A iniciativa, que contou com o apoio da Comunitas, elevou taxas de aprovação e frequência, além de promover uma gestão compartilhada eficiente entre escolas e organizações da sociedade civil
O Projeto Somar acaba de completar 2 anos desde sua implementação em Minas Gerais. Após esse período, a co-responsabilidade na gestão escolar contribuiu com o avanço de diversos indicadores, a exemplo do índice de desempenho dos estudantes, engajamento da comunidade escolar e melhoria na percepção de segurança e organização nas escolas.
O projeto, que contou com o apoio da Comunitas, foi implementado como piloto em três escolas estaduais de ensino médio, selecionadas devido a desafios como baixos índices de aprovação, evasão e insegurança nos arredores. A proposta é melhorar a qualidade da educação pública no Estado por meio da gestão compartilhada das instituições de ensino participantes com organizações da sociedade civil (OSC), impactando mais de 2 mil estudantes na época.
“É importante destacar que é uma gestão compartilhada e com uma organização que não tem fins lucrativos. No nosso modelo, temos uma instituição que continua pública, com servidores públicos, professores contratados no regime CLT e os estudantes continuam sendo atendidos pela rede estadual”, ressalta o secretário de Estado de Educação, Igor de Alvarenga.
O projeto é acompanhado por meio de uma Comissão de Monitoramento de Indicadores de Desempenho, liderado pela Secretaria de Estado de Educação (SEE/MG), que analisa métricas semestrais e anuais, como carga horária, desempenho dos estudantes em avaliações diagnósticas, taxas de aprovação, reprovação e abandono.
Avanço de indicadores
Em Sabará, na Escola Estadual Coronel Adelino Castelo Branco, a taxa de aprovação saltou de 62% para 93%, enquanto a taxa de frequência subiu de 95% para 98%.
Na capital mineira, a Escola Estadual Francisco Menezes Filho também registrou crescimento na taxa de aprovação, de 86,9% para 95,4%. A taxa de frequência subiu de 87% para 89%, com todas as aulas do calendário escolar realizadas conforme planejado. Houve ainda um aumento na participação da comunidade, de 23% para 34%.
Na Escola Estadual Maria Andrade Resende, também em Belo Horizonte, a taxa de aprovação dos alunos subiu de 92% para 95,2%, enquanto a frequência escolar aumentou de 90% para 94%, com a realização de todas as aulas previstas.
A satisfação da comunidade escolar, que é avaliada através de pesquisas realizadas por uma empresa terceirizada, apontou que em duas das três escolas do projeto, a percepção dos pais/responsáveis, professores/funcionários e da comunidade mudou de “Desorganização” e “Falta de Segurança” em 2022 para “Boa Escola” em 2023. O clima escolar também melhorou, e a participação nas reuniões agendadas no calendário escolar aumentou: a presença dos estudantes subiu de 5% para 20%, dos familiares de 10% para 34%, e dos funcionários e professores de 50% para 86%.
De acordo com a subsecretária de Desenvolvimento da Educação Básica, Kellen Senra, os resultados positivos alcançados em dois anos estimulam o governo mineiro a expandir o projeto. “Agora, com uma estrutura consolidada e dados que demonstram melhorias, temos condições de expandir a gestão compartilhada para mais escolas em Minas Gerais”.
Depoimentos
A estudante do 2º ano do ensino médio da escola Francisco Menezes Filho, Lara Cardoso Ramos, de 16 anos, contou que cresceu ouvindo coisas negativas de sua unidade de ensino, mas que sua percepção mudou quando passou a frequentar a escola, que faz parte do projeto.“Havia comentários sobre a falta de segurança, a ausência de assistência aos estudantes para um futuro melhor, e muitos abandonavam a escola sem concluir o ensino médio. Eu senti uma diferença do que ouvia. Eles estão preocupados em construir uma base de diálogo forte entre escola e aluno. Conversamos muito sobre perspectivas de futuro com professores, o que eu não tive acesso em anos anteriores”, declarou.
Já a representante comercial, Renata Fantini, de 49 anos, mãe de dois estudantes da mesma escola, contou que tem indicado a unidade para conhecidos. “Desde a primeira reunião pedagógica, conseguiram me cativar ao mostrar que a escola ia além de notas, que valorizam nossos filhos e os meus têm sido muito felizes aqui. Meu termômetro é esse, eles vêm para a escola e voltam para casa com satisfação e dedicação”, afirmou ela.
A servidora Maria de Jesus Fernandes Xavier lidera a unidade, que atende cerca de 730 estudantes, distribuídos em três turnos. Antes de assumir o cargo na escola Francisco Menezes Filho, ela já havia atuado como diretora em outra escola estadual no formato tradicional.
“Tenho mais tranquilidade e confiança na tomada de decisões. Todas as ações na escola são compartilhadas com a OSC parceira. Essa característica do projeto nos permite um acompanhamento mais próximo”, destaca a diretora, que conta com o suporte de três vice-diretores: um administrativo, um pedagógico e um responsável pelas relações comunitárias.
Ainda segundo ela, todos os projetos desenvolvidos na escola são supervisionados pela diretoria pedagógica da parceira e pela Superintendência Regional de Ensino (SRE) Metropolitana.
O que é o Projeto Somar?
Inspirado no modelo das charter schools, adotado por países como Reino Unido, Estados Unidos e Suécia, o Projeto Somar implementa a gestão compartilhada de escolas públicas para aumentar a eficiência do sistema educacional. Na prática, a escola permanece pública, mas é gerida por uma parceria com a iniciativa privada. Cada local adapta a proposta às suas necessidades e contextos específicos, e os resultados variam conforme a implementação e supervisão desses modelos a médio e longo prazo.
Em Minas Gerais, as escolas que integram o Projeto Somar são geridas em parceria com a Associação Ceteb (Centro de Educação Tecnológica do Estado da Bahia), uma OSC sem fins lucrativos, selecionada por meio de edital de chamamento público.
*Com informações da Secretaria Estado de Educação de Minas Gerais
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