Encontro ao vivo com o pesquisador destacou a importância da coordenação entre esferas governamentais e a participação das microempresas na agenda de descarbonização
Na última quinta (27), a Comunitas promoveu mais um encontro ao vivo dentro da trilha Clima e Economia Verde, com a participação do professor e pesquisador Martin Dietrich Brauch, da Universidade de Columbia, que ministrou o módulo sobre descarbonização energética. O evento contou com a participação de 40 alunos e marcou a conclusão da quarta parte do curso. A formação é resultado da parceria entre a Comunitas e o Climate Hub | Rio de Janeiro.
A aula, que foi realizada em formato de perguntas e respostas, enfatizou a complexidade e a abrangência da transição para uma economia verde e sustentável, apontando para a necessidade de ações coordenadas, políticas adequadas e cooperação entre os diferentes setores da sociedade para enfrentar a emergência climática e promover a descarbonização energética.
Alternativas para descarbonização e perspectivas futuras
Ao longo de todo encontro, foram abordadas diversas temáticas cruciais para enfrentar a emergência climática e promover a descarbonização energética. Martin ressaltou a importância da coordenação entre as esferas federal, estadual e municipal na implementação de políticas de descarbonização, garantindo o alinhamento efetivo das estratégias para atender às necessidades do país.
Martin enfatizou a importância de incluir microempresas na agenda de descarbonização, uma vez que as mesmas representam cerca de 90% das atividades empresariais no país.. Para apoiar esse setor, o professor ressaltou a necessidade de programas de incentivo e apoio governamental, especialmente em âmbito estadual e municipal, com foco em auxiliá-las a adotarem práticas mais sustentáveis e contribuírem com as metas de descarbonização.
“Mesmo que elas não possam implementar grandes medidas, a participação das microempresas é fundamental para o Brasil atingir as metas de redução de emissões e transição para uma economia mais sustentável”, explicou Martin.
Também foram abordadas alternativas para a descarbonização, como o hidrogênio de baixo carbono e o uso do etanol como biocombustível. O Brasil possui grande potencial na produção e exportação de hidrogênio de baixo carbono, enquanto o etanol é reconhecido mundialmente como um combustível eficiente, que rivaliza com combustíveis fósseis. Ambas as opções visam reduzir as emissões, especialmente no setor de transporte. Entretanto, Martin fez um alerta:
“É importante considerar os impactos ambientais e sociais associados à produção de cana-de-açúcar, buscando garantir uma cadeia produtiva sustentável”.
A aula também abordou a cooperação internacional como um fator essencial para impulsionar o desenvolvimento e escalonamento das energias renováveis. O professor ressaltou que a discussão sobre a descarbonização energética deveria ter mais espaço nas conferências internacionais sobre mudanças climáticas (COPs), a fim de promover o compartilhamento de conhecimento e recursos entre os países.
Por fim, a importância de incentivar empresas com interesse em eficiência energética foi destacada, e o programa Bolsa Verde, experiência do Rio de Janeiro com a política de mercado de carbono, utilizando mecanismos tributários para reduzir emissões no município, foi mencionado. “Evitar emissões demanda uma abordagem adaptada a cada setor e atividade, buscando otimizar o transporte e a logística para evitar o desperdício de energia”, finalizou Martin.
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