loading

As reformas precisam avançar, dizem Ilan Goldfajn e Henrique Meirelles

Em debate durante o 12º Encontro de Líderes, convidados discutiram a trajetória de retomada do crescimento econômico no Brasil

O Brasil deve persistir com a realização das reformas estruturantes. Essa foi uma das conclusões do debate sobre as perspectivas para a retomada do crescimento econômico no País, realizado no 12º Encontro de Líderes, na última sexta-feira (25) de outubro. Participaram Ilan Goldfajn, presidente do conselho do Credit Suisse, e Henrique Meirelles, secretário da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo.

O debate foi mediado pelo economista Felipe Salto e contou com comentários e perguntas dos governadores Ronaldo Caiado (Goiás); (Pará) e Romeu Zema (Minas Gerais), além do prefeito Jonas Donizette (Campinas) e de Rubes Ometto, da Cosan.

Retrato do cenário atual

Ilan contextualizou o cenário atual da economia brasileira. “O desafio que temos, hoje, é o do crescimento”, disse. “É um desafio multifacetado, que não é só do Brasil; é geral. Temos a armadilha da renda, da qual a maioria dos países não consegue sair. Temos muito desafios, de um lado, e, de outro, há muito que já conseguimos ultrapassar.” Segundo ele, grandes questões que a economia brasileira enfrentava no passado já foram superadas – as crises cambiais, as problemáticas da dívida externa, entre muitos outros. Por último, citou Ilan, o desafio o altíssimo juro estrutural também ficou para trás.

Foto: Marco Estrella

Há, ainda, entraves atuais. O crescimento do Brasil, em 2018, foi impactado fortemente por fatores como a greve dos caminhoneiros e o acirramento da crise na Argentina. A situação fiscal grave nas contas públicas e a persistentemente alta carga tributária também atravancam a economia. Neste ano, ainda no cenário macro, a tensão entre Estados Unidos e China pode respingar no País. Ilan observa esse cenário, porém, como uma amostra de certa força. “Não temos mais os problemas do passado. Tivemos choques relevantes e, apesar disso, há uma resiliência”, disse.

Ao olhar para frente, o caminho é o da persistência nas reformas e na conquista de mais credibilidade frente a investidores. Além disso, é preciso se preocupar com a desigualdade. “Temos de pensar num crescimento inclusivo. Um crescimento que, ao mesmo tempo, gere a expansão do PIB; mas inclua cada vez mais gente”, adiciona Ilan à receita do crescimento sustentável. “Na prática, significa combater privilégios, tirar distorções, tirar subsídios específicos para A, B ou C, e, com isso, resolvendo a questão fiscal, persistindo nas reformas, teremos condições de olhar para a frente.”

Desafios urgentes a superar

Meirelles chamou a atenção para reformas que aumentem a produtividade e a necessidade de persistir na busca por melhorias no ambiente de negócios no País – caminho essencial para aumentar a atratividade. “A questão fundamental é a dificuldade de trabalhar no Brasil”, disse. “Um dos problemas básicos é a dificuldade tributária. Infraestrutura é importante, educação é fundamental. E um item a chamar a atenção é a complexidade tributária: federal, estadual e municipal.”

Foto: Marco Estrella

Além da questão tributária, Meirelles colocou em pauta os desafios da previdência nas esferas estadual e municipal. “A questão fiscal não é apenas uma questão federal”, disse Meirelles, relembrando a aprovação recente da reforma da previdência. “Há um desafio enorme que é a questão fiscal dos estados e dos municípios. A resposta á a mesma, em última análise, do governo federal: precisamos começar a fazer a reforma das previdências estaduais e municipais.”

Leia mais: Luciano Huck e Carlos Jereissati Filho discutem a participação cívica no setor público

Muitos estados enfrentam evoluções dramáticas das despesas previdenciárias. No momento, as atenções estão voltadas para a tramitação da chamada “PEC Paralela” – que, se aprovada, poderá estender a reforma federal aos demais entes federativos.

Leia mais: Encontro de Líderes, realizado pela Comunitas, discute novas ideias para a governança urbana

“Caso contrário, teremos uma questão importante que é cada estado fazer uma adaptação, uma mudança constitucional e estadual, e depois uma lei complementar. Teremos os governos estaduais dedicados a uma agenda de reforma da previdência nos próximos meses, anos até, porque será um desafio enorme”, disse Meirelles. De qualquer forma, a questão é fundamental para o crescimento, como ele deixou claro: “Temos que equilibrar a situação fiscal dos estados, é um ponto importante para que tenhamos condições de crescimento de forma sustentável.”

Sem comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *