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Brasil lidera ranking entre países da América Latina para realização de Parcerias Público-Privadas

O estudo, que foi realizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, analisou o cenário das Parcerias Público-Privadas em 26 países

A foto mostra apenas dois homens apertando as mãos, como que fechando um acordo

Crédito da imagem: banco de imagens

Um estudo, divulgado recentemente pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em conjunto com a Economist Impact, apontou o Brasil como o melhor país da América Latina para a realização de Parcerias Público-Privadas (PPPs). A pesquisa leva em consideração indicadores que medem a qualidade da regulação e das instituições do país, condições de financiamento, sustentabilidade, gerenciamento de risco e medição de performance.  

As PPPs estão entre os principais instrumentos do governo para estimular investimentos privados em diversas áreas da administração pública, como saúde, educação e infraestrutura. Com isso, é criado um ambiente favorável para a existência de uma relação contratual entre governos e entes não-estatais, a exemplo de empresas e organizações da sociedade civil (OSCs), na prestação de serviços para a população. 

A pesquisa, que é realizada a cada dois anos, identificou que nenhum dos 26 países analisados têm um ambiente de negócios para PPPs que pode ser considerado “maduro”. Entretanto, Brasil e Chile foram classificados na categoria de “desenvolvidos líderes”, com as maiores pontuações, enquanto que países como Uruguai, Colômbia e Peru foram classificados como “desenvolvidos com alta performance”. Fechando a lista, figuram países enquadrados como mercados “nascentes” para PPPs, a exemplo de Haiti e Bolívia. 

A importância das contratualizações

De acordo com o livro o Mapa da Contratualização de Serviços Públicos no Brasil, que foi publicado no último ano a partir de uma parceria entre a Comunitas, o Instituto Votorantim e a Escola Nacional de Administração Pública (Enap), existem mais de cinco mil contratos de serviços estatais geridos por atores não-estatais (empresas e organizações sem fins lucrativos) em todo país. 

Um preceito fundamental é que, na gestão por contratos, o que é público não necessita, obrigatoriamente, ser estatal. O Estado tende a um processo de especialização – regulação, fixação de metas de longo prazo, elaboração e supervisão de contratos. Ao mercado e às organizações da sociedade civil, cabe a gestão, adequadamente regida por boa regulação e critérios de transparência.

A arte mostra um livro, de capa azul com branco, com o mapa do Brasil na capa. A arte tem fundo em dois tons de azul, um mais claro, e outro mais escuro, com letras brancas. No texto, se lê "guia completo da contratualização de serviços públicos no Brasil". Abaixo, tem um botão amarelo com letras em azul em que se lê "acesse gratuitamente". Abaixo, aparecem três logos: o da Comunitas, o da Enap, e o da PNUD

Na gestão por contratos, a organização prestadora dos serviços sabe com clareza quais são as metas que deve buscar, e pelas quais será avaliada. E sabe que, caso não apresente o resultado esperado, será descontratada, seguindo as regras previamente estabelecidas. O foco, portanto, é a prevalência do interesse público.

O que já foi feito por meio da contratualização?

O caso de reforma e gestão do Museu do Ipiranga, em São Paulo, é um dos casos mais recentes de nova forma de governança e que pode representar a importância das contratualizações para a gestão pública. Desde os primeiros passos, o Projeto Museu do Ipiranga 2022 firmou múltiplas parcerias, intra e intergovernamentais e principalmente com a sociedade civil.

Com custos de mais de R$ 200 milhões, foi necessário alavancar recursos tanto com os governos Federal e Estadual, assim como com a iniciativa privada. Ao todo, 27 colaboradores apoiaram o Projeto. E agora, com a entrega da obra prevista para o Dia da Independência, uma nova Fundação, de direito privado, está em criação para gerir esse importante equipamento público. 

Esta fundação será responsável pelo processo de captação de recursos e terá ainda a devida autonomia para poder fazer concessões privadas de espaços, como lojas, cafés e outros serviços que possam se constituir como fonte de recursos para manutenção, desonerando, assim, os cofres públicos. 

Também pode-se citar o exemplo do Projeto Somar, em Minas Gerais,  programa de gestão compartilhada na educação, que está sendo implementado em três escolas, em caráter experimental, para a rede de ensino pública no estado. A ação, que conta com o apoio da Comunitas, visa reduzir a evasão escolar, melhorar os índices de aprovação, avançar nas avaliações externas de desempenho dos estudantes e na qualidade de ensino nas escolas participantes. 

No modelo, o poder público cede lugar da gestão administrativa e pedagógica ao parceiro encarregado de “oxigenar” metodologias e abrir portas a experiências criativas e inovadoras. O Projeto Somar MG, inicialmente, irá atender aproximadamente 2,2 mil alunos. Os parceiros terão autonomia na condução das instituições, que atendem exclusivamente ao ensino médio, e continuarão sob o guarda-chuva institucional do Estado.

“Contratualizar é diferente de privatizar”

De acordo com o especialista em contratualização e membro da Rede Comunitas, Fernando Schuler, os diferentes formatos de contratualização se diferem, em muito, de privatização. “Em geral, o conceito de privatização remete a processos de venda do controle patrimonial. Quando uma empresa estatal, por exemplo, passa ao controle completo do setor privado. Obviamente, este não é o caso da prestação de serviços públicos. Não haveria sentido em passar o controle ou a propriedade de escolas públicas, ou postos de saúde, para o setor privado. É aí que entra a contratualização. Neste caso, o que se passa no setor privado é a gestão do respectivo serviço. O foco é reduzir a burocracia, aumentar a accountability (responsabilização pelos atos) e melhorar os resultados na ponta. O que nós costumamos chamar de impacto social”. 

Para Schuler, há diversos motivos para existirem os mais variados mecanismos de contratualização entre os setores público e privado, sendo os principais o incremento da competição global; a rápida mutação tecnológica e seus impactos no setor público; o aumento do escopo de bens e serviços oferecidos pelos governos e os limites da burocracia pública em sua execução; a crescente pressão fiscal e exigência de qualidade na oferta de infraestrutura e serviços.

“No Brasil, existem diversos mecanismos legais que estabelecem como se dará a relação entre os setores, sendo a Lei das PPPs, de 2004, apenas um deles. Além dela, também temos a Lei das Organizações Sociais, o marco regulatório da sociedade civil (lei 13.019/14) e ainda existe a possibilidade de parcerias com os Serviços Sociais Autônomos, o chamado sistema “S”, o Senai, Senac, Sebrae, que são organizações altamente especializadas em suas respectivas áreas. Para identificar qual a melhor legislação a ser utilizada, é preciso avaliar caso a caso. É preciso conhecer as legislações em profundidade e usar critérios técnicos para decidir”, explicou ele.

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