O modelo inovador de governança compartilhada possibilitou a construção, em tempo recorde, do empreendimento que contou com o apoio de 75 empresas privadas
Nesta sexta (25), o Centro de Produção Multipropósitos de Vacina (CPMV) foi entregue para a população. A nova planta tem uma área de 11 mil m² e o projeto envolve o Governo do Estado de São Paulo, o Instituto e Fundação Butantan, a InvestSP e a Comunitas, que liderou não somente a mobilização de recursos com a iniciativa privada – ao todo, R$ 189 milhões, bem como a governança do processo e a gestão do projeto.
Participaram da cerimônia de inauguração o governador do Estado de São Paulo, João Doria, o vice-governador, Rodrigo Garcia, o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, o secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn, e a diretora-presidente da Comunitas, Regina Esteves, além de participantes que tiveram papel primordial neste processo como: Patrícia Ellen, secretária de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, Gustavo Junqueira, presidente da InvestSP, Wilson Mello, da Stocche Forbes e ex-presidente da InvestSP, e o doutor David Uip, responsável pelo Centro de Contingência do Coronavírus do Estado de São Paulo.
A partir do CPMV, serão produzidas cerca de 100 milhões de doses de vacinas por ano. Além da CoronaVac, que passará a ser feita 100% com insumos nacionais – sem a necessidade de matéria-prima importada. A nova planta também terá capacidade para produzir diversos imunizantes, como as vacinas contra hepatite A, zika e raiva.
Segundo Regina Esteves, diretora-presidente da Comunitas, a construção é um exemplo que fica como legado, não só para São Paulo, mas para o Brasil. E vai mudar o cenário de produção de vacinas no país, porque, além de aumentar a capacidade de produção de diversos tipos de imunizantes, o CPMV também se tornou um grande case da parceria entre o poder público e a iniciativa privada brasileira.
“O que fica para a sociedade é um exemplo de sucesso de governança compartilhada, que mostra que os desafios são enfrentados conjuntamente e que isso só é possível quando o governo tem liderança e transparência.” Regina valorizou a necessidade de ciência e citou uma frase conhecida de Louis Pasteur, que dizia que a ciência não é para os cientistas, e sim para a humanidade. “Esse momento é onde a gente concretiza o que essa rede solidária, comprometida e responsável socialmente pode fazer quando há união de todos por uma causa.”
Bastante emocionado, Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan, falou do momento em que foi escolhido para ser presidente do Instituto e dos desafios enfrentados pela gestão do governo estadual, cuja meta é transformar o Butantan no maior produtor mundial de vacinas, por meio de reformas de fábricas e construção de linhas de envase.
“Nós renovamos a fábrica de vacinas da gripe, que passou a ter capacidade para produzir 160 milhões de doses. Nós passamos a responder por 10% de todas as vacinas contra a gripe no mundo. Além disso, também construímos outras fábricas neste mesmo período, como as destinadas à produção das vacinas contra a dengue e Chikungunya, que passarão a integrar o cronograma de vacinação a partir do próximo ano”, afirmou Dimas Covas.
Durante o evento de entrega da obra, as lideranças das empresas que participaram da construção puderam fazer uma visita guiada pelo próprio governador João Doria Jr, para conhecer a estrutura e os equipamentos da nova fábrica.
O governador de São Paulo, João Doria Jr., ressaltou que as 75 empresas e pessoas físicas que participaram do financiamento do CPMV, com valores que variaram entre R$ 1 milhão e R$ 20 milhões, o fizeram sem nenhum tipo de contrapartida ou incentivo fiscal pela contribuição. Além disso, ele mencionou que, se São Paulo fosse um país, seria o terceiro colocado no ranking dos países que mais vacinaram, perdendo apenas para a China e a Coréia do Sul.
“Essa fábrica é uma vitória de São Paulo, mas é também uma vitória do Brasil. O valor arrecadado para a construção integra um total de R$ 2 bilhões que foram doados por centenas de empresas privadas, que contribuíram para a compra de monitores, respiradores e medicamentos, de máscaras e alimentos para quem mais precisava. Em São Paulo, a ciência sempre foi protegida e amparada, recebendo investimentos da ordem de R$ 21 bilhões”, explicou. “Foram 114 milhões de doses da vacina do Butantan em todo país, foi a vacina que ajudou a salvar milhões de vidas no nosso país”, finalizou Doria.
Sobre a fábrica
Por ser uma fábrica multipropósito, a planta pode ser readequada facilmente para desenvolver produtos diferentes. Os equipamentos e processos podem ser ressignificados, de forma a produzir vacinas diferentes, sem a necessidade de dedicar o local a um único tipo de imunizante.
O CPMV funciona de maneira totalmente automatizada, em que todas as etapas do processo (desde as aprovações, liberações e produção) são digitais, sem geração de papel e com dados rastreáveis.
Com nível de biossegurança 3, um dos mais altos do mundo, será possível manipular diversos tipos de vírus sem qualquer risco de vazamento dos mesmos. A partir da certificação, será possível produzir desde vacinas simples até as mais complexas – como é o caso da CoronaVac. O CPMV será uma das únicas plantas dedicadas à fabricação de vacinas humanas com essa certificação.
O CPMV foi construído por uma equipe de 400 funcionários, em um prédio de três andares dentro do complexo do Instituto Butantan. No mais alto andar, ficarão soluções necessárias à produção da matéria-prima, que serão tratadas e enviadas, por gravidade, ao andar térreo, onde ficará a produção. O subsolo será destinado a área de inativação viral.
Com a instalação de equipamentos e maquinários que são, em sua maioria, importados, o projeto ainda passará por novas inspeções de técnicos da Anvisa e por uma bateria de testes para certificação. A previsão é que a fábrica comece a produzir vacinas para serem aplicadas apenas no primeiro semestre de 2023.
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