De quatro em quatro anos, os cargos de chefia pública do país estão sujeitos a sofrerem alteração. Junto com a mudança de governantes, o trabalho desenvolvido ao longo do mandato anterior pode sofrer descontinuidade com a chegada do novo governo. Isso pode não ser bom, pois políticas públicas bem-sucedidas correm o risco de serem canceladas, resultando em prejuízo para a população e para o próprio governo.
Confira 10 dicas para manter a sustentabilidade das ações desenvolvidas por um governo:
#1 Engajamento das lideranças
As lideranças – seja prefeito, governador, ou até o presidente, precisam apoiar os envolvidos sempre. Eles são os agentes de mudança e os responsáveis por legitimar o que está sendo implementado. Esses líderes são os principais “patrocinadores” do trabalho desenvolvido no governo e devem acompanhar e participar das decisões estratégicas.
Não adianta que o técnico tenha boas intenções, querer apresentar mudanças, se o gestor não assumir e querer fazer diferente.
Flávia Machado – assistente administrativa na Secretaria de Administração do Governo do Pará
#2 Mudança de cultura
Somente com a mudança de cultura um trabalho se tornará sustentável. Os servidores precisam entender e comprovar que as iniciativas são positivas para todos. O trabalho de engajamento deve ser constante para que resistências e inseguranças possam ser evitadas ou diminuídas.
#3 Empoderamento dos servidores
Por falar em servidores, eles são peças fundamentais para continuidade dos projetos. Governos entram, governos saem, porém, os servidores públicos se mantêm e devem ser empoderados para liderarem as iniciativas desenvolvidas. Eles são fundamentais para o bom funcionamento da máquina pública. Como incentivo aos servidores e para ampliar a participação, alguns municípios criaram gratificações ou planos para cumprimento de metas.
Pessoas experientes que estão em Brasília há algum tempo são capazes de observar como a lenta profissionalização do funcionalismo tem melhorado a qualidade da administração pública a qual, por sua vez, tem colaborado com o desenvolvimento do país.
Francisco Gaetani, ex-presidente da Escola Nacional de Administração Pública
#4 Formalização as ações
Em alguns municípios, as iniciativas precisam ser formalizadas a partir de decretos ou portarias. É uma forma de legitimar e institucionalizar que as ações não sejam descontinuadas. Em alguns casos, é preciso avaliar se já existe algum decreto ou portaria em vigência que pode gerar algum conflito.
#5 Um olho no resultado…
As metas propostas devem ser seguidas, pois foram geradas a partir de um potencial identificado pelo planejamento. As metas pactuadas devem continuar com o objetivo de otimizar recursos. Além disso, as rotinas previstas de reuniões devem ser sempre mantidas, pois a ausência e as remarcações dispersam a equipe envolvida e comprometem o alcance de resultados.
O monitoramento contínuo possibilita ao gestor acompanhar o desenvolvimento de seus processos de trabalho. Graças ao monitoramento mudanças podem ser executadas quando o desempenho do trabalho não está como o planejado.
Jean Viana, analista de Negócios da Prefeitura de Santos
#6 …E outro no acompanhamento
Monitoramento e controle: devem ser constantes e estarem de acordo com o cronograma. Um acompanhamento bem feito gera melhores resultados.
#7 Comunicação com outros órgãos
É fundamental que não somente a secretaria responsável por uma determinada ação saiba sobre seu desenvolvimento, mas que toda a prefeitura esteja na mesma página. Compartilhar ideias e práticas (positivas ou não) permite a sustentabilidade e a perenidade de um projeto.
#8 Estímulo de debates
Para as lições sejam aprendidas e melhoradas, o importante é propiciar discussões sobre as experiências vivenciadas durante cada mandato.
#9 Participação da sociedade
Os últimos serão os primeiros: esse é um dos principais pontos. Uma sociedade engajada e cobrando é condição para a sustentabilidade e a perenidade das transformações conquistadas.
É importante saber ouvir para ter a estratégia correta de falar com a população e promover uma gestão participativa. A rotina de uma comunicação pública, então, só tem sentido atualmente se vier associada a uma estratégia de mobilização e de engajamento.
Michael Guedes, ex-secretário de Comunicação Social da Prefeitura de Juiz de Fora
#10 Sistematização do que foi feito
Para efetiva sustentabilidade das ações de um governo é preciso captar e sistematizar a ideia e o processo realizado para implementação, para que a metodologia seja repassada e compreendida por novos atores.
A Comunitas, por exemplo, produzir e dissemina publicações, como cartilhas e livretos, sobre diversas ações realizadas pela organização. O intuito é sempre compartilhar as boas práticas desenvolvidas para que outros governos possam se inspirar e implementar.
Todo esse conteúdo também está disponível de forma on-line e dinâmica na Rede Juntos, plataforma digital liderada pela Comunitas que reúne diversos materiais, publicações, podcasts e webinários produzidor por e para gestores.
Sistematizar os processos ajuda para que o governo mantenha os resultados e que outros possam se beneficiar do conhecimento utilizado na melhoria das contas e dos processos.
Regina Esteves – diretora-presidente da Comunitas
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