Municípios e estados precisam agir urgentemente para proteger a biodiversidade e combater as mudanças climáticas, implementando políticas de preservação ambiental
Cerca de 42 alunos da formação Clima e Economia Verde participaram do encontro ao vivo com o professor visitante da Universidade de Columbia, Marcelo Medeiros, na tarde da última sexta, 14. A ocasião marcou o encerramento do segundo módulo do curso, “Biodiversidade, sustentabilidade e políticas públicas”.
A formação Clima e Economia Verde é um projeto realizado a partir de uma parceria entre a Comunitas e o Columbia Global Centers | Rio de Janeiro, braço da Universidade homônima no Brasil, com o objetivo de unir a excelência acadêmica da Columbia com a experiência prática da Comunitas para levar conhecimento de qualidade para gestores públicos.
O tempo está se esgotando
A humanidade enfrenta dois desafios interligados e urgentes: as mudanças climáticas e a perda acelerada da biodiversidade. Enquanto o consumo de energia dos países desenvolvidos impulsiona o aquecimento global, a fonte de geração energética do Brasil é essencialmente limpa. “Isso não é um problema tão importante para o país, e nem é, talvez, a contribuição mais importante que o Brasil tem para o problema global”, explicou Marcelo.
Medeiros sustenta que o Brasil abriga uma riqueza incomparável de biodiversidade em seus biomas, sendo a Amazônia o mais conhecido. No entanto, a preservação dos demais sistemas é igualmente fundamental para o equilíbrio ecológico do país. A destruição desses ambientes pode desencadear processos irreversíveis, modificando o ciclo da água, criando processos de desertificação e afetando a produtividade agrícola, por exemplo.
“Existe um estudo que indica que a questão do clima ocupa 5 vezes mais espaço na mídia do que a biodiversidade. O que acontece é que, se a biodiversidade é comprometida, o clima é afetado quase que automaticamente”, contou ele.
A necessidade de uma mudança sistêmica
Diante da urgência, é necessário implementar medidas em diversos níveis. Para isso, é necessário promover uma mudança sistêmica, por meio da implementação de políticas públicas, com vistas à preservação da biodiversidade.
De acordo com Medeiros, uma consideração crucial ao definir políticas é o horizonte temporal, pois cada política requer uma avaliação do tempo disponível para sua implementação.
“É essencial compreender a urgência e determinar quais políticas são prioritárias, secundárias e aquelas que podem ser abordadas com maior flexibilidade. Essa análise tem implicações significativas, especialmente em termos de impacto orçamentário. A agilidade na ação geralmente implica custos mais elevados, enquanto prazos mais longos permitem diluir esses impactos financeiros. Portanto, o dimensionamento temporal desempenha um papel fundamental em toda a dinâmica das políticas, alterando substancialmente o cenário de ação”, explicou ele.
Existem uma série de políticas que podem ser implementadas nos âmbitos municipais e estaduais. Da mesma forma, também há ações que as pessoas podem adotar, individualmente, para preservação da biodiversidade.
O que pode ser feito?
Os municípios podem desempenhar um papel significativo na proteção ambiental – até mesmo mais do que os estados. Confira algumas das ideias sugeridas pelos alunos:
- Proteção de áreas verdes é crucial para preservar a biodiversidade;
- Municípios têm o poder de tributação, podendo legislar sobre o IPTU em favor da questão ambiental;
- O planejamento do transporte é fundamental, pois afeta a distribuição espacial das cidades e tem impacto nas emissões;
- A gestão adequada do lixo é essencial para manter o consumo sustentável e promover a reciclagem;
- Investimentos no saneamento são necessários para garantir água potável e reduzir o consumo excessivo.
Além disso, enfrentar os desafios ambientais exige uma mudança profunda nos padrões de consumo da sociedade. É fundamental repensar as políticas alimentares, que podem ser realizadas através da mudança no cardápio de merendas escolares, por exemplo, investindo em uma dieta com base em maior consumo de vegetais e reduzindo significativamente o consumo de proteína animal.
“Para produzir 1kg de carne bovina, é necessário um volume gigantesco de água e pasto. E à medida que as populações aumentam, isso se torna inviável do ponto de vista da sustentabilidade”, finalizou ele.
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