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Último módulo da formação Mudanças Climáticas e Energia discute o papel das cidades na descarbonização global

Martin Dietrich Brauch destaca a importância das cidades na luta contra as mudanças climáticas e aborda estratégias que podem ser adotadas na esfera municipal para promover a descarbonização energética

Crédito da Imagem: Universidade de Columbia

Na última quinta (22), a Comunitas concluiu a formação “Mudanças Climáticas e Energia”. O último módulo, ministrado pelo professor e pesquisador, Martin Dietrich Brauch, da Universidade de Columbia, abordou a temática da descarbonização energética em municípios

Em suas aulas, Martin apresentou a importância do marco político, jurídico e regulatório para o investimento em descarbonização energética e os desafios para financiar tal investimento, bem como soluções para a descarbonização de áreas de consumo final de energia particularmente relevantes na esfera municipal: eficiência energética, edifícios, transporte e mobilidade urbana.

A importância das cidades no enfrentamento aos efeitos das mudanças climáticas

O professor Martin abordou a importância das cidades no contexto global, destacando seu papel como epicentros populacionais, econômicos e ambientais. Com mais da metade da população mundial vivendo em ambientes urbanos (57% do mundo e 61% do Brasil), os municípios se tornam fundamentais na discussão sobre as mudanças climáticas. 

As cidades também são as principais responsáveis por cerca de 70% das emissões globais de gases do efeito estufa (GEE) relacionadas ao consumo, além da importante contribuição de aproximadamente 80% do Produto Interno Bruto (PIB) de muitos países. Portanto, as ações realizadas nos centros urbanos têm um impacto direto nas metas de sustentabilidade em todo o planeta. 

“Eu acho importante salientar que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima (IPCC), a autoridade científica máxima sobre estudos de mudanças climáticas, determinou que, em seu próximo ciclo de relatórios, irá divulgar um conteúdo especial acerca da relação das mudanças climáticas e cidades, reconhecendo a importância dos aglomerados urbanos para a descarbonização e o atingimento das metas climáticas globais”, contou Martin, ao enfatizar o papel dos municípios no enfrentamento às mudanças climáticas. 

O professor salientou o papel fundamental dos planos de descarbonização como ferramentas estratégicas para enfrentar os desafios das mudanças climáticas em nível urbano, que fornecem um roteiro detalhado e tático para estabelecer metas de curto, médio e longo prazos para a redução das emissões de GEE. Dentre as medidas salientadas, foram destacadas a criação de inventários de riscos, a identificação de agentes envolvidos e consultas públicas para garantir legitimidade e eficácia das ações adotadas.

Ademais, Martin ressaltou os benefícios econômicos, sociais e ambientais associados à descarbonização energética. Além de contribuir com a redução das emissões de gases de efeito estufa, o processo estimula o crescimento econômico, gera empregos em setores de baixo carbono, melhora a qualidade do ar e promove a saúde e o bem-estar das populações urbanas.

“O município não tem apenas o objetivo de descarbonizar o seu setor energético, tem vários outros dentro do escopo de políticas públicas municipais. E esses benefícios ajudam a justificar a política pública. Não é apenas descarbonizar para contribuir com a solução do aquecimento global, mas também porque essa contribuição tem co-benefícios para o desenvolvimento sustentável da cidade”.  

Ainda de acordo com o professor, é necessário levar em consideração os diversos desafios associados ao processo da descarbonização energética urbana, como a escassez de recursos financeiros, a necessidade de capacitação técnica e a dificuldade em atrair investimentos. Em adição a isso, é fundamental conscientizar tanto a população quanto o empresariado sobre os benefícios da neutralização de GEE, bem como buscar novas formas de financiamento para superar esses obstáculos e avançar em direção a cidades mais sustentáveis e resilientes às mudanças climáticas.

Estratégias e políticas municipais para a descarbonização energética

Martin abordou como governos municipais podem adotar estratégias e políticas para alavancar a descarbonização energética urbana, analisando como o poder regulatório das autoridades municipais pode ser empregado na promoção da eletrificação de frotas, na definição de normas para eficiência energética e na criação de zonas livres de emissões. Adicionalmente, ele destacou a importância do poder econômico do município, enfatizando iniciativas como licitações sustentáveis e o próprio poder de compra de energia limpa para impulsionar a transição energética na cidade.

“Embora o município não tenha toda autonomia material e legislativa, tem, sim, uma esfera de atuação muito importante na formulação de políticas públicas”, declarou ele. 

Outro ponto essencial abordado por ele foi a necessidade de infraestrutura local adequada para apoiar a descarbonização energética urbana. Isso inclui desde a implementação de sistemas de recarga para veículos elétricos até a adaptação de edifícios para incorporar tecnologias mais eficientes. A cooperação entre municípios vizinhos e iniciativas comunitárias também foi apontada como forma de aproveitar ganhos de escala e engajar a população local na transição para uma economia de baixo carbono.

O professor promoveu um debate acerca da importância da legislação e das políticas de transporte e mobilidade urbana no contexto da descarbonização. Desde a promoção do transporte ativo, como caminhar e andar de bicicleta, até investimentos em sistemas de transporte público mais eficientes e ambientalmente amigáveis, o governo municipal desempenha um papel crucial na definição das políticas de transporte que podem moldar o futuro das cidades. 

A facilidade de implementação [de estratégias] vai diminuindo à medida em que nós temos políticas com maior impacto na descarbonização. Entretanto, atualmente, as medidas de mais fácil implementação são as de melhorar a eficiência energética – mesmo que não cause um impacto tão grande no processo de neutralização do carbono. Mas são os frutos que estão mais baixos na árvore para que possamos colher”. 

Por fim, foi discutida a importância da cooperação internacional e do compartilhamento de boas práticas entre os municípios para impulsionar a descarbonização energética em ambientes urbanos. Iniciativas como o C40 (o grupo C40 de grandes cidades reúne 100 prefeitos de importantes metrópoles mundiais, com o objetivo de debater e combater a mudança climática) e o ICLEI (Governos Locais para a Sustentabilidade é uma organização não governamental internacional que promove o desenvolvimento sustentável) fornecem plataformas para o intercâmbio de conhecimentos e experiências entre cidades, permitindo que aprendam umas com as outras e acelerem o progresso em direção a um futuro urbano mais sustentável e resiliente ao clima.

Sobre a formação

A formação “Mudanças Climáticas e Energia”, promovida a partir de uma parceria entre a Comunitas e Columbia Global Centers | Rio,  teve o objetivo de capacitar gestores públicos em posição de liderança e poder de tomar decisões na temática de mudanças climáticas e o papel crucial da transição energética para reduzir as emissões de GEE

Para a ação, foram selecionados 34 líderes públicos de todo o Brasil, que contou com especialistas cedidos pelo Climate Hub | Rio e Columbia Global Centers | Rio. O curso foi realizado de forma totalmente online e ocorreu ao longo de quatro semanas (com pausa para o carnaval). Com duração aproximada de 12 horas, distribuídas em quatro módulos, a formação abordou temas fundamentais para a questão, como mudanças climáticas, aproveitamento energético, transição energética e políticas públicas para investimento em descarbonização energética.

Saiba mais: 

Sérgio Besserman (módulo 1 – parte 1)
Sérgio Besserman (módulo 1 – parte 2)
Roberto Cunha (módulo 2)
Renata Ribeiro (módulo 3)

 

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