Em encontro de encerramento do seu módulo, o professor aborda a necessidade de precificação do carbono e reflete sobre os desafios econômicos na transição energética global
Crédito da Imagem: Engie – Além da Energia
Mais de 30 gestores marcaram presença na segunda aula ao vivo da formação “Mudanças Climáticas e Energia”. O encontro, que foi realizado no final da tarde de ontem (18), marcou o final do primeiro módulo do curso e foi ministrado pelo professor e presidente do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Sérgio Besserman.
A aula abordou a urgência da crise climática, enfatizando a necessidade de ações imediatas diante dos desafios globais que se aproximam. Besserman também fez uma análise crítica do cenário geopolítico, evidenciando a complexidade das relações internacionais e a falta de coordenação efetiva no enfrentamento da crise ambiental. Além disso, foram discutidos os desafios econômicos contemporâneos, com reflexões sobre a recessão global, a necessidade de inovações na política fiscal e as implicações para a transição energética.
Crise climática: uma urgência global
Na aula, Sérgio Besserman abordou a complexidade e a urgência associadas à crise climática, ressaltando que a humanidade está em um momento crítico de sua história. Ele alertou para o fato de que a velocidade atual do aquecimento global já ultrapassou os limites preocupantes, destacando que o cenário geopolítico ainda não dá a devida prioridade à questão climática. Além disso, a ausência de coordenação global, especialmente entre as grandes potências, pode vir a agravar conflitos regionais (como no Oriente Médio, por exemplo).
A discussão se estendeu para a economia global, apontando que a recuperação econômica é um desafio, especialmente considerando o endividamento das famílias e a falta de perspectivas para o aumento do consumo.
Neste sentido, Sérgio acredita que a precificação do carbono possa ser uma solução viável, indicando que o mercado precisa refletir os custos associados às emissões de carbono. “É necessário que o custo de esquentar o planeta deixe de ser gratuito”, declarou ele. Além disso, Besserman enfatizou que, embora as empresas estejam começando a considerar o preço do carbono em suas estratégias, esse mercado ainda é bastante desafiador e incerto para planejamentos a longo prazo, pois a falta de previsibilidade sobre os preços do carbono no futuro dificulta uma abordagem mais eficaz.
O professor também ressaltou pontos de grande preocupação da comunidade científica, como o desmatamento da Amazônia, o derretimento do permafrost (solos permanentemente congelados que cobrem cerca de 25% do Hemisfério Norte) e mudanças nas correntes oceânicas. Ele apontou para a apreensão de cientistas com eventos imprevisíveis, indicando que a compreensão desses fenômenos é crucial para traçar estratégias de adaptação e mitigação.
Ele também salientou a importância de os governos desenvolverem conhecimento a nível municipal e ações locais para enfrentar os desafios das mudanças climáticas. “Toda cidade tem que ter um excelente plano de adaptação de mudanças climáticas, que precisa ser atualizado frequentemente”.
Além disso, ele indicou estratégias para a transição energética, como a formação de profissionais para atuar em setores como energia solar, eólica, manutenção e assistência técnica.
Sobre a Formação
A formação “Mudanças Climáticas e Energia” é realizada a partir de uma parceria entre a Comunitas e o Climate Hub | Rio, laboratório de clima do Columbia Global Centers | Rio, com o objetivo de capacitar gestores públicos para liderar a transição energética, um processo essencial na mitigação das mudanças climáticas.
Voltado para lideranças públicas que atuam na área energética, o curso terá 12h de conteúdo programático distribuídas ao longo de quatro módulos, que abordarão questões essenciais para o tema, como introdução às mudanças climáticas, aproveitamento energético, transição energética e políticas públicas para investimento em descarbonização energética.
O próximo módulo, ministrado por Roberto Cunha, será realizado nos dias 23 e 25 de janeiro e abordará a temática de energia. O propósito das aulas é explorar a história da utilização de energia pelo ser humano, examinar a relação entre energia e os gases de efeito estufa e compreender o impacto da energia na economia.
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