A conversa foi mediada por Melina Risso, do Instituo Igarapé.
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