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Políticas de energia renovável e investimento sustentável são temas centrais no quarto dia da formação internacional em economia verde

A agenda do dia contou com as temáticas de energia renovável, políticas de subsídios e desafios para a democracia, além de visita ao Bay Area Council

Visita ao Bay Area Council. Crédito da Imagem: Bira Cosme

Hoje (13), aconteceu o penúltimo dia da formação internacional em economia verde, uma ação que visa a capacitação de lideranças públicas e privadas com vistas à promoção do avanço sustentável do país. A iniciativa é realizada a partir de uma parceria entre a Comunitas e a Leadership Academy for Development (LAD), na Universidade de Stanford. 

A agenda do dia promoveu debates em temas atuais, tanto com relação à democracia quanto sobre perspectivas dos avanços tecnológicos, energéticos e de infraestrutura que precisam ser feitos globalmente para a introdução de modais de mobilidade mais sustentáveis no mundo. Além disso, também foram abordados assuntos inovadores no campo de investimento sustentável.

A primeira aula do dia foi “Infraestrutura de Carregamento para Veículos Elétricos (VE) – Políticas recentes dos EUA para VE e a política mais ampla de transição para energia renovável nos EUA”, realizada pelo Líder de V2X (Vehicle-to-Everything) da GM, Ty Jagerson. Em seguida, os líderes públicos e privados tiveram um encontro com o professor e pesquisador, especialista em democracia comparada, Larry Diamond, em “Desafios Globais para a Democracia”. A última aula do dia foi com o professor e pesquisador sênior, Ashby Monk, “Construindo Novas Instituições de Sustentabilidade”.

A programação foi encerrada com uma visita ao Conselho da Área da Baía de São Francisco, uma organização empresarial que promove o crescimento econômico e fortalece a comunidade empresarial local. A comitiva foi recebida pela liderança e membros do Conselho.

Infraestrutura de Carregamento para Veículos Elétricos (VE) – Políticas recentes dos EUA para VE e a política mais ampla de transição para energia renovável nos EUA

A aula, ministrada pelo executivo da General Motor, Ty Jagerson, abordou a importância da transição para a energia renovável, a necessidade de políticas e infraestrutura adequadas, bem como a utilização de tecnologias para maximizar a eficiência e a sustentabilidade energética. 

O debate abordou a transição para energia renovável e sua conexão com veículos elétricos, bem como o impacto das políticas de subsídios nos EUA na adoção da energia renovável. Essa transição é, atualmente, uma prioridade global. “A energia renovável é considerada uma mudança permanente e é necessário compreender as diferentes fontes de energia disponíveis no mercado”, explicou Jagerson.

Alguns dos participantes da formação abordaram a preocupação com a hiperinflação no Brasil e seu impacto na transição para veículos elétricos, considerando a volatilidade dos preços da energia e dos combustíveis. Apesar dos desafios, o Brasil possui oportunidades únicas nesse novo mercado global. “O Brasil já possui infraestrutura e experiência em biocombustíveis e energias renováveis, o que o coloca em uma posição favorável para essa transição”.

A discussão também abordou o papel do hidrogênio como alternativa energética para veículos elétricos, enfatizando a necessidade de subsídios para sua implementação. Além disso, foi destacado o uso da tecnologia, como software de gerenciamento e algoritmos de previsão, na gestão eficiente da energia renovável. Outros tópicos incluíram a vida útil das baterias de veículos elétricos, bem como possibilidades de reutilização e reciclagem das mesmas, e a importância de políticas de reciclagem para lidar com os resíduos gerados.

Desafios Globais para a Democracia

O encontro com o professor Larry Diamond abordou os desafios enfrentados pela democracia globalmente, como a recessão democrática, a deterioração do estado de direito, o surgimento de regimes autoritários e a necessidade de promover a sustentabilidade. Foi enfatizada a importância da mobilização das instituições civis, da transparência, da pluralidade de ideias e da proteção de direitos e liberdades para enfrentar os desafios ambientais e garantir a democracia.

A aula também destacou diversos pontos relevantes relacionados ao estado da democracia em todo o mundo, com ênfase na recessão democrática global, que teve início em 2006. “Por que 2006? O mundo estava mudando em alguns aspectos importantes e houve a invasão do Iraque, que mudou a percepção de democracia no mundo – o que foi bem negativo. Ano marcado, também, pela crise financeira em 2008, que enfraqueceu a maior democracia do planeta, os EUA. Nesse período, também houve a disseminação das redes sociais e tecnologia, que relacionam-se diretamente com a globalização. A desigualdade de renda nos países foi ainda mais ampliada”, contou ele.

Um dos principais aspectos discutidos foi a deterioração do estado de direito, que tem minado as instituições democráticas e a liberdade civil em vários países. Diamond explicou como regimes autoritários, como a China e a Rússia, que têm influenciado cada vez mais países ao redor do mundo, impactam a democracia negativamente. Entretanto, também salientou-se que a democracia desempenha um papel fundamental na defesa do clima e da sustentabilidade

Ao abordar a relação entre democracia e sustentabilidade, foi ressaltado que a democracia liberal, com sua base constitucional forte e proteção de direitos civis e liberdades, é mais capaz de promover a defesa do clima. Por outro lado, regimes autoritários tendem a cometer transgressões ambientais devido à falta de transparência e pluralidade do debate.

