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Comunitas participa de evento da Fiocruz para debater investimento social corporativo na saúde

No evento, foram debatidos o fortalecimento da saúde e da ciência no Brasil por meio de parcerias público-privadas e blended finance

Patricia Loyola (esq), Luis Fernando Donadio (centro) e Maria Netto Schneider (dir). Crédito da Imagem: Fiocruz

Na tarde de ontem (25), a Comunitas, representada pela sua diretora de Gestão e Investimento Social da Comunitas, Patricia Loyola, participou de um seminário promovido pelo Escritório de Captação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Com o tema de “Parceria que dá certo. Público e privado no fortalecimento da saúde, ciência e cultura”, o objetivo foi debater o fortalecimento da agenda de filantropia no Brasil

No painel “O ESG no Fortalecimento da Saúde e da Pesquisa no País”, Loyola abordou os últimos dados do BISC com relação à saúde, bem como projetos apoiados pela Comunitas na área. Além disso, também foi abordado o mecanismo de blended finance que, embora ainda seja pouco difundido no Brasil, tem se mostrado uma ferramenta importante no fomento do investimento social de impacto. 

Além de Patricia, também participaram do painel a especialista do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Maria Netto Schneider, e o coordenador do Escritório de Captação de Recursos da Fiocruz, Luis Fernando Donadio, que atuou como mediador.

O ESG no fortalecimento da saúde e da pesquisa no país

Crédito da Imagem: Fiocruz

Donadio fez uma reflexão de introdução ao tema, em que ele abordou a percepção enganosa de que o Brasil não costuma promover a cultura de filantropia. De acordo com ele, o país ocupa a 18ª colocação, em uma escala com 119 países, de engajamento nessa área, em que os investimentos sociais privados desempenham um papel considerável diante do fortalecimento da Agenda ESG.  

Nesse contexto, a pesquisa BISC, estudo liderado pela Comunitas sobre o perfil do investimento social corporativo no Brasil, traz análises detalhadas sobre como as empresas aportam recursos na saúde e na ciência, indicando um fortalecimento do engajamento em ações sociais e sustentáveis no país

Loyola explicou que o investimento social privado foi ampliado durante a pandemia, atingindo o maior patamar da série histórica, devido ao engajamento da iniciativa privada de apoiar o poder público no enfrentamento da crise. Apenas no campo da saúde,  a Rede BISC, composta por 180 empresas e 17 institutos e fundações, investiram aproximadamente R$ 2.380 milhões, o que representou um aumento de mais de 440% com relação aos anos pré-pandêmicos

Porém, o que se notou em 2021 foi uma tendência de resiliência do investimento social privado. “Mesmo com a retirada dos recursos extraordinários de enfrentamento da pandemia, em sua maioria direcionados à saúde, os investimentos sociais não retornaram aos níveis anteriores à crise. A gente consegue ver o quanto o investimento vem sendo ampliado. Não falo aqui de volume de recursos, mas do número de empresas que continuam fazendo investimento na saúde”, contou. 

De acordo com o BISC, o número de empresas da rede que se mantém investindo no setor foi ampliado de 50% (em 2019, pré-pandemia) para 100% (2020 – ano mais agudo da crise) e 80% (2021 – ano de arrefecimento da Covid).

Além disso, ela também apresentou iniciativas na área da saúde apoiadas pela Comunitas em diversos territórios, para exemplificar de que forma o investimento social privado pode desempenhar um papel crucial na melhoria e na criação de políticas públicas e projetos de impacto social. 

Dentre os projetos apresentados, ela citou a Rede Bem Cuidar, que foi cocriada em parceria com a população e servidores, aumentando em 50% os atendimentos médicos de atenção primária; o projeto Mãe Santista, que reduziu a mortalidade infantil para 7.8%,  a construção da Nova Fábrica de Vacinas do Instituto Butantan, que contou com a captação de recursos de quase R$ 190 milhões junto à iniciativa privada; e a modernização do regime jurídico de Organizações Sociais (OS) que realizam a gestão de unidades de saúde em Goiás

Blended Finance

A especialista do BID, Maria Netto Schneider, apontou que a sustentabilidade é uma pauta importante, e que o setor público precisa atuar como catalisador de investimentos privados. Nesse sentido, o blended finance, que combina recursos públicos e privados, é uma abordagem eficiente para apoiar projetos complexos, com diversas oportunidades no Brasil. “Cada vez mais, o que a gente tem visto é que não tem como dar certas respostas de forma isolada. Diversos projetos têm custo muito elevado, que não tem como o setor público financiar sozinho”, explicou ela.  

O blended finance é um mecanismo de financiamento que combina recursos públicos e privados para apoiar projetos e iniciativas de desenvolvimento sustentável. Nessa modalidade, os recursos públicos, como investimentos de governos ou organizações internacionais, são somados aos investimentos privados de empresas, fundos de investimento e outras entidades do setor privado. 

Essa combinação visa aumentar o impacto social e ambiental das iniciativas, fornecendo incentivos para que o setor privado participe de projetos que, de outra forma, não seriam viáveis financeiramente. O blended finance é uma forma de impulsionar a implementação de projetos de desenvolvimento sustentável em áreas como infraestrutura, educação, saúde, energia renovável e agricultura, contribuindo para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Sobre o seminário

O Brasil tem testemunhado um crescimento na cultura de doação, em que temas como ESG, investimentos internacionais ao Fundo Amazônia, fundos patrimoniais, lei Rouanet e blended finance têm impulsionado a discussão sobre filantropia no país. 

Durante o evento, que durou o dia todo, foram analisados os desafios e oportunidades na construção de parcerias entre os setores público e privado, assim como com organizações da sociedade civil. Além disso, também foram abordados o potencial de crescimento do cenário das doações, bem como os problemas e soluções que o cercam.

 

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