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Bate-Bola: na Semana do Meio Ambiente, SOS Mata Atlântica indica desafios e tendências para uma cidade sustentável

Criado com a finalidade de criar uma conscientização mundial quanto aos problemas ambientais, o Dia Mundial da Terra
é comemorado em 22 de Abril, desde 1970.

Sendo o quinto maior país do mundo e com 65 florestas nacionais em seu território, uma das maiores preocupações do Brasil deve ser o cuidado de toda sua fauna e flora. Com isso em mente, em 1986 a organização não-governamental Fundação SOS Mata Atlântica foi criada com a missão de defender a mata atlântica, conservando os patrimônios naturais e histórico, buscando o desenvolvimento sustentável brasileiro.

E para celebrar o Dia da Terra, a Comunitas conversou com especialistas da SOS Mata Atlântica: a educadora ambiental, Kelly de Marchi, e a coordenadora da Fundação, Malu Ribeiro.
Confira o bate-bola:

 

Malu Ribeiro, coordenadora da Fundação SOS Mata Atlântica.

  1. Quais são os maiores desafios que os prefeitos enfrentam para tornarem suas cidades mais sustentáveis?

O Saneamento e a gestão do uso do solo. Por muitas décadas a gestão dos resíduos sólidos e da coleta e tratamento de esgotos foi renegada no Brasil. As cidades cresceram sem planejamento e , em muitas áreas urbanas, não há áreas verdes, os rios e os córregos foram canalizados, soterrados e esquecidos, e o que é pior, utilizados para diluir esgotos. A competência legal para o uso e ordenamento do solo e para o saneamento básico é dos municípios, portanto, cabe aos Prefeitos enfrentarem o desafio de mudar essa história, tornando nossas cidades saudáveis.

 

  1. Quais os tipos de parceria entre o setor público e privado que podem colaborar para o desenvolvimento de uma cidade mais sustentável?

As melhores parcerias entre o segundo setor e o Poder Público são aquelas em que o interesse coletivo e público são a prioridade. Ou seja, é preciso que sejam de fato executadas e planejadas ações como parceria e não como mero patrocínio ou apoio, ou como uma forma da iniciativa privada realizar aquilo que o Poder Publico deixou de fazer, ou não consegue fazer. Um não pode assumir as competências e o papel do outro. Em uma parceria somam-se as hailidades, a capacidade de fazer e o equilíbrio. O fundamental é que o Poder Público exerça, com transparência o seu papel de regulador e gestor em nome da coletividade e que a empresa privada não busque facilidades ou vantagens específicas e que preste serviços de excelência. Dessa forma, vários projetos de PPP – Parceria Público Privada podem ser desenvolvidos para soluções eficientes em saneamento, infraestrutura, criação de parques, áreas verdes, gestão de resíduos, inclusão digital e ações voltadas à cidadania.

 

  1. Você tem exemplos de boas experiências, em inovação e sustentabilidade, que podem inspirar as cidades brasileiras? Quais as tendências para o os próximos anos?

Podemos destacar modelos aqui do Brasil, como por exemplo na área de mobilidade urbana com a implantação de ciclovias. A cidade de Sorocaba tem um bom sistema de ciclovias, implantado de forma harmônica com o rio Sorocaba que lhe empresta o nome, integrando vários bairros da cidade, além de contar com um parque tecnológico e com universidades e escolas técnicas voltadas para inovação tecnológica.

Goiás tem uma legislação ( lei nº 19.618) que isenta de ICMS os equipamentos de energia solar e insumos prioritários para a construção de usinas fotovoltaicas, com o objetivo de fomentar empreendimentos voltados ao uso eficiente de energia solar em atendimento ao modelo de complementaridade às demais fontes que compõe a matriz energética do estado de Goiás.

Em São Paulo, Capital, esperamos que o programa Córrego Limpo da Prefeitura e Sabesp resulte na despoluição de córregos urbanos e na requalificação do ambiente urbano, com a implantação de cem parques lineares, nas margens desses corpos d’água. Esse projeto deve engajar e envolver a comunidade local e tem grande potencial transformador. É fundamental que saia do papel.

 

Kelly de Marchi, educadora ambiental da SOS Mata Atlântica.

  1. Como a população pode contribuir para a melhora da própria qualidade de vida?

Com pequenas ações diárias podemos contribuir para a nossa qualidade de vida e também para a melhoria do meio ambiente, como:

  • dar preferência, em distâncias curtas, para a caminhada ou a bicicleta;
  • dar preferência aos produtos orgânicos e produtores locais que, além de serem livres de agrotóxicos, contribuem para ativar a economia de pequenos produtores;
  • vivenciar momentos em ambientes naturais como praças e parques, que contribui muito para a saúde física e mental;
  • cultivar, mesmo em espaços pequenos, hortaliças em vasos para consumo próprio; a experiência de mexer com a terra funciona como terapia para muitas pessoas.
  • Plantar árvores! Além da experiência do plantio, a presença da árvore melhora a qualidade do ar, da água, proporciona sombra, lazer, entre outros.
  • Praticar a cidadania! Conhecer e se envolver sobre os projetos e políticas públicas da cidade que influenciem, direta ou indiretamente, a nossa qualidade de vida.

 

  1. Em que nível está a escola brasileira com relação à Educação Ambiental? Quais iniciativas podem tornar a escola mais responsável com o meio ambiente?

A educação ambiental no ensino formal não está incorporada como uma disciplina específica dos currículos. Ela está em uma perspectiva de inter, multi e transdisciplinaridade, vinculada ao pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, humanismo, participação e desenvolvimento de atitudes individuais e coletivas que considerem a interdependência entre os meios naturais, sociais, econômicos e culturais, em um enfoque de valorização da sustentabilidade.

O que percebemos é que muitas vezes não há uma prática educativa que integre disciplinas. A prática nas escolas e nas salas de aula se dá através de projeto especial, extracurricular, sem continuidade, descontextualizado. Os professores não recebem estímulos e a comunidade escolar não dá o suporte que deveria de modo a deixar uma grande lacuna de conhecimento para os alunos tornando-se apenas ouvintes e não praticantes, quando deveriam ser estimulados através de atividades e projetos a transformar os estudantes em cidadãos conscientes dos problemas ambientais.

Embora professores, alunos e diretores saibam da importância da educação ambiental, faz-se necessário a articulação de ações educativas, condições adequadas e capacitações aos educadores para que possam trabalhar temas e atividades de educação ambiental, de maneira que possibilite a conscientização dos alunos e desenvolva a criticidade dos mesmos, gerando novos conceitos e valores sobre o meio ambiente.

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