Para garantir a democracia, é fundamental que a polarização seja evitada, assim como a demonização da oposição. Também é importante promover um capitalismo mais responsável e transparente. Diamond salientou que a busca pela liberdade, uma vida melhor, com acesso a rendas maiores, foi destacada como atraente para as pessoas, em contraste com o controle neo-totalitário.

Construindo Novas Instituições de Sustentabilidade

Na aula, o professor Ashby Monk abordou a importância de direcionar os fundos de investimento para questões climáticas, enfatizando a necessidade de governança, cultura e tecnologia para promover as mudanças necessárias para o enfrentamento dos desafios ambientais. Ele também destacou o papel dos investidores institucionais, por meio de fundos de pensão e de fundos soberanos, para a promoção de investimentos sustentáveis. 

Atualmente, existem diferentes soluções climáticas e é importante levantar recursos para financiar essas iniciativas. Os investidores institucionais, que são organizações da sociedade civil e não governamentais, desempenham um papel fundamental nesse processo. “Porém, diferentemente dos negócios tradicionais, os fundos soberanos e os fundos de pensão não são voltados para a acumulação de riquezas, mas sim para investimentos de longo prazo visando um retorno futuro”, explicou Monk.

Foram apresentados diversos tipos de fundos, como os permanentes, privados, familiares e de seguridade social, que possuem uma quantidade significativa de recursos. A ideia central é redirecionar esses fundos para questões climáticas, pois isso poderia resolver grandes problemas globais e ainda ser lucrativo.

Monk defende a necessidade de se repensar a utilização de ativos em fundos de investimento, com o objetivo de evitar o desperdício de recursos em fundos que não são eficientes ou não têm um propósito claro. “Uma parte significativa desses ativos é direcionada para o mercado financeiro sem uma lógica clara. Os head funds, por exemplo, estão gerenciando essa riqueza de forma que não é nem eficiente e nem benéfica para a sociedade em geral”, explicou ele.

Visita de Campo: Conselho da Área da Baía de São Francisco

Durante a visita ao Bay Area Council, foram destacados tanto o ambiente inovador quanto as iniciativas de sustentabilidade e a busca por soluções tecnológicas e sustentáveis na região da Baía de São Francisco. 

Além disso, também foram mencionadas as atividades de pesquisa e desenvolvimento realizadas em parceria com universidades, a exemplo da Universidade da Califórnia, tanto em San Francisco quanto em Santa Cruz, com foco em tecnologia social e patentes. Outro ponto destacado foi o trabalho conjunto entre laboratórios nacionais, empresas e instituições acadêmicas para impulsionar a pesquisa e o desenvolvimento de soluções de energia limpa.

A visita também abordou o ambiente empreendedor da região, com destaque para o grande número de startups e o papel dos investidores de capital de risco na área da Baía. Foi mencionado o processo de troca de tecnologia e conhecimento entre empresas e o desenvolvimento de inovações em diferentes setores, como tecnologia, biotecnologia e indústrias diversas.

Um dos pontos destacados foi o projeto do edifício 181 Fremont, que utiliza design inovador e sustentável para lidar com problemas de trânsito e densidade populacional. O prédio foi construído visando a eficiência energética, resistência a abalos sísmicos e a criação de um ambiente seguro e sustentável.

Outra iniciativa mencionada foi a busca por soluções de combustíveis renováveis e descarbonização do setor de transporte, com destaque para o uso de biocombustíveis derivados da cana de açúcar e de outros produtos biológicos. Foram apresentados esforços para implementar o uso de biocombustíveis na aviação, bem como a importância da escalabilidade dessas soluções.

Por fim, a visita abordou o Porto de Oakland e suas ações para promover a sustentabilidade e redução de emissões, incluindo a adoção de veículos elétricos e o uso de energia solar. Foi mencionado o desafio de alcançar uma frota de caminhões com zero emissão e a importância da tecnologia para o cumprimento dessas metas.

Quem participa da formação?

Ao todo, 24 gestores dos setores público e privado participam da 3ª edição do programa de fortalecimento de lideranças da Comunitas. Dentre os líderes públicos, podem-se citar: os governadores Eduardo Leite (RS), Eduardo Riedel (MS) e Helder Barbalho (PA). Também fazem parte da comitiva a Conselheira do Tribunal de Contas do PA, Daniela Barbalho; o Secretário de Planejamento do PR, Luiz Augusto Silva; a Secretária de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de MG, Marília Melo; a Secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de SP, Natália Resende; o Secretário de Planejamento e Entregas Prioritárias da Cidade de SP, Fernando Chucre; a Secretária Nacional de Planejamento e Orçamento, Leany Lemos; o Secretário Nacional de Geologia, Mineração e Transformação Mineral, Vitor Saback; e os deputados federais por SP, Paulo Alexandre Barbosa e Pedro Paulo Teixeira de Carvalho.

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