Mapeamento qualitativo, realizado em parceria com a Comunitas e o Data Favela, buscou compreender as dimensões da vulnerabilidade social em 7 cidades mineiras com o objetivo de aprimorar as políticas públicas para romper o ciclo da pobreza no Estado
Na tarde de ontem (27), a Secretaria de Desenvolvimento Social de Minas Gerais (SEDESE) e a Comunitas se reuniram para apresentar os achados da pesquisa de mapeamento qualitativo das necessidades das pessoas em situação de vulnerabilidade social no Estado para o governador, Romeu Zema e para secretários de diversas pastas de Minas Gerais.
O mapeamento, realizado em parceria com o Data Favela, instituto de pesquisa focado em dar visibilidade às atividades econômicas das comunidades de baixa renda, oferece uma visão abrangente das complexas questões enfrentadas por essa parte da população. A análise foi baseada em dados e insights obtidos por meio de uma pesquisa qualitativa que contou com entrevistas e pesquisas de campo com cidadãos e servidores de equipamentos públicos entre 26 e 60 anos.
A ideia é entender as percepções de longo prazo das pessoas em situação de vulnerabilidade em sete regiões selecionadas de Minas Gerais (as cidades de Belo Horizonte, Santa Luzia, Montes Claros, Januária, Uberlândia, Juiz de Fora e São Francisco) e como os servidores veem essa percepção, a fim de aprimorar as políticas públicas direcionadas a esse grupo e romper o ciclo de pobreza no Estado.
Participaram do encontro o governador, Romeu Zema, a secretária de Desenvolvimento Social, Elisabeth Jucá, a secretária de Estado adjunta, Mariana Pimentel, o secretário de Educação, Igor de Alvarenga, o secretário de Comunicação, Bernardo Santos, o secretário de Justiça e Segurança Pública, Rogério Greco, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Miguel Corrêa, e o presidente do InvestMG, João Paulo Braga. Além disso, estiveram presentes membros da Locomotiva e a Diretora de Comunicação, Conhecimento e Inovação da Comunitas, Dayane Reis.
“Com esses indicadores, acreditamos que teremos como avaliar de forma muito mais eficaz o impacto da aplicação de políticas públicas e orientar assim nossos planos de ação”, contou a secretária.
Importância da pesquisa e desafios identificados
A pesquisa surgiu da identificação de uma necessidade do preenchimento de vagas de trabalho para o estado que não estavam sendo preenchidas e o mapeamento revelou aspectos a serem alavancados para a diminuição das desigualdades e para o desenvolvimento socioeconômico de Minas Gerais.
No mapeamento, foram identificados vários desafios que dificultam a criação de estratégias eficientes para romper o ciclo da pobreza no estado. Primeiramente, a falta de formação profissional surge como uma barreira importante para a inclusão produtiva, uma vez que falta à muitas pessoas habilidades necessárias para o mercado de trabalho.
Além disso, destacam-se como os grupos mais vulneráveis: mães solo; mulheres responsáveis pela manutenção da casa; mulheres que cuidam de outros familiares; jovens em busca de trabalho e qualificação; mulheres acima de 40 anos sem experiência ou qualificação; jovens e homens que não enxergam a possibilidade de um emprego CLT.
Dentre os desafios que impedem a inclusão no mercado de trabalho, pode-se citar: o tráfico; a violência; demandas de saúde; e falta de transporte ou de infraestrutura, como a falta de asfalto. Outros aspectos também foram levantados como elementos que dificultam o trabalho formal, como a falta de entendimento por parte de jovens sobre carteira de trabalho, trajetos complexos que impedem a conciliação das rotinas dos pais e responsáveis com às dos filhos; gastos com cuidadores dos filhos, alimentação e transporte; percepção por parte dos entrevistados de que o trabalho informal é mais acessível; e rotinas desgastantes que sobrecarregam, sobretudo, as mulheres.
Estereótipos e discriminação também emergem como obstáculos, pois perpetuam a exclusão social ao dificultar a inclusão produtiva. Em algumas áreas urbanas, a escassez de vagas de emprego e oportunidades de empreendedorismo é um problema significativo, limitando as perspectivas de emprego e desenvolvimento econômico dessas comunidades.
Dimensões da vulnerabilidade social
A vulnerabilidade social nas áreas urbanas abrange diversas dimensões que impactam significativamente a vida das pessoas. Em primeiro lugar, a dimensão econômica se traduz na falta de qualificação profissional, desemprego, renda insuficiente, inadimplência e na limitação do acesso a serviços financeiros, desafios que são frequentemente enfrentados por indivíduos em situação de vulnerabilidade.
Além disso, a dimensão educacional é uma barreira relevante, uma vez que a falta de acesso à educação de qualidade restringe as perspectivas de emprego e crescimento pessoal, especialmente entre os jovens. No que diz respeito à habitação, a precariedade das condições de moradia, a superpopulação e a falta de infraestrutura básica surgem como preocupações, principalmente em ambientes urbanos.
A saúde também está intrinsecamente ligada à vulnerabilidade social, devido à dificuldade de acesso a serviços de saúde, à higiene inadequada e à exposição a doenças. Adicionalmente, as dimensões social e cultural refletem a exclusão social, a violação de direitos e a carência de oportunidades de lazer e cultura, impactando negativamente a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas em situação de vulnerabilidade.
Por fim, a exclusão digital se apresenta como uma barreira crescente, resultando em acesso limitado à tecnologia e à internet, o que dificulta a obtenção de informações e oportunidades online.
Aprendizados
A promoção da inclusão produtiva exige uma abordagem abrangente e multidimensional, na qual todas as dimensões da vulnerabilidade social sejam levadas em consideração. As políticas públicas eficazes devem ser adaptadas às realidades locais, levando em conta os desafios específicos enfrentados por cada município e grupo demográfico.
Além disso, é crucial reconhecer que fatores como confiança, cultura e redes sociais desempenham um papel fundamental no acesso ao emprego, e, portanto, devem ser cuidadosamente considerados na elaboração das políticas públicas. A pesquisa também ressalta que a inclusão produtiva não pode ser alcançada de forma isolada. É necessário fomentar a colaboração entre instituições e disciplinas, promovendo uma abordagem interinstitucional e interdisciplinar para atender de maneira eficaz às necessidades das pessoas em situação de vulnerabilidade.
A expectativa da pasta de Desenvolvimento Social é que, a partir da apresentação dos dados da pesquisa, sejam criados grupos de trabalho para a construção de políticas transversais contra a pobreza em Minas Gerais.
